PolĂ­tica CPI da Pandemia

Pazuello foi avisado antecipadamente sobre falta de oxigênio, afirma ex-secretário de Saúde do AM

Por Revista Cenarium

15/06/2021 às 14:44:41 - Atualizado hĂĄ
Revista Cenarium
MANAUS – No depoimento prestado nesta terça-feira, 15, na CPI da Pandemia, o ex-secretĂĄrio de SaĂșde do Amazonas, Marcellus CampĂȘlo, esclareceu algumas datas em que o governo estadual solicitou apoio logĂ­stico do Ministério da SaĂșde (MS) para abastecer o Estado com oxigĂȘnio. De acordo com CampĂȘlo, o apoio foi solicitado ainda no dia 7 de janeiro deste ano.

"No dia 7 [de janeiro] tratamos com o ministro Pazuello e com o Comando Militar da Amazônia. Enviamos ofĂ­cio ao Ministério da SaĂșde no dia 9, dia 10, 11, 12 e 13. Falei ao telefone, pediu [o Pazuello] pra entrar em contato com o CMA [Comando Militar da Amazônia] para prestar apoio logĂ­stico. Nesse contato do dia 10, pessoalmente, em que ele estava em Manaus, marcou uma reunião no dia 11 para tratar com a White Martins [a empresa fornecedora do insumo no Amazonas] sobre esse assunto. A White Martins solicitou apoio logĂ­stico e Pazuello determinou ao coronel Moura para tratar sobre isso", lembrou.

O detalhamento do ex-secretĂĄrio é reforçado por investigação da PolĂ­cia Federal na qual inquéritos confidenciais, voltados a investigações de crimes possivelmente cometidos pelo ex-ministro da SaĂșde Eduardo Pazuello, revelaram que tanto ele quanto o comando do Exército, na Amazônia, foram avisados formalmente sobre a "ameaça de esgotamento" de oxigĂȘnio em Manaus.

A descoberta se deu em investigação determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nos documentos, inclusive, consta o pedido de socorro realizado cinco dias antes da crise vivida pelos amazonenses em janeiro deste ano, porém sem resposta aos apelos de socorro. Em matéria publicada pela Folha de São Paulo consta que os ofĂ­cios foram enviados e assinados pelo governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).

Itamaraty

Quanto à atuação do Itamaraty no apoio ao governo estadual, Marcellus CampĂȘlo pontuou que a problemĂĄtica no Estado não foi sobre produção de oxigĂȘnio mas sim de logĂ­stica, jĂĄ que era necessĂĄrio ter ajuda para transportar o insumo ao Amazonas. CampĂȘlo ressaltou ainda que solicitou que o Ministério das Relações Exteriores intermediasse as tratativas para compra de oxigĂȘnio com outros paĂ­ses.

"O problema, segundo a White Martins, não era de produção, mas de logĂ­stica para trazer. HĂĄ documentos para o Ministério de Relações Exteriores pedindo essa intermediação com o governo americano. Enfim, as tratativas com os governos de outros paĂ­ses tinha que ser através do governo federal. O governo do Amazonas tentou diversos contatos para melhorar a logĂ­stica de trazer oxigĂȘnio", disse.

A indicação da omissão do Governo Bolsonaro com o Amazonas foi pontuada ainda no depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto AraĂșjo na CPI da Pandemia, no dia 18 de maio. Na sessão, o principal assunto foi em relação à doação de 107 mil metros cĂșbicos do insumo feita pelo governo venezuelano ao Estado amazonense.

Questionado pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), se houve contato com a Venezuela para viabilizar a doação de oxigĂȘnio para o Estado, Ernesto afirmou que não houve e que "a doação foi oferecida pelo governo venezuelano".

OfĂ­cios

Os ofĂ­cios obtidos pela PolĂ­cia Federal mostram que nos dias 7 e 8 de janeiro, a empresa White Martins comunicou a Secretaria de SaĂșde do Amazonas sobre a proximidade de escassez do insumo que, por sua vez, enviou um e-mail ao então ministro da SaĂșde Eduardo Pazuello, assinado pelo então secretĂĄrio de SaĂșde do Amazonas, Marcellus CampĂȘlo.

No dia 9, o governador Wilson Lima mandou um ofĂ­cio ao comandante militar da Amazônia, solicitando auxĂ­lio para o transporte de 36 tanques de oxigĂȘnio, em "carĂĄter de urgĂȘncia", que também estariam disponĂ­veis em Guarulhos, às 16h, de 10 de janeiro. Dois dias depois, o governo do Estado também solicitou auxĂ­lio para transporte de microusinas e geradores. Todo o transporte dos insumos foi feito de forma escalonada.

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Jornalista Luciana Pombo

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