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Homens encapuzados invadem acampamento do MST na Paraíba e incendeiam barracos

No último sábado (8), por volta das 20h30, quatro homens armados e encapuzados invadiram o Acampamento Canudos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da Paraíba (MST-PB), localizado no município Riacho de Santo Antônio (PB).

Por Da Redação

10/06/2024 às 17:38:04 - Atualizado há

No último sábado (8), por volta das 20h30, quatro homens armados e encapuzados invadiram o Acampamento Canudos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da Paraíba (MST-PB), localizado no município Riacho de Santo Antônio (PB). Na ação truculenta, que durou cerca de uma hora, os homens atearam fogo em barracos, causando destruição. O caso está sendo acompanhado pela Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo, Defensoria Pública e pela delegacia de Polícia Civil da cidade de Queimadas.


Polícia Civil foi ao Acampamento no domingo (9) para realizar a perícia. / Foto: Carla Batista/Ascom MST-PB.

Segundo a nota do MST-PB, o primeiro barraco abordado foi o de Gerlane Alves (24), que estava com seus dois filhos, de 5 e 2 anos, e seu companheiro, Willian Alexandre (26). No momento da ação, Gerlane assava peixe e seus filhos viam TV com o pai. De acordo com a vítima, os homens gritavam alto, diziam que eram policiais e que estavam ali para fazer o bem. O marido de Gerlane teve suas mãos amarradas com abraçadeiras de plástico. Na sequência foram empurrados para fora do barraco com as crianças e viram os homens derramando um produto inflamável e queimarem tudo que estava no barraco. Sequer permitiram que os pais tirassem as roupas e pertences das crianças", informa o movimento na nota.


Gerlane Alves e Willian Alexandre tiveram seu barraco destruído na ação. / Foto: Carla Batista/Ascom MST-PB.

Gerlane relata que os homens 'não tinham nada de policial'. "[Eles] queimaram tudo. Cama, berço, geladeira, roupas, celular. Tudo que a gente tinha. Deixaram a gente assistir tudo nosso pegar fogo. Sensação horrível. Perdi tudo, né. E ainda ver minha filha desesperada chorando e eles dizendo que iam nos matar. Dá uma revolta muito grande. Minha força foi Deus. Mal eu tinha conseguido e eles destruíram tudo".

O segundo barraco atacado foi de Dona Ivoneide Ferreira da Silva (46), que no momento estava jantando e também teve tudo destruído pelos homens, conforme a nota do movimento. "Eles foram entrando e botando logo o revólver na cabeça do meu marido, dizendo que era da polícia e eu logo percebi que não era. A gente ficou sem nada. Pedi para pegar meus documentos e eles disseram que documentos a pessoa tira de novo. Perdi tudo, tudo. Fiquei só com a roupa do corpo. Estou destruída. Destruíram meu sonho", conta.


Dona Ivoneide. / Foto: Carla Batista/Ascom MST-PB.

Outro barraco destruído foi o de Dayane Vitória (15), que havia saído para pegar um pouco de óleo vegetal na casa da sua sogra, deixando sua bebê de três meses dormindo na cama, sob os cuidados do pai. "Gritaram pegando no meu braço e dizendo pra eu sair logo do barraco da minha sogra. Corri logo pro meu barraco pra pedir pra tirar minha filha. Tive muito medo de morrer. Fiquei toda me tremendo, passei mal na hora", conta Dayane.

"Após expulsarem as famílias, os criminosos queimaram os barracos, deixando as famílias assistindo as chamas tomarem conta de tudo que ali haviam construído. Ao saírem, gritaram para que eles fossem embora e nunca mais voltassem ali. As famílias acampadas viveram momentos de terror, mas conseguiram controlar o fogo", informa o MST. A Polícia Militar foi acionada e prestou assistência às famílias. A PM fez diligências, mas os homens responsáveis pela ação não foram encontrados.


Destroços de um barraco incendiado, no Acampamento Canudos. / Foto: Carla Batista/Ascom MST-PB.

No último dia 30 de maio, conforme algumas famílias, representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária da Paraíba (Incra-PB) e da coordenação estadual do MST realizaram no acampamento o cadastramento para identificação das famílias naquele território ocupado. Na mesma semana, o proprietário da fazenda esteve no local acompanhado de um possível comprador do imóvel.

"Há dois anos os moradores do acampamento vêm sofrendo duras ameaças de um funcionário da fazenda conhecido como Erivadro. Segundo relatos de algumas famílias, ele já havia dito que iria botar fogo no acampamento e expulsar todos", conta a nota.

O Acampamento Canudos é uma ocupação realizada pelo MST há 10 anos e abriga 56 famílias. Elas reivindicam a desapropriação da fazenda Canudos, que tem uma área de cerca de 3 mil hectares. De acordo com o MST-PB, a área se encontra abandonada, improdutiva e não cumpre sua função social. As famílias têm produzido palma, milho, feijão, jerimum, melancia, batata doce, além de criar gado, caprinos, porcos e galinhas.

O crime está sendo acompanhado pela Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo, pela Defensoria Pública e pela delegacia de Polícia Civil da cidade de Queimadas.

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