Morreu neste sĂĄbado (12), em BrasĂlia, o ex-senador e ex-vice-presidente da RepĂșblica Marco Maciel. Pernambucano, seu nome esteve ligado à polĂtica brasileira por 45 anos.
Aos 80 anos, Marco Maciel convivia com a doença de Alzheimer desde 2014 e, em março deste ano, foi diagnosticado com covid-19. Ele voltou a ser internado esta semana devido a uma infecção bacteriana.
O velório serĂĄ hoje de 14h30 às 16h30 no salão Negro do Senado e o sepultamento às 17h30 na Ala dos Pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, em BrasĂlia.
Além de ter sido senador por trĂȘs perĂodos - de 1983 a 1991, de 1991 a 1994 e de 2003 a 2011 – ele foi vice-presidente da RepĂșblica nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 1999 e de 1999 a 2003.
Também foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 18 de dezembro de 2003, como oitavo ocupante da Cadeira nÂș 39, na sucessão de Roberto Marinho.
Recebeu ainda tĂtulos de Cidadão HonorĂĄrio de 42 cidades brasileiras, a maioria delas em Pernambuco. A ele é atribuĂda a autoria de frases célebres como: "Tudo pode acontecer, inclusive nada".
Marco Antônio de Oliveira Maciel nasceu em Recife no dia 21 de julho de 1940. Casado com a socióloga Anna Maria Ferreira Maciel, foi pai de trĂȘs filhos e avô de quatro netos. Era formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e também foi professor e advogado.
Iniciou sua carreira polĂtica em 1963 ao ser eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes de Pernambuco, enquanto cursava Direito na UFPE. Elegeu-se em 1966 deputado estadual em Pernambuco pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do governo militar.
Também pela Arena, foi deputado federal por dois mandatos, de 1971 a 1974 e de 1975 a 1978. Eleito presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro de 1977, enfrentou em abril o fechamento provisório do Congresso pelo então presidente da RepĂșblica, Ernesto Geisel, sob o pretexto de implementar a reforma no Poder JudiciĂĄrio proposta pelo governo, cujo encaminhamento vinha sendo obstruĂdo pela oposição.
No final de 1978, foi eleito pela Assembleia Legislativa de Pernambuco para o cargo de governador do estado, após indicação do presidente Ernesto Geisel, corroborada pelo sucessor de Geisel, general João Batista Figueiredo. Seu mandato terminou em 1982 e, no ano seguinte, chegou ao Senado.
Em 1994, Marco Maciel foi indicado pelo PFL para substituir o senador alagoano Guilherme Palmeira como vice-presidente na chapa de Fernando Henrique Cardoso. A candidatura de Palmeira havia sido inviabilizada após denĂșncia de favorecimento de empreiteira por meio de emendas ao Orçamento da União. Maciel havia sido um dos primeiros lĂderes de seu partido a defender o apoio do PFL ao nome de Fernando Henrique.
Em 1Âș de janeiro de 1995, Maciel tomou posse como vice-presidente da RepĂșblica. Com bom trânsito no Congresso Nacional, foi designado por Fernando Henrique como articulador polĂtico do governo. Dessa forma, coube a Maciel coordenar as negociações em torno da aprovação das reformas constitucionais defendidas pelo novo governo, entre as quais se destacavam as reformas administrativa e fiscal voltada para o controle do deficit pĂșblico, a reforma da PrevidĂȘncia Social, a quebra do monopólio estatal sobre o petróleo e as telecomunicações, a reforma administrativa e a extinção dos obstĂĄculos à atuação de empresas estrangeiras no paĂs.
Em 1Âș de janeiro de 2003, deixou a vice-presidĂȘncia da RepĂșblica e, no mĂȘs seguinte, assumiu sua vaga no Senado por Pernambuco, eleito pelo PFL. Tendo apoiado o candidato José Serra (PSDB) nas eleições de 2002, vencidas por Luiz InĂĄcio Lula da Silva, Maciel passou a fazer oposição ao novo governo. Ainda em 2007, filiou-se ao Democratas (DEM), sigla que sucedeu o PFL.
Em nota, o presidente Nacional do Democratas, Antonio Carlos Magalhães Neto, lembrou que Marco Maciel foi um dos fundadores do partido. "Neste 12 de junho, o Democratas se despede, jĂĄ com o coração saudoso, de um dos seus fundadores. Marco Maciel foi um dos mais importantes quadros do nosso partido. Com sua exemplar atuação na vida pĂșblica, escreveu uma história irretocĂĄvel de dedicação ao nosso paĂs", disse.
Para ACM Neto, o ex-vice-presidente da RepĂșblica "foi uma liderança capaz de motivar polĂticos de todas as idades. Quando ainda no movimento da Juventude do PFL, recebi palavras e gestos significativos de incentivo que jamais vou me esquecer. Mesmo carinho que nosso fundador direcionou a muitos jovens e polĂticos ao longo de toda a sua vida", acrescentou.
"Homem de elevado espĂrito pĂșblico, tenho certeza que o legado de Marco Maciel serĂĄ lembrado por toda nossa história. Hoje, envio toda solidariedade e carinho aos familiares e amigos deste grande lĂder. Um sincero e fraterno abraço da famĂlia Democratas", finalizou.
O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, disse que a partida de Marco Maciel " inflige enorme perda para a polĂtica brasileira e a arte da conciliação". "Meus sentimentos à sua famĂlia, amigos e admiradores", disse, em nota.
A morte do ex-vice presidente também repercutiu nas redes sociais. O conterrâneo Mendonça Filho, ex-ministro da Educação, lamentou a morte, assim como outros polĂticos.
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— Democratas (@democratas) June 12, 2021
Lamento a morte do ex-vice-presidente do Brasil, Marco Maciel. Homem decente e de espĂrito publico, dignificou as melhores tradições pernambucanas na polĂtica brasileira. Meus sentimentos à famĂlia e amigos.
— Ciro Gomes (@cirogomes) June 12, 2021
O Brasil perde um de seus mais ilustres filhos. Com uma trajetória polĂtica marcada pela integridade e compromisso com interesse pĂșblico, Marco Maciel foi exemplo de diĂĄlogo e conciliação em todos os cargos que ocupou. (+) pic.twitter.com/5jmUTYfkB2
— Fernando Bezerra (@fbezerracoelho) June 12, 2021
Quero lamentar profundamente a morte do ex deputado, governador, senador e vice presidente da repĂșblica Marco Maciel.
Um homem que sempre cultivou a boa polĂtica, o diĂĄlogo e o amor por Pernambuco e pelo Brasil!— Silvio Costa Filho (@Silvio_CFilho) June 12, 2021
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também lamentou a morte.
Meus sentimentos à famĂlia de Marco Maciel, jurista e polĂtico que honrou o exercĂcio da atividade pĂșblica e dignificou a vice presidĂȘncia da RepĂșblica.
— Alexandre de Moraes (@alexandre) June 12, 2021
*Com informações da AgĂȘncia Senado. Matéria atualizada às 11h11.