O desmatamento em Terras Indígenas (TIs) da Amazônia registrou queda de 42% e foi o menor dos últimos seis anos.
O desmatamento em Terras Indígenas (TIs) da Amazônia registrou queda de 42% e foi o menor dos últimos seis anos. Os dados foram medidos de julho de 2023 a agosto de 2024 e comparados com os mesmos períodos dos anos anteriores. O levantamento foi divulgado nesta quarta-feira (17), antevéspera do Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril.
A redução ocorre após a guinada na política ambiental brasileira conduzida pelo governo Lula (PT), que desfez graves retrocessos implementados pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Durante o mandato bolsonarista, o desmatamento em TIs aumentou 150%, segundo levantamento do Instituto Socioambiental (ISA).
"A baixa consecutiva na devastação demonstra que as políticas de combate à derrubada na Amazônia estão sendo eficazes. Apesar disso, é preciso continuar com as ações de combate e controle do desmatamento na região, focando principalmente nos territórios protegidos e nas áreas de intensa pressão ambiental", comentou Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Terra indígena mais desmatada desaparece do ranking
Um exemplo apontado pelo Imazon é a expulsão de invasores da TI Apyterewa, do povo Parakanã. O território foi a TI mais desmatada da Amazônia nos últimos quatro anos, mas desta vez não apareceu no ranking. O motivo é a operação que expulsou fazendeiros e pecuaristas em situação ilegal dentro do território.
Já em toda a Amazônia Legal, não apenas em TIs, o desmatamento caiu 60%. Conforme o Imazon, março de 2024 foi o 12º mês consecutivo com queda no desflorestamento em todo o bioma. Embora em queda, a área de vegetação amazônica perdida ainda é alta, 1.948 km², maior do que a cidade de São Paulo.
"É necessário ainda acelerar a destinação de florestas públicas para a criação de novas áreas de conservação e proteção dos recursos naturais, e punir devidamente os desmatadores ilegais. Assim estaremos mais perto de alcançar o desafio da derrubada zero até 2030 e com isso reduzir o fenômeno e consequências das mudanças climáticas", complementou a pesquisadora do Imazon.
No Brasil, a devastação da Amazônia é medida não só em acumulados anuais, mas também em períodos de 12 meses entre agosto e julho do ano seguinte. É o chamado "calendário do desmatamento", período em que os desmatadores aproveitam a falta de chuva para desmatar mais. Por isso, o levantamento do Imazon foi feito entre julho e março deste ano.
Amazonas, Mato Grosso e Roraima lideram devastação
A análise por estado revela que Amazonas, Mato Grosso e Roraima foram os mais afetados em março de 2024, representando juntos 79% da devastação na Amazônia Legal. Para o Imazon, os números destacam a necessidade de intensificar as medidas de combate ao desmatamento e de proteção das áreas mais, incluindo as unidades de conservação.
Na análise do Imazon, o Pará desponta como um estado onde a pressão sobre as Unidades de Conservação (UCs) é a maior do país. Cinco das dez (UCs) mais afetadas no mês de março estão no estado.
"Esse dado alerta para a pressão que as unidades de conservação sofrem, mesmo sendo protegidas por lei, onde dependendo do tipo de categoria o desmatamento é proibido ou restrito. A APA Triunfo do Xingu, por exemplo, segue consecutivamente desde agosto de 2020 na lista dos dez territórios com maior derrubada nesta categoria", alertou o Imazon em comunicado à imprensa.