Os caboclos de lança, suas indumentárias coloridas, os cantos e danças puxados pelos mestres e mestras, os instrumentos que saem fazendo barulho pelo meio do canavial.
Considerado Patrimônio Cultural Brasileiro, o Maracatu Rural ou de Baque Solto, como também é conhecido, vêm do território da Zona da Mata Norte pernambucana. É uma manifestação cultural típica dos trabalhadores da cana de açúcar dessa região. Na mostra, documentos, vídeos, fotografias, textos e música contam a história dessa tradição cultural nordestina.
Histórias como a do Mestre Luiz Caboclo do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança, cidade que fica a 82km do Recife. José Luiz da Silva, ou Mestre Luiz, como é mais conhecido por todos, começou a brincar maracatu aos 13 anos. Hoje, aos 65, é ele quem lidera os caboclos de lança que saem abrindo caminho com o baque solto no meio do canavial pernambucano.O Maracatu Estrela de Ouro de Aliança foi fundado em 1966 e é um dos principais símbolos carnavalescos da cultura popular de Pernambuco. Atualmente, existem cerca de 110 grupos de Maracatu Rural, principalmente nos municípios de Nazaré da Mata, Aliança, Tracunhaém, Goiana, Condado, Itaquitinga, Lagoa de Itaenga, Araçoiaba e Carpina.
Em Pernambuco, os Maracatus Rurais são conhecidos também como Maracatu de Baque Solto. Há também os Maracatus de Baque Virado ou Maracatu Nação. Cada um tem sua característica própria. O Maracatu Nação, por exemplo, está ligado mais às regiões urbanas e às festas organizadas por grupos de escravizados que celebravam nos pátios das igrejas a coroação do rei do congo.
Quem explica melhor essa diferença entre os dois maracatus é o curador da exposição, Afonso Oliveira.
Além de contar a história do maracatu, a exposição também apresenta o universo do trabalho, da religião e das influências que o Maracatu Rural exerceu sobre artistas contemporâneos como Chico Science, Gilberto Gil, Jorge Mautner e Siba.
A exposição fica em cartaz no Centro Cultural da Fiesp, na Avenida Paulista, até 9 de junho.