O que determina o sucesso de um negócio? As respostas são muitas, mas para a empresária Elaine Spina, 37 anos, foi, inicialmente, apostar no público-alvo: jovens universitários que amam tereré.
O que determina o sucesso de um negócio? As respostas são muitas, mas para a empresária Elaine Spina, 37 anos, foi, inicialmente, apostar no público-alvo: jovens universitários que amam tereré. Umuarama tem muitos! Depois, veio a certeza de que a qualidade do produto que tinha para oferecer era “muito boa”. Deu match! Ou melhor, mate⦠erva-mate!
Assim, em 2016 ela inicia seu próprio negócio. “Comecei em casa; tinha um espaço lá que a gente quase não usava, fiz umas prateleiras⦔, diz, reticente. Depois, esclarece: o espaço era a sala de visitas da casa dela, cenário no qual nasceu o ‘Rancho do Tereré’. “Eu vendia pelas redes sociais, principalmente pelo Facebook, que, à época, estava bombando”, lembra a proprietária, que é técnica em farmácia.
“Tinha um emprego, mas me licenciei para cuidar do meu marido que sofreu um acidente; ficava em casa e, no tempo livre, comecei a vender; antes disso, conheci uma erva-mate excelente em Campo Grande! Muito gostosa! Ia com frequência pra lá pra visitar parente⦠Trazia para o meu consumo e para os amigos, que encomendavam; as encomendas começaram a aumentar e pensei: por que não trazer para vender?”.
Foi o que fez e a lista de clientes foi crescendo, crescendo⦠“Daí pedi demissão do emprego e passei a me dedicar exclusivamente ao negócio⦠O que me motivou? Digo sempre que foi minha paixão por tereré!”, revela, sorrindo. Foi um ano nesse ritmo, quando decidiu procurar um ponto comercial: optou por instalar a loja perto do câmpus-sede da Unipar, na Avenida Maringá.
“A maioria dos meus clientes é jovem universitário⦠O vaivém nessa região é grande! Eles tanto passam por aqui como ‘festam’ nesses bares da redondeza⦠Tive sorte de conseguir um ponto com boa visibilidade!”, justifica, destacando o diferencial do seu negócio: venda de erva-mate a granel. “Aqui o cliente encontra o mate sempre fresco, que vem direto da fábrica; toda semana é reposto”, avisa.
Além da erva-mate pura, ela vende as com sabores. Entre as mais requisitadas estão menta, hortelã, abacaxi com limão, cereja com menta americana, ice menta e burrito [menta paraguaia]. “Todo segmento de mercado tem suas tendências e eu procuro acompanhar, para prestar um bom atendimento; quem vem à minha loja sabe que vai encontrar itens que são vendidos nos grandes centros: trago sempre novidades”.
As novidades a que a empresária se refere vão além dos sabores de erva-mate. Para degustar numa boa a tal bebida ancestral tem gente que faz questão de sofisticar os meios. Diante disso, ela revende cuias, copos, bombas de metal [de sucção], porta-ervas, garrafas térmicas e outros recipientes elaborados [uns, diria, cheios de fru-fru] e assim agrega valor ao negócio.
A decoração vai do couro, que dá complemento às peças deixando-as com ar mais tradicional, às pedras brilhantes e strass, que, coladas nas peças [como se fossem bordadas] dão um requinte mais moderninho. As cores, idem: vão das sóbrias, às ‘neon’ [rosa, amarela, verde e azul]. E tem cuia de chifre [ou guampa] de boi e da Stanley [a marca top mundial em copos térmicos].
E o Rancho do Tereré conta ainda com a seção de peças para presentes, com opções que combinam com churrasco [só podia, afinal, amante de tereré é também um bom apreciador da carne assada!]. Na lista estão tábuas de carne, facas, canivetes, porta-garrafas de tereré que faz conjunto com tábua de carne e tantas outras. Copos personalizados é outra opção que tem tido boa saída: a gravação a laser de nome, marca ou outra mensagem é possível no Rancho do Tereré de Umuarama.
Considerando que a criatividade do empreendedor não tem limites, inventaram também as pulseiras para cuia, feitas com enfeitinhos dourados e prateados, pedrinhas coloridas, pingentes, enfim, uma infinidade de combinação que leva a um resultado charmoso, igual as que usamos no pulso. No Rancho do Tereré tem vários modelos.
A diferença, todo mundo sabe: chimarrão no frio, tereré no calor; o primeiro, embora associado aos gaúchos, tem o povo do Paraná como grande fã, também: no nosso Estado a cultura é muito forte, principalmente no sul e sudoeste.
Por aqui, no calorão do noroeste, o tereré movimenta rodas e rodas de conversa, todo dia. Tem uma legião de fãs enorme! No Brasil, o Mato Grosso do Sul é o que mais consome a bebida; nós, paranaenses, como bons vizinhos, acompanhamos quase que no mesmo ritmo.
Segundo pesquisas, o tereré, reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco e, no Paraguai, como símbolo da amizade, teria sido inventado pelos povos Guarani. E a erva-mate, planta natural da América do Sul, é medicinal e também tem valor socioeconômico importante.
O Brasil é líder na produção erva-mate: em áreas nativas e plantadas, colhe mais de 900 mil toneladas [dados do Deral], contra 812 mil toneladas da Argentina e 150 mil toneladas do Paraguai. Em relação aos estados brasileiros, o Paraná está no topo: é responsável por 87% da produção nacional.