Conhecido pela forma barulhenta como se conduz na política, muitas vezes aos gritos, o ex-presidente Jair Bolsonaro deverá se manter em silêncio hoje, no depoimento marcado para as 14h30, na sede da Polícia Federal, em Brasília.
Conhecido pela forma barulhenta como se conduz na política, muitas vezes aos gritos, o ex-presidente Jair Bolsonaro deverá se manter em silêncio hoje, no depoimento marcado para as 14h30, na sede da Polícia Federal, em Brasília. Ele vai responder a perguntas sobre a tentativa de golpe de Estado ocorrida no Brasil. A defesa pediu a dispensa de Bolsonaro, mas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) negou.
Os advogados Paulo Cunha Bueno, Daniel Tesser e Fabio Wajngarten chegaram a dizer que o ex-presidente não prestaria depoimento se não tivesse acesso ao conteúdo de celulares apreendidos em investigações contra ele e aliados. A defesa solicitou o “conteúdo completo” da delação do ex-ajudante de ordens do ex-presidente, coronel Mauro Cid, que indicou que Bolsonaro teria recebido, analisado e alterado uma minuta de decreto golpista, em dezembro de 2022.
Moraes respondeu que a Corte tem o entendimento de que, “antes do recebimento da denúncia, não configura cerceamento de defesa a negativa de acesso a termos da colaboração premiada referente a investigações em curso” e que a PF poderia manter a data do interrogatório.
O ministro alegou também que não cabe ao ex-presidente “escolher a data e horário de seu interrogatório”.
Além de Bolsonaro, a PF vai colher o depoimento de outros 10 investigados. Prestam depoimento os ex-ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno; da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto; da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres; e da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.
Também foram convocados Tércio Arnaud Tomaz e o coronel da reserva Marcelo Costa Câmara, ex-assessores da Presidência da República; Mário Fernandes, ex-secretário-executivo na Secretaria-Geral; Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; e Valdemar Costa Neto, presidente do PL.
Todos são citados no relatório da Polícia Federal enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que embasou a Operação Tempus Veritatis sobre a tentativa de golpe. O objetivo dos depoimentos simultâneos é impedir a combinação de versões.
A operação foi autorizada por Moraes no âmbito do inquérito que apura a existência das milícias digitais e seu financiamento. O inquérito também investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, que culminaram na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes.
De acordo com a PF, os investigados se estruturam em grupos com diversas finalidades, entre organizar os acampamentos golpistas, preparar o ato do 8 de janeiro, fazer a espionagem ilegal contra os ministros do STF e disseminar informações falsas.
Ainda de acordo com a corporação, a minuta de um decreto golpista encontrada na residência de Anderson Torres recomendava a prisão dos ministros dos STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e de Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional. O ex-presidente Bolsonaro também teria pedido alterações no documento, mantendo a prisão somente de Moraes e solicitando a realização de novas eleições.
Os fatos investigados podem levar à imputação pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.