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Protesto mobiliza familiares e amigos de motociclistas que morreram no trânsito em Curitiba; 'Não é acidente, é assassinato'

Por Jornalista Luciana Pombo

23/05/2021 às 18:30:14 - Atualizado há
Em Curitiba, em 2020 foram 69 mortes de motociclistas. Número correspondente a 38,1%, segundo dados da prefeitura. Famílias pedem Justiça. Protesto mobiliza familiares e amigos de motociclistas que morreram em Curitiba

“Não é acidente, é assassinato”. Essa é uma das frases usadas por centenas de motociclistas e familiares que perderam motoboys no trânsito de Curitiba e região que se reuniram em protesto neste domingo (23) na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

A manifestação, pacífica, foi planejada para pedir Justiça pelas mortes. Em 2020, das 181 mortes no trânsito, 69 eram motociclistas, segundo relatório com a análise do Programa Vida no Trânsito (PVT), da Prefeitura de Curitiba.

Guilherme Gerchevsky da Silva, que perdeu o irmão, Matheus Gerchevsky, em um acidente em dezembro de 2020, na CIC, desabafou que até agora a família não tem a sensação de Justiça feita.

“Meu irmão foi morto por um motorista que estava a 118 km/h. O rapaz pagou fiança e saiu em dois dias. Cadê as leis?”.

O rapaz, que tinha 22 anos, foi arrastado por 150 metros e morreu na hora. O motorista do carro foi preso em flagrante após realizar o teste do bafômetro, que apontou resultado de 0,46 mg/L.

“Foi estipulado que o rapaz que atropelou pagasse pensão de R$ 790 por mês, mas ele recorreu. Nós ainda temos esperança de que uma hora a Justiça será feita”, disse Valdriana Ribeiro Kloster, sogra de Matheus.

Matheus morreu em acidente na CIC e deixou filho e esposa.

Arquivo Pessoal

Para o protesto, a família de Matheus se uniu aos familiares de outras vítimas, como a de Daniel Pereira, motociclista de 27 anos que estava trabalhando como entregador de pizza e morreu após ser atingido pelo carro de um policial militar, em abril de 2021.

“O Daniel foi assassinado pelo policial que atravessou a preferencial a 113km/h. Quantos pais de família vão ter que morrer? Os responsáveis que matam no trânsito pagam fiança de R$ 5 mil e saem em dois dias”, questionou Guilherme Gerchevsky.

No caso de Daniel, a Justiça determinou a saída da prisão do policial militar indiciado. Jasiel Rauli Rocha Pereira estava de folga e havia sido preso em flagrante, após o acidente.

Ainda de acordo com a PM, o policial apresentava sinais de embriaguez, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. Jasiel deve responder em liberdade por homicídio com dolo eventual.

Daniel Pereira Silva morreu após ser atingido por carro dirigido por policial militar, em Curitiba.

Arquivo da família/Divulgação

Conscientização

Na análise dos óbitos por faixa etária e sexo, do PVT, é possível apontar o homem jovem, de 20 a 29 anos, como a principal vítima fatal. Dos 45 óbitos ocorridos nesta faixa etária em 2020, 42 foram homens.

O irmão de Matheus comentou que o trabalho como motoboy não é para qualquer um. E ainda assim, segundo o rapaz, tem quem tente tirar o mérito dos profissionais.

“Falam que motoboy é vagabundo, mas motoboy fica 15h em cima de uma moto trabalhando. Meu irmão tinha dois empregos, deixou um filho de três anos. O Daniel deixou cinco filhos. Só aí já são dois pais de família”.

Protesto mobilizou centenas de pessoas na CIC.

Colaboração

O objetivo do protesto foi o de fazer com que as pessoas tenham consciência, segundo o irmão de Matheus.

“Precisamos dar valor aos motoboys. Tem gente que reclama de pagar R$ 2 em uma taxa de entrega. Queremos alguma posição, os deputados precisam pensar na gente e mudar a lei”.

Segundo Guilherme, as mortes dos motociclistas destruíram não só as famílias das vítimas.

“Estragou a vida de todo mundo que trabalha na área. As pessoas precisam ter consciência”.

O próximo protesto, ainda sem data, deve ser no Centro Cívico. Os familiares e amigos pretendem se mobilizar em frente à Prefeitura de Curitiba.

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