Matinhos inaugura Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência

A presidente empossada, Emanuelle Aguiar, conhecida como Manu Aguiar, ressaltou a importância desse marco após mais de uma década de luta. “É um processo longo que agora se torna um marco histórico em Matinhos, na exigência do cumprimento das políticas públicas para os deficientes“, declarou emocionada.

O Conselho, criado pela Lei nº 2326 de 2021, assume a responsabilidade de colocar Matinhos no mapa das cidades comprometidas em corrigir as desigualdades ainda presentes no mundo moderno. “É com este compromisso que vamos trabalhar incansavelmente“, reiterou Manu Aguiar.

O prefeito de Matinhos, José Carlos do Espírito Santo (Podemos), o Zé da Ecler, expressou sua satisfação com a criação do Conselho. “Ver a publicação e a lei já sancionada é uma realização e compromisso político, possível apenas quando acontece o que se vê em Matinhos, num trabalho conjunto do Legislativo e Executivo“, destacou.

Representante das pessoas com deficiência

Apesar das limitações impostas pela deficiência, ela desafiou as expectativas dos próprios médicos, que previram que jamais andaria ou falaria. Hoje, é graduada em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e uma importante porta-voz das pessoas com deficiência no Litoral. Desde 2012, Manu tem sido uma força ativa nas questões relacionadas às pessoas com deficiência, defendendo incansavelmente a causa da inclusão e acessibilidade em toda a região e até mesmo em âmbito estadual, já que em 2022 foi presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (COEDE).

Em uma entrevista ao JB Litoral, Manu Aguiar compartilhou as principais demandas das pessoas com deficiência em Matinhos. Segundo ela, áreas como educação, saúde e mobilidade urbana carecem de atenção especial.

De acordo com ela, falta capacitação aos profissionais de educação para atender as especificidades de uma pessoa com deficiência. Já na saúde, a falta de especialistas gera grande impacto no desenvolvimento dessas pessoas, sobretudo nas crianças com deficiência.

"A saúde da mulher com deficiência é uma área que também sempre me preocupou muito, hoje não temos, por exemplo, aparelhos ginecológicos adaptados, afetando a qualidade do cuidado da saúde sexual e reprodutiva das nossas mulheres com deficiência. As pessoas surdas não conseguem se comunicar com um profissional de saúde, pois a maioria não é alfabetizado em Libras, desse modo, a pessoa surda fica sempre na dependência de terceiros", diz.

Combate ao capacitismo

Além disso, Manu enfatiza os desafios enfrentados na mobilidade urbana, onde a falta de acessibilidade dificulta a autonomia e segurança das pessoas com deficiência. Durante sua presidência no Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Matinhos, ela se compromete a garantir a participação ativa das pessoas com deficiência nas discussões políticas e na defesa de seus direitos, além de combater o capacitismo, uma forma de discriminação contra pessoas com deficiência.

“O Brasil possui uma legislação abrangente para garantir os direitos das pessoas com deficiência, porém, sua aplicação efetiva no dia a dia é essencial para combater a exclusão histórica enfrentada por esse grupo“, conclui Manu Aguiar.