Política Carlos Bolsonaro

Carlos Bolsonaro já homenageou "guarnição do mal" e quer criar grupos de "vigilância"

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) homenagearam, pelo menos, 16 policiais denunciados como integrantes de organizações criminosas.

Por ICL Notícias

15/04/2024 às 08:43:34 - Atualizado há

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) homenagearam, pelo menos, 16 policiais denunciados como integrantes de organizações criminosas. Em 2003, por exemplo, ele fez moções em favor de oito policiais acusados de uma série de crimes e conhecidos como "guarnição do mal".

Nos últimos dias, o vereador Carlos Bolsonaro protocolou na Câmara Municipal do Rio projeto de lei para instituir a criação de "grupos de vigilância comunitária". A medida atenderia a todos os bairros cariocas e gera preocupação sobre a possibilidade de dar mais poder a grupos de milícias.

Segundo o texto, se aprovado, os grupos devem ser compostos por vizinhos em cada um dos bairros da cidade. Eles teriam apoio operacional, treinamento e supervisão da Guarda Municipal.

Homenagens

Esses homenageados foram presos e denunciados em oito das mais importantes operações de combate ao crime organizado no Rio, entre 2006 e 2022: Calabar, Quarto Elemento, Purificação, Intocáveis, Gladiador, Amigos S/A, Segurança S/A e Águia na Cabeça. Nesse grupo, estão Adriano Nóbrega, o major Ronald Pereira e, mais recentemente, o delegado e ex-chefe da Polícia Civil Allan Turnowski.

As investigações, realizadas pela Polícia Federal, pelas corregedorias e pelo Ministério Público, revelaram quadrilhas montadas por policiais para a prática de extorsão, corrupção, sequestros, homicídios, entre outros crimes. Em todos esses casos, os policiais estavam na folha de pagamento da máfia dos caça-níqueis, das facções do tráfico ou dos grupos milicianos.

Essas informações foram obtidas a partir de um cruzamento de dados entre os nomes dos policiais homenageados pelos dois filhos do presidente e as informações dos bancos de dados dos Tribunais de Justiça do país. Os dados constam do podcast Clã Bolsonaro e Polícia bandida produzido por esta colunista e publicado pelo Uol em 2022.

Até 2018, Flávio e Carlos entregaram medalhas e moções a 707 pessoas. Algumas dessas pessoas foram premiadas mais de uma vez. É o caso de Adriano da Nóbrega, por exemplo, que recebeu uma moção em 2003 e depois a medalha Tiradentes em 2005. Nesse caso, o grupo liderado por Adriano era conhecido pelos moradores, devido à violência, como "guarnição do mal".

Adriano da Nóbrega morreu em uma operação policial na Bahia, em fevereiro de 2020, após passar um ano como foragido da Justiça. Ele foi denunciado na Operação Intocáveis pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio).

Flávio Bolsonaro contou em depoimento à promotoria fluminense que o conheceu por intermédio de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor, durante aulas de tiro nos anos 2000.

75 policiais homenageados responderam a processos

As primeiras homenagens prestadas ocorreram em 2001 no primeiro mandato de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal. O cruzamento de dados também apontou que, do total de homenageados, 596 eram policiais e 75 deles responderam a processos criminais. De cada dez pessoas que Flávio e Carlos homenagearam, uma respondeu a processo criminal na Justiça.

O crime de homicídio foi ao qual esse grupo de homenageados mais respondeu. Do todo, 36 policiais foram homenageados pelo clã e, ao mesmo tempo, responderam a processos na Justiça pela morte de 39 pessoas.

Projeto de vigilância

No texto, que foi protocolado no dia 4 de abril, conforme O Globo, o vereador argumenta que a participação dos moradores serviria para a prevenção de pequenos delitos nos bairros.

"Também pode contribuir para a aproximação e confiança entre cidadãos e forças de segurança, fortalecendo os laços entre os próprios munícipes. São vizinhos próximos que compartilham interesses em comum", diz o texto.

Fonte: ICL Notícias
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