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O acerto de Lula e a necessidade urgente de radicalizar nas pautas justas

Quando a direita esbraveja raivosa e odiosamente é porque se está acertando na política.

Por Da Redação

03/03/2024 às 17:14:03 - Atualizado há
Foto: Reprodução internet

Quando a direita esbraveja raivosa e odiosamente é porque se está acertando na política.

A correta posição de Lula sobre o genocídio do povo palestino patrocinado pelo Estado de Israel atiçou os cães de guarda do fascismo.

Sempre em prontidão para defender governos algozes, calam-se frente a qualquer atrocidade cometida em nome da ordem injusta e desigual e de seus interesses contra os oprimidos e explorados. Estão sempre à espreita, esperando para se colocarem como os arautos da moralidade e dos bons costumes, mesmo que suas práticas demonstrem exatamente o contrário. Agem, sem cessar, de forma casuística e oportunista, buscando capitalizar politicamente em cima das tragédias humanas das quais são cúmplices.

O posicionamento de Lula despertou vozes que, durante o período mais duro da nossa história recente, compactuaram com as mais incabíveis e impensáveis demonstrações de desprezo pela vida alheia.

Durante uma pandemia que ceifava vidas no mundo todo, acompanhávamos, num misto de incredulidade e impotência, o chefe da nação, Jair Bolsonaro, proferir as mais bárbaras declarações de descaso toda vez que se via questionado sobre as medidas de prevenção e enfrentamento à pandemia de Covid-19.

Aqueles que agora bradam contra Lula por defender a vida de palestinos contra os horrores da guerra de extermínio, a qual Israel parece querer levar às últimas consequências, são os mesmos que reverberaram todos os impropérios e inverdades disseminados por Bolsonaro. Desde os primeiros momentos da pandemia, o inepto procurou minimizar seus efeitos, com falas marcadas por um desprezo arrogante, dando voz aos setores mais reacionários da sociedade, impulsionando o sentimento anti-vacina e anti-ciência próprios de tempos nefastos.

Nazifascismo

Bolsonaro passou todo o período da pandemia debochando das vítimas, atentando contra as medidas sanitárias, além de ter promovido e incentivado toda forma de aglomeração em flagrante desrespeito ao tão necessário isolamento social.

Enquanto fazia tudo isso, nenhuma das vozes que se erguem, agora, contra Lula, foram ouvidas. Tão grave quanto a atitude de Bolsonaro e seu séquito frente a pandemia, foi o seu flerte com o nazifascismo, o qual, em momento algum, causou desconforto ou inquietação entre sua base parlamentar ou seus fanáticos seguidores.

Durante seu mandato, não foram poucas as vezes em que Bolsonaro ou membros do seu governo demonstraram simpatia pelo nazifascimo, e, nem por isso, foram acusados de antissemitismo por aqueles que veem na postura de Lula em defesa da vida dos palestinos um ataque ao povo judeu. Antes mesmo de ser candidato a presidente, em 2015, Bolsonaro tirou uma foto com um sósia de Hitler durante uma audiência pública que discutia o projeto "escola sem partido" no Rio de Janeiro. Existe símbolo maior de antissemitismo que Hitler, mesmo que em um arremedo?

Em 2020, o secretário de cultura de Bolsonaro divulgou um vídeo reproduzindo não apenas um discurso muito semelhante ao proferido pelo ministro da propaganda de Hitler, como a própria estética do discurso. Seu ministro da Educação, encerrou uma postagem numa rede social com uma expressão alemã usada frequentemente por nazistas. Em 2021, Bolsonaro tirou uma fotografia "tietando" a neta do ministro das finanças de Hitler, uma deputada alemã de extrema-direita, anti-imigração e negacionista da pandemia de Covid-19. Outro membro de seu governo, tinha postagens em rede social reproduzindo cartazes nazistas com saudações a Hitler. No mesmo ano, um apoiador de Bolsonaro o abordou fazendo referências ao regime nazista como um modelo educacional a ser seguido, sem que fosse repreendido pelo presidente. Também em 2021, um assessor da presidência foi flagrado em foto fazendo um gesto que expressa a ideia da supremacia branca.

Em 2022, Bolsonaro foi recebido no "cercadinho" por apoiadores com a conhecida saudação nazista do braço direito levantado. Novamente, não houve reprimenda alguma por parte do presidente.

Por que então o flerte de Bolsonaro com o fascismo não resultou em acusações de antissemitimo? Por que querem imputar a Lula um epíteto que, obviamente, não lhe cabe? A direita e a extrema direita se levantaram contra Lula, pois são os representantes dos interesses imperialistas e colonialistas do sionismo, do capital internacional submetido aos ditames dos Estados Unidos da América (EUA), assim como Bolsonaro. Esses parlamentares se convertem, igualmente aos seus congêneres estadunidenses, em porta-vozes do sionismo. A diferença, no entanto, parece ser o fato de que lá, tais parlamentares são financiados para defender Israel. Ou, será que semelhante prática já estaria em execução por aqui?

Durante o governo de Bolsonaro, inúmeros pedidos de impeachment foram protocolados, no entanto, nenhum chegou a ser sequer analisado. Não que não houvesse motivo para tanto. Agora, quando o Brasil retomou a estética civilizada da política, com posicionamentos acertados do presidente Lula em relação à política externa, pautada pela autonomia e integração do sul global, os patrocinadores de toda sorte de desmandos, infortúnios, violências, os cúmplices de atrocidades, aqueles que buscaram subverter o resultado das eleições à força, que ainda ostentam bandeiras nacionais em carros, caminhões, restaurantes, etc., os representantes dos traficantes do agronegócio, das vinícolas escravagistas, dos grileiros invasores de terras indígenas, de mineradores e madeireiras ilegais que devastam as florestas, poluem os rios e assassinam quilombolas, indígenas e sem-terra, que se beneficiaram do golpe de 2016 e do governo Bolsonaro, pretendem, com o pedido de impeachment, obstar o governo e, quem sabe, fazer o Brasil retornar ao período em que a espoliação, a exploração e o desprezo à vida se converteram em normalidade.

Pedido de impeachment

Interessante ressaltar que o pedido de impeachment, que conta com mais de 100 assinaturas, foi proposto por uma deputada flagrada correndo, de arma em punho, atrás de um homem negro, pelas ruas da maior cidade do país. É a mesma que contratou um hacker para descobrir o endereço de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e foi multada pela disseminação de "fake news". O mais grave, no entanto, é que o pedido de impeachment conta com a assinatura de deputados cujos partidos, supõe-se, compõem a base aliada do governo. É o caso do União Brasil (UB), com dois ministérios, o Partido Social Democrático (PSD), com três, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), também com três pastas.

Essa situação é extremamente importante, pois demonstra que o golpismo não se desarticulou com a vitória e a posse de Lula. Ao contrário, apenas se recompôs, inclusive dentro do próprio governo, acessando cargos fundamentais do primeiro escalão. Em segundo lugar, ilustra, de forma sem igual, como o jogo da barganha, da concessão e da busca do consenso com o inimigo é infrutífero. Há poucas semanas, Lula sancionou duas leis de interesse dos setores golpistas, dentre as quais, a que amplia as concessões de rádio e TV para um mesmo grupo econômico, concessões sob responsabilidade do ministério das Comunicações, ocupado pelo UB.

Não há possibilidade de "reconstrução e união" nacional com o inimigo, ainda mais quando ele atenta contra as instituições. Essa situação é agravada pela aparente paralisia do movimento social e sindical que têm se ausentado das ruas. No governo passado, dirigentes sindicais diziam não ser possível fazer mobilização porque, segundo eles, estávamos em um "estado de exceção" (como se o Estado burguês fosse outra coisa que não o estado de exceção para o proletariado). Agora, em um governo democrático, mobilizar os trabalhadores, pobres, explorados e oprimidos, pode ser arriscado, pois, se tensionarmos a correlação de forças, poderemos ter um novo golpe. Contribuem, assim, para manter as forças populares reféns da lógica eleitoral e das barganhas palacianas, alimentando o fantasma do golpismo (que exerce em setores da esquerda o mesmo papel que o fantasma do comunismo exerce sobre a direita).

As forças democráticas e da esquerda consequente não podem se eximir da disputa política e, muito menos, abandonar os seus ao infortúnio solitário do enfrentamento ao fascismo, ao imperialismo, ao reacionarismo, etc. Nesse sentido, Jaques Wagner, ao criticar a correta comparação de Lula, entre o Holocausto judeu e o massacre dos palestinos, cumpriu um desserviço tanto para a causa palestina quanto para o próprio governo. Não se deve arredar um centímetro na defesa da justa causa do povo palestino contra o colonialismo israelense.

O estrépito bolsonarista, em nome de uma suposta defesa das vítimas do holocausto, reforça a necessidade da intervenção constante dos movimentos sociais e sindical em favor de suas pautas imediatas e históricas. É preciso tomar as ruas e pautar o governo, o parlamento e a sociedade, recolocando no horizonte dos trabalhadores e trabalhadoras o internacionalismo proletário como bandeira basilar de nossas lutas, assim como a urgência histórica da construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Por outro lado, é preciso combater e isolar a direita e a extrema direita até seu aniquilamento político.

Não seria descabido, também, reescrever o refrão de um dos hinos do rock nacional: "Bichos escrotos, voltem para os esgotos"!

*Graduado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (2006). Possui Especialização em História, Arte e Cultura pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG (2018). Mestre em Ensino de História - UFPR (2020). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná.

**As opiniões expressas nesse texto não representam necessariamente a posição do jornal Brasil de Fato Paraná.

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Jornalista Luciana Pombo

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