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A China está apagando o nome e a cultura do Tibete aos poucos

Beijing está adotando uma mudança significativa ao abandonar gradualmente o uso do termo “Tibete” em referências oficiais em inglês, optando pelo nome em chinês mandarim, “Xizang”.

Por Da Redação

15/11/2023 às 12:17:23 - Atualizado há

Beijing está adotando uma mudança significativa ao abandonar gradualmente o uso do termo “Tibete” em referências oficiais em inglês, optando pelo nome em chinês mandarim, “Xizang”. Especialistas acreditam que essa medida está alinhada com as políticas do governo chinês, que buscam suprimir a cultura tibetana, segundo reportagem da revista Newsweek.

O departamento de propaganda do Conselho de Estado da China recentemente divulgou um documento oficial sobre a “Governança de Xizang na Nova Era”, enfatizando o uso exclusivo de “Xizang” para se referir ao nome oficial da região sudoeste, enquanto o termo “tibetano” ainda é empregado para designar o povo e as características geográficas da área, como o planalto da região.

O registro oficial, divulgado pelo departamento de propaganda do Conselho de Estado da China, é uma resposta ao fórum realizado em outubro na cidade tibetana de Nyingchi. Durante o evento, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, rejeitou preocupações ocidentais sobre direitos humanos e convidou visitantes internacionais para uma mostra de cultura étnica na região, que é altamente monitorada por Beijing.

O Palácio de Potala, local sagrado para os budistas tibetanos (USAID U.S. Agency for International Development/Flickr)

Na tradução para o inglês do discurso de abertura feito por Wang , o termo “Xizang” foi utilizado em vez de “Tibete”. A mudança reflete a tendência do governo chinês em substituir gradualmente o uso de “Tibete” em referências oficiais em inglês, destacando uma abordagem mais alinhada com as políticas de assimilação cultural promovidas no país.

Tenzin Lekshay, porta-voz da Administração Central Tibetana, criticou as recentes iniciativas do governo chinês para promover o uso do termo “Xizang”.

Ele avalia que Beijing está “desesperada” para criar uma imagem do Tibete com características chinesas desconhecidas pelo mundo, buscando legitimar sua reivindicação sobre a região. Lekshay enfatizou que a mudança rigorosa do nome em todos os registros e comunicações oficiais é uma estratégia destinada a “dividir e aniquilar” o Tibete, complicando ainda mais o conflito de longa data entre o país e a região autônoma, em vez de resolvê-lo.

Paralelamente, Beijing alega que suas políticas têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que residem na região pouco populosa conhecida como “telhado do mundo“.

Genocídio cultural

O acadêmico alemão Adrian Zenz, especializado em questões relacionadas ao trabalho forçado e assimilação forçada na China, declarou à Newsweek que a estratégia de Beijing no Tibete é caracterizada como um genocídio cultural gradual. Zenz destacou a abrangência dessa estratégia, que envolve tanto a assimilação linguística quanto a “separação direcionada das crianças dos pais através do sistema de internato em expansão”.

Em resposta a essas práticas, em agosto, o Departamento de Estado dos EUA anunciou restrições de vistos para funcionários supostamente envolvidos na assimilação forçada de crianças tibetanas em internatos governamentais.

O secretário de Estado Antony Blinken instou as autoridades chinesas a encerrarem a coerção desses jovens e a abandonarem “políticas repressivas de assimilação”, não apenas no Tibete, mas em toda a China, enfatizando que os EUA continuarão trabalhando com aliados para destacar essas ações e “promover a responsabilização”.

Em um encontro entre a autoridade norte-americana e Wang em outubro, Blinken levantou preocupações sobre direitos humanos não apenas no Tibete, mas também em Xinjiang e Hong Kong. Essas discussões ocorreram como preparação para a reunião entre o presidente chinês Xi Jinping e o chefe da Casa Braca Joe Biden, destacando a importância das questões de direitos humanos na agenda diplomática entre os dois países.

Assimilação

Beijing promove a assimilação cultural no Tibete por meio de várias estratégias. Uma abordagem-chave é a substituição gradual de termos e símbolos tibetanos por elementos da cultura chinesa. Isso inclui a mencionada promoção ativa do uso do termo “Xizang” em vez de “Tibete” em referências oficiais em inglês, como parte de uma tentativa de redefinir a identidade da região de acordo com a perspectiva chinesa.

Além disso, o governo chinês implementa políticas linguísticas que incentivam o uso do mandarim em detrimento do tibetano. Essas medidas visam suprimir a língua tibetana, que desempenha um papel crucial na preservação da identidade cultural.

Outra tática é o controle rígido sobre a educação, com ênfase na disseminação da narrativa oficial chinesa sobre a história e a cultura do Tibete. A imposição de internatos e a separação de crianças de suas famílias, conforme mencionado por Zenz, também são parte desse esforço para moldar a identidade das gerações mais jovens de acordo com a visão chinesa.

Essas políticas têm sido criticadas por organizações de direitos humanos e representantes do governo tibetano no exílio, que argumentam que tais medidas representam uma ameaça à preservação da cultura e identidade locais.

Fonte: A Referência
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Jornalista Luciana Pombo

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