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Podcast: Ep 1 - DJ Eugênio Lima e os fundamentos da cultura Hip Hop

Em 2023, tivemos duas datas para comemorar os 50 anos do Hip Hop.

Por Da Redação

24/12/2023 às 09:10:02 - Atualizado há

Em 2023, tivemos duas datas para comemorar os 50 anos do Hip Hop. O dia 11 de agosto marcou os 50 anos da festa organizada pelos irmãos Cindy Campbell e Kool Herc, considerada o pilar fundante da cultura Hip Hop. E em 12 de novembro se celebrou o Dia Mundial do Hip Hop, data em que o rapper estadunidense Afrika Bambaatta criou a organização não governamental Universal Zulu Nation. Além das festas, a ONG organizava reuniões para atrair os jovens e apresentar o Hip Hop como alternativa à criminalidade.

Neste podcast você acompanha a conversa do DJ Eugênio Lima com o repórter Daniel Mello sobre o Hip Hop que é definido por ele como "a maior cultura urbana da história da humanidade". É isso, Hip Hop não é um movimento mas sim uma cultura, um modo de viver .

O Hip Hop também completou em 2023 40 anos de presença no Brasil. O DJ Eugênio Lima, pesquisador e um dos fundadores do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, grupo que pensa o teatro a partir da estética do Hip Hop, define esta cultura e seus pilares, como os elementos tradicionais africanos que dialogam com as populações negras em diáspora por todo o mundo.

"Uma coisa que o Bambaataa fala é que o Hip Hop nada mais é do que [a técnica] dos griôs [contadores tradicionais de histórias] da África [levada] para o sul do Bronx [bairro de Nova York, nos Estados Unidos]. E aqui, para mim, o sul do Bronx é só uma metáfora, porque é o sul do Bronx pode ser o Capão Redondo [zona sul paulistana], é o Alto José do Pinho [no Recife], é a periferia de São Luís, a periferia de Manaus", destaca DJ Eugênio.

Assim a forma tradicional de transmissão de saberes e histórias se transforma, para abarcar as construções que estão fora das formalidades acadêmicas.

Para DJ Eugênio o toca-discos é o pilar fundamental da cultura Hip Hop, que é construída a partir de quatro elementos: o DJ, o MC, o grafite e o break – batida, canto, pintura e dança. "A partir daí, se cria todo um grande vocabulário que a gente chama de conhecimento de rua. A escola da rua. O conhecimento, a moda a própria lógica da rua"

Você pode conferir, no menu abaixo, a transcrição do episódio, a tradução em Libras e ouvir o podcast no Spotify, além de checar toda a equipe que fez esse conteúdo chegar até você.

EPISÓDIO 1: DJ Eugênio Lima

Rappers Delight, de Sugarhill Gang 🎶

Vinheta: Dos griôs da África para as periferias do mundo: 50 anos de Hip Hop

Sobe som🎶

DJ Eugênio: Então, Daniel, esse aqui é o primeiro vinil, o primeiro fonograma da história do Hip Hop, é o Rapper's Delight, de Sugarhill Gang. Ele é de 1978, setembro de 1978. Lançado pela Suggar Hill Records. Apesar de o Hip Hop, a gente considerar que ele nasce em 73, na block party no sul do Bronx, quando o DJ Kool Herc monta a primeira block party na casa dele, né, no salão de festas da casa dele, é esse o fonograma que define o primeiro percurso fonográfico da história do Hip Hop.

Sobe som Rappers Delight🎶

Daniel Mello: Olá, eu sou Daniel Mello, jornalista da Empresa Brasil de Comunicação e vamos trazer nesta nova série de podcast da Radioagência Nacional os 50 anos da cultura Hip Hop no mundo. Nesse ano de 2023, tivemos duas datas para comemorar essa, classificada pelo DJ Eugênio Lima como "a maior cultura urbana da história da humanidade".

O dia 11 de agosto marcou os 50 anos da festa organizada pelos irmãos Cindy Campbell e Kool Herc, considerada o pilar fundante da cultura Hip Hop. E em 12 de novembro se celebra o Dia Mundial do Hip Hop, data em que o rapper estadunidense Afrika Bambaatta criou a organização não governamental Universal Zulu Nation. Além das festas, a ONG organizava reuniões para atrair os jovens e apresentar o Hip Hop como alternativa à criminalidade.

Neste primeiro episódio, o DJ Eugênio Lima, pesquisador do tema, explica os fundamentos da cultura Hip Hop e a sua ligação com a ancestralidade africana.

Sobe som Rappers Delight🎶

Daniel Mello: Como funciona a mágica da base, da voz, como é que funciona a mágica do DJ?

DJ Eugênio: Ó, eu vou explicar no meio do princípio, né. Em inglês quer dizer two turntables and a microphone, dois toca-discos e um microfone. Isso é a base do Hip Hop: dois toca-discos em um microfone. Por que tem um MC? Segundo o Kool Herc, é porque o DJ não tem três braços. Então, ele convida um MC chamado Coke La Rock, ele está com quase 80 anos hoje, tá vivo, e um outro MC chamado Mark Walters, esse já é falecido. Então, aqui você tem os dois toca-discos, né, os turntables, e você tem um mixer, onde você mixa volume. Isso aqui são os faders, o fader de volume, e também o cross-fader, como uma cruz. E a partir desse vocabulário, vai se criar dois elementos mais importantes da cultura Hip Hop que é o DJ e o MC. Mas a cultura Hip Hop é feita de vários outros conhecimentos, né. Então, os quatro elementos fundantes seriam: o grafite, que eles chamam de graffiti writters, ou seja, escritores de grafites. Os dançarinos – b-boys e b-girls – porque eles dançam nos breaks da música. Seria breakboy, porque se dançava nos intervalos instrumentais entre cada música.

Daniel Mello: A gente pode dizer, então, que o Hip Hop começa na mesa do DJ?

DJ Eugênio: A gente pode dizer não, ele começa na mesa do DJ. O pilar fundante da cultura é a block party de 1973, onde o Kool Herc monta isso e convida as outras pessoas. Eu tive o prazer de conhecer, esse lugar hoje, né, ele existe ainda, ele está sendo preparado para ser o templo do Hip Hop. Essa rua é chamada de Boulevard do Hip Hop e ela é uma rua sem saída, no sul do Bronx, dentro de um conjunto habitacional, em Nova York. Uma outra coisa também que é muito fundamental é esse cara aqui, Afrika Bambaataa. Então esse aqui é um encontro dele com James Brown. É creditado ao Bambaataa a nominação tanto do que a gente viria a fazer quanto do que a gente fazia. Então, é o Bambaataa que cria a ideia de que isso que se faz com esses quatro elementos é Hip Hop, e isso não é um movimento, é uma cultura. Em 2016, eles entregaram um documento na ONU, que é a declaração de paz da cultura Hip Hop. Que são uma série de mandamentos, como se fossem os dez mandamentos, mas tem mais que dez, tem uns 24 mandamentos, onde eles vão dizendo quais são os princípios fundamentais do que seria a cultura Hip Hop. É assinado pelo KRS-One, pelo Bambaataa e por mais de 300 ativistas do Hip Hop no mundo inteiro.

Daniel Mello: Você passou por várias coisas e eu fiquei com uma curiosidade. E o Grandmaster Flash, onde que ele entra?

DJ Eugênio: O Grandmaster Flash é tipo o mago. Muita gente credita a invenção do crossfader a ele, mas ele é o cara que faz aquela história de marcar os discos, de transformar o merry go-round, que era a técnica do Kool Herc, numa coisa mais pra frente, que é o back to back, que é ir e voltar com os toca-discos, numa estrutura interminável sem tirar o pé da dança. Então, o back to back, ele cria o vocabulário do que vai ser a ideia de que um MC e um DJ vão rimar juntos. Tem aqui um clássico que é uma pérola do que seria o Grandmaster Flash and the Furious Five, que chama The Message.

Sobe som 🎶

DJ Eugênio: Isso aqui é Grandmaster Flash and the Furious Five. Cowboy, Kid Creole, Melle Mel, Scorpio. Esse aqui é 1982. A gente credita muito essa ideia de que o Hip Hop, o rap, é a crônica da periferia. Essa é a primeira crônica. Essa é a primeira crônica. O Melle Mel vai descrever o que está acontecendo na quebrada.

Sobe som 🎶

DJ Eugênio: O primeiro verso é fantástico.

SOBE SOM: "Broken glass everywhere/People pissin' on the stairs, you know they just don't care/ I can't take the smell, can't take the noise"

DJ Eugênio: O Grandmaster Flash tem outra parada que é muito treta: ele é a primeira pessoa a gravar um disco dentro de um disco. Quando ele cria o Adventures on the Wheels of Steel, ele vai gravando a música com várias técnicas de mixagem dos toca-discos, entendeu? Vai criando um vocabulário. E é a primeira vez que vinis são usados para se criar um fonograma que também era em vinil. É tipo metalinguagem da metalinguagem. A gente chama isso de mashup hoje, mas não existia nem o nome pra dizer o que ele estava fazendo. O Grandmaster Flash é o grande arquiteto mesmo da estrutura que viria a ser as técnicas de discotecagem e a relação disso com a música.

Daniel Mello: Nessa pesquisa, qual você sentiu que é a trajetória do Hip Hop no Brasil?

DJ Eugênio: Eu acho que poucas vezes na história do Brasil uma construção cultural afro-diaspórica, preta, indígena, periférica, transnacional, transcultural fez o que os últimos 40 anos fez o Hip Hop fez no Brasil, né. Tem uma coisa também que eu sempre gosto de colocar, que é o Chico Science e Nação Zumbi, quando ele fala: "É Hip Hop na minha embolada". Então, assim, é um panorama de um processo que é muito maior do que a arte, mas, sim, um processo de sobrevivência. "Acharam que a gente estava morto", como diz o Dexter no Oitavo Anjo, "achavam que a gente estava derrotado, quem achou isso estava errado. Que a gente vivia sob ruínas e, portanto, seríamos arruinados", mas a gente transformou as ruínas na produção poética mais potente, a maior cultura urbana da história da humanidade. Então o Hip Hop brasileiro está dentro desse panorama, eu entendo ele dessa foram, né, como todo o Hip Hop no mundo, é diaspórico, é transnacional, então ele se conecta com outras diásporas no mundo todo, né? O território que a gente fala, seja a língua, seja o próprio território brasileiro, ele tem influências de outras tantas culturas, outros tantos beats, outras tantas sabedorias. Porque uma coisa que o Bambaataa fala é que o Hip Hop nada mais é do que dos griôs da África para o sul do Bronx. E pra mim o sul do Bronx é só uma metáfora, porque o sul do Bronx pode ser o Capão Redondo, o sul do Bronx é o Alto José do Pinho, o sul do Bronx é a periferia de São Luís, o sul do Bronx é a periferia de Manaus, é a periferia de qualquer outra grande cidade do mundo. Então, essa tecnologia dos griôs do oeste africano colocada, fundamentada, a partir dos toca-discos, a partir da cultura de rua, a partir do conhecimento que não é o conhecimento da sabedoria formal trancafiada com seus parâmetros. E além do que é um conhecimento construído profundamente a partir da oralidade.

Daniel Mello: Abre oportunidades pra juventude periférica?

DJ Eugênio: Quando a gente fala em abrir oportunidades, a gente pensa no sentido da sobrevivência material. Abre oportunidade de emprego e eu não acho que todo mundo vai ser DJ, MC, mas assim, tem advogados que foram formados pelo Hip Hop, tem filósofos que foram formados pelo hip-hop, tem artistas plásticos que foram formados pelo Hip Hop, tem doutores que foram formados pelo Hip Hop. Hip Hop é uma tecnologia de pensamento, entendeu, de capacidade de articulação, de projeção de mundo. Ele abre sim as portas para a juventude periférica, principalmente porque ela abre a possibilidade de você narrar a sua própria história. De ninguém contar a sua história por você. De você ter a possibilidade e o direito sagrado de rimar a sua própria vida. Essa é uma das coisas que a cultura Hip Hop faz. E possibilitou isso ao longo do mundo inteiro. O Gog já falava: "Em Brasília, periferia, periferia, periferia, aqui ou em qualquer lugar". O que ele quer dizer com isso? Que a periferia de Bangladesh se conecta com a periferia de Chicago, que por sua vez se conecta com a periferia de Brasília. Essa é a linha indivisível, entendeu? Essa tecnologia é uma tecnologia de sobrevivência, de sobrevivência de mundos, de sobrevivência de vida. Por isso que a gente fala que o Hip Hop salva. Não é porque é um salvacionismo da branquitude. É um salva porque ele cria possibilidades de existência que eram reduzidas. Ele cria mundos. É voz ativa.

Daniel Mello: O que você acha que o slam representa para a poesia brasileira?

DJ Eugênio: Não vou nem falar palavras minhas. Segundo o Marcelino Freire, o slam, talvez seja, dos últimos 20 anos, o movimento mais importante da poesia brasileira. Mas, para além disso, ele cria comunidades. E comunidades são o quê? Possibilidade de pessoas em espaços livres falarem o que pensam sobre o mundo através de linguagens poéticas. Não existe uma poesia de slam. Slam, a competição, é só um pretexto para se construir vocabulário. E a gente colocou o slam brasileiro na rota, nos seus grandes encontros mundiais. Você teve durante muito tempo, quase dez anos, o Rio Poetry Slam, que foi o primeiro festival internacional de poesia falada. Você tem o campeonato brasileiro, o Slam BR, que foi o Núcleo Bartolomeu que montou. Então, isso criou uma possibilidade de inúmeras, múltiplas reconexões de diversos caminhos com diversas comunidades, desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul.

Daniel Mello: Mas eu queria voltar a falar de livros, a gente estava conversando sobre o Aqui também Guardamos Pedras, da Luiza Romão, que é uma poeta que veio do Slam, né, e que ganhou o Prêmio Jabuti, um dos principais prêmio de literatura em língua portuguesa. E agora a gente viu também que o Sobrevivendo do Inferno, dos Racionais, é literatura obrigatória na Unicamp. Como é que você vê isso? Qual é a importância disso?

DJ Eugênio: Eu acho que isso é só uma prova do que já estava construído há muito tempo. A academia demora muito para reconhecer aquilo que é óbvio e, às vezes, acha que descobriu a pedra quando descobre aquilo que era óbvio e cria outras normativas. Porque, assim, o Sobrevivendo no Inferno foi um clássico instantâneo. Diário de um Detento, Estou Ouvindo Alguém me Chamar, Fórmula Mágica da Paz, tudo isso foram clássicos instantâneos. Não só pela documentação do processo histórico, porque ali o Racionais se firmava como talvez a maior representação da música brasileira naquele momento histórico, em um lugar onde não se pensava que poderia se constituir sabedoria. Eu gosto muito de um trecho do Fórmula Mágica da Paz, do Racionais, que o Brown fala assim:

Sobe som Racionais 🎶: "Essa porra é um campo minado. Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui, mas aí, minha área é tudo o que eu tenho. A minha vida é aqui, eu não consigo sair. É muito fácil fugir, mas eu não vou. Não vou trair quem eu fui e quem eu sou. Eu gosto de onde vou e de onde vim. O ensinamento da favela foi muito bom pra mim. Cada lugar um lugar, cada lugar uma lei, cada lei uma razão. E eu sempre respeitei qualquer jurisdição, qualquer área".

Cai BG 🎶

DJ Eugênio: Pensa nisso, na trajetória da música, mas pensa nisso se ele não está falando sobre a linguagem? É isso: a linguagem é um campo minado, entendeu? Mas e aí?! Minha área é tudo eu tenho, a minha vida é aqui, entendeu? Eu não consigo sair. Então é isso, é sobre cultura, sobre linguagem, sobre pertencimento, sobre a dona Maria de luto, narrativas que o Brasil nunca teve capacidade de entender como elas eram produzidas. Então, o livro Sobrevivendo no Inferno não é nada mais do que a academia entendendo, as editoras entendendo a grande sabedoria. Porque ele é tudo: ele é literatura, é conhecimento, é hino, é sobrevivência, é estilo de vida, é um monte de coisa. E é também um documento da dor. O Brown fala sobre isso: é um grande documento da dor. Nos shows de Sobrevivendo no Inferno tiveram aqueles grandes acontecimentos, que pessoas faleceram e tal. Também é um documento da dor. Não está dissociada uma coisa da outra. É sobre dor, é sobre resistência, é sobre estar na linha de frente, ao mesmo tempo sobre como criar estratégias para além da sobrevivência, para a própria existência.

Sobe som 🎶 Fim de semana no parque

"Chegou o fim de semana, todos querem diversão, só alegria, nós estamos no verão "

Cai BG 🎶

CRÉDITOS:

Daniel Mello: Este foi o primeiro de sete episódios do Podcast Dos griôs da África para as periferias do mundo: 50 anos de Hip Hop. Uma produção da Radioagência Nacional.

A reportagem, entrevistas e narração foram minhas, Daniel Mello.

A produção, de Sara Quines.

Adaptação, edição, roteiro e montagem de Akemi Nitahara

Coordenação de processos de Beatriz Arcoverde

Sonoplastia: Jaílton Sodré

Música tema da série: Rappers Delight, de Sugarhill Gang, a primeira gravação de Hip Hop

Neste episódio também utilizamos as músicas Fórmula Mágica da Paz e Fim de semana no Parque, dos Racionais MC's, e The Message, do Grandmaster Flash and the Furious Five.

A produção também está disponível nas plataformas de áudio e com interpretação de libras no Youtube. No próximo episódio, você confere a entrevista com o pioneiro do break no Brasil, Nelson Triunfo.

Sobe som 🎶

"Vamos passear no parque, uou.. "

Sobe som 🎶

Em breve

Entrevistas e narração Daniel Mello
Adaptação, edição, roteiro e montagem Akemi Nitahara
Produção Sara Quines
Coordenação de processos e edição Beatriz Arcoverde
Sonoplastia: Jailton Sodré
Identidade visual e design: Caroline Ramos
Interpretação em Libras: Equipe EBC

Quer saber mais sobre o tema? Confira o Caminhos da Reportagem, produzido pela TV Brasil e a série de entrevistas da Agência Brasil.

© Arte sobre foto de Paulo Pinto/Agência Brasil

Cultura Dos griôs da África para as periferias do mundo: 50 anos de Hip Hop Rio de Janeiro 24/12/2023 - 07:15 Beatriz Arcoverde Akemi Nitahara e Daniel Mello 50 anos de Hip Hop Podcasts Radioagência Nacional domingo, 24 Dezembro, 2023 - 07:15 15:49
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