Drogarias Nissei: Farallon banca aumento de capital de R$ 360 milhões

O Farallon Capital, um dos maiores hedge funds dos Estados Unidos, está financiando um aumento de capital de R$ 360 milhões para a Drogaria Nissei, líder de mercado no Paraná.

O Farallon está apoiando a família Maeoka, controladora da empresa, que realizará o aumento de capital, mantendo-se como proprietária integral da empresa.

Os fundos serão destinados à expansão do parque de lojas. Os termos do empréstimo possibilitam que o Farallon participe do ganho em um evento de liquidez da empresa, como um IPO ou venda. A escolha de estruturar a operação como um financiamento ao controlador visa evitar discussões de valuation neste momento, conforme explicou Antenor Camargo, da Farallon, ao Brazil Journal.

Este aumento de capital será histórico para a Nissei, fundada há mais de 35 anos por Sergio Maeoka, filho de agricultores que começou entregando remédios aos 14 anos.

Com essa capitalização, o patrimônio líquido da empresa aumentará de R$ 32 milhões para quase R$ 400 milhões.

Esta é a segunda vez que o fundo de São Francisco injeta recursos na Nissei. Em 2017, o Farallon estruturou um empréstimo mezanino de R$ 150 milhões para a empresa, usado principalmente para reestruturar a dívida.

Parte dos recursos levantados agora será utilizada para adquirir 40 pontos comerciais na Baixada Santista e no interior de São Paulo, anteriormente pertencentes à Poupafarma, por R$ 13 milhões em um leilão de recuperação judicial.

Para adaptar essas lojas ao modelo da Nissei, a empresa planeja investir mais R$ 40 milhões em reformas, com a expectativa de que as lojas estejam operacionais em 90 dias.

Além das lojas da Poupafarma, a Nissei planeja abrir outras 30 lojas greenfield ao longo de 2024, marcando o maior ano de aberturas na história da empresa.

Atualmente, a Nissei possui 380 lojas, sendo 300 no Paraná, 20 em Santa Catarina e 60 em São Paulo. As novas aberturas se concentrarão em São Paulo, com metade da expansão greenfield ocorrendo no estado.

Esta capitalização ocorre três anos após a tentativa frustrada de IPO da Nissei. O CEO Alexandre Maeoka afirmou ao Brazil Journal que, na época, os investidores estavam preocupados principalmente com a capacidade da rede de replicar seu modelo de negócios fora do Paraná, especialmente em São Paulo.

Ao contrário das três grandes redes listadas, a Nissei opera com um modelo de drugstore, lojas grandes com uma média de 270 metros quadrados, destinando uma área significativa a itens de conveniência e bem-estar, impulsionando a margem.

Enquanto uma farmácia tradicional possui de 9 mil a 10 mil SKUs, uma loja da Nissei oferece 17 mil produtos, com itens de conveniência, higiene e beleza respondendo por 44% da receita. Isso contrasta com Raia e Pague Menos, onde essa participação é de 24%, e com a Panvel, onde é de 35%.

"A parte de conveniência, como matinais, biscoitos e laticínios, responde por apenas 9% do faturamento da loja, mas a margem dessa categoria é muito alta, pagando sozinha mais do que o custo de locação, que é a segunda maior despesa de uma farmácia, atrás apenas da folha salarial", afirmou Alexandre.

Esse modelo permite que a Nissei opere com uma margem bruta de 38%, em comparação com 35% a 36% da RD, Panvel e Pague Menos. Embora pareça pouco, "num setor que opera com margem EBITDA muito baixa, 2 a 3 pontos de margem bruta fazem toda a diferença", destacou Antenor.

Alexandre afirmou que não vê um ambiente competitivo pior em São Paulo do que no Paraná, e que o nível de margem das lojas em São Paulo é equivalente ao de seu estado natal. "É claro que há uma diferenciação pela maturidade das lojas. Mas uma loja com esse nível de maturidade no Paraná tem uma margem muito parecida com a de São Paulo. Assim como há esquinas com quatro farmácias em São Paulo, no Paraná também há."