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Mães de luta: mulheres contam como é conciliar maternidade com participação política no Bem Viver

Você já imaginou como é conciliar a correria do trabalho com a maternidade e a participação política? No mês que celebra as mães, o Bem Viver, programa do Brasil de Fato, traz as mulheres vivenciam essa realidade nos movimentos populares, enfrentando os desafios impostos pela falta de tempo e pelo machismo, mas que encontram acolhimento e formam novos lutadores e lutadoras por um mundo mais justo.

Por Da Redação

11/05/2024 às 15:43:51 - Atualizado há
Foto: Brasil de Fato

Você já imaginou como é conciliar a correria do trabalho com a maternidade e a participação política? No mês que celebra as mães, o Bem Viver, programa do Brasil de Fato, traz as mulheres vivenciam essa realidade nos movimentos populares, enfrentando os desafios impostos pela falta de tempo e pelo machismo, mas que encontram acolhimento e formam novos lutadores e lutadoras por um mundo mais justo.

É o caso de Laíssa Gomes de Miranda, de 36 anos, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Minas Gerais. Sua filha, Maria Flor, de apenas 6 anos, acompanha a mãe nas atividades de militância desde quando ainda estava na barriga.

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"Ser mãe é política, é uma forma de estar na luta. Um dos momentos mais fortes que eu vivi com a Maria Flor foi quando, durante uma atividade dos atingidos, quando ela tinha uns 3 anos de idade, ela falou para mim: 'mamãe, como é forte estar aqui, né?'. Desde pequena, ela já sente o impacto da força da luta do povo, da importância da luta política", relembra Laíssa.

"Também foi nesse espaço que eu entendi que ela também é um sujeito político. A militância é uma troca. Ela é um sujeito, tem seus direitos e entende a luta, do jeito dela. Nas últimas eleições, ela também participava ativamente das campanhas e dizia que era 'para tirar o povo da fome'. Ou seja, essa ideia da materialidade da realidade do povo brasileiro ela também já tem", complementa a militante do MAB.

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Da mesma forma, Angela Eulalia dos Santos, auxiliar de enfermagem aposentada em Belo Horizonte, de 65 anos, conta que o vínculo de sua filha Júlia com a militância também vem desde antes do seu nascimento.

A dirigente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) relembra que participou da marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em 1997, quando estava grávida.

"Júlia já estava na minha barriga naquela marcha dos sem-terra, que marcou muito a minha vida, porque no dia seguinte eu fui saber que tinham encontrado dois indígenas queimados em Brasília. E, quando eu fui contar essa história para o pai dela, eu falei: 'como vai ser vida da Júlia quando estiver grande e nós formos contar essa história para ela?'. E ele foi brutalmente contra, porque já era machista e não gostava que eu participasse da luta", conta.

"Desde os 2 anos, ela começou a me acompanhar nas atividades políticas e foi assimilando essa consciência de classe. Teve um momento em que a minha família se juntou e pediu para eu largar a militância, porque eles tinham medo que me matassem em função da luta. E a única voz que se levantou para me defender foi a da Júlia. Ela estava com 8 anos e falou: 'gente, se a minha mãe largar isso, ela vai morrer, porque isso faz parte dela, essa é a luta dela'", complementa Angela.

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Desafios

Um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres mães nos espaços políticos é a falta tempo para lidar com as tarefas da maternidade, da casa e a atuação militante. Muitas vezes, elas precisam acionar amigos e familiares para ajudar no cuidado com os filhos.

"A gente tem menos tempo, né? A gente trabalha mais. E, às vezes, eu não consigo ter o mesmo rendimento de um outro companheiro, que não tem tantas horas tomadas pelas tarefas domésticas e de cuidado. O maior desafio é a gente socializar o cuidado de forma coletiva, porque assim, a gente consegue tomar a frente de outras tarefas", relata Laíssa.

Ciranda infantil

Ao mesmo tempo, os movimentos populares vêm desenvolvendo as experiências das cirandas infantis, um espaço pedagógico para acolher as crianças, formá-las e dar condições para que as mães participem das atividades políticas.

"A ciranda é uma ferramenta de luta muito importante para que as crianças também estejam inseridas nessa realidade. É um privilégio para a Maria Flor estar nesses espaços e inserida nesse contexto de aprendizagem. Porque a ciranda não é só um espaço para deixar as crianças e para a luta. É também para a Maria Flor entender a luta", finaliza Laíssa.

Orgulho

Aos 27 anos, Júlia Ferraz também é uma mulher militante. Para sua mãe, Angela Eulalia, o sentimento é de que cumpriu com sua principal tarefa.

"Me sinto muito orgulhosa e eu sempre contei para ela sobre as nossas lutas para que ela nunca se esqueça que ela sempre esteve junto. Inclusive, houve uma manifestação que eu levei ela comigo, e a polícia ameaçou me punir por ter levado ela comigo. Eu peguei e coloquei ela em cima do caminhão de som. Eu me sinto realizada", conclui Angela Eulalia.

Cuidado é trabalho

Em 2021, a Argentina se tornou o primeiro país da América a aprovar uma lei que considera o cuidado materno como trabalho. A medida garante aposentadoria para 155 mil mulheres maiores de 60 anos que não conseguiram completar os 30 anos de contribuição por se dedicarem à maternidade.

O Programa Integral de Reconhecimento de Tempo de Serviço por Tarefas Assistenciais foi apresentado pela Administração Nacional de Seguridade Social (Anses). Segundo a entidade, aproximadamente 300 mil mulheres, entre 59 e 64 anos, não conseguem se aposentar por não terem o tempo de serviço exigido.

Segundo a Oxfam International, as mulheres dedicam cerca de 12,5 bilhões de horas diárias ao trabalho de cuidado não remunerado em todo o mundo. Se fossem remuneradas, seriam aportados à economia global aproximadamente R$ 50 bilhões ao ano.

E tem mais...

"A história oficial do Brasil contada através dos olhos e da experiência de uma um mulher negra", é assim que Ana Maria Gonçalves descreve seu livro Um Defeito de Cor. É importante esse resumo porque se trata de uma obra de 950 páginas. ela foi lançada em 2006, mas, hoje, passa por um momento especial. Esse ano, o livro foi homenageado pela Portela no carnaval do Rio de Janeiro e é exposição em São Paulo.

O Bem Viver traz uma conversa com a escritora que revelou alguns segredos do livro que num misto de ficção e realidade conta a história da mãe de Luiz Gama.

O programa traz também dicas de como as mulheres podem se priorizar e se cuidar em meio a sobrecarga de trabalho e cuidado.

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Quando e onde assistir?

No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar aqui.

Na TVT: sábado às 13h30; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Na TV Brasil (EBC), segunda-feira às 6h30.

Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET.

Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET.

Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital.

Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital.

Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET.

TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17.

Sintonize

No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.

O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.

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