Geral conflito

A luta diária para sobreviver em meio a ruínas e bombas em Gaza

Desde que perdeu sua casa em um bombardeio, Amal al-Robaya dorme com milhares de deslocados em uma escola em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Por Da Redação

09/11/2023 às 20:23:33 - Atualizado há
Foto: Reprodução internet

Desde que perdeu sua casa em um bombardeio, Amal al-Robaya dorme com milhares de deslocados em uma escola em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Seu cotidiano para encontrar comida e água se assemelha a uma angustiante corrida de obstáculos.

Todas as manhãs, Robaya, de 45 anos, sai do estabelecimento das Nações Unidas onde se refugiou com o marido, seus seis filhos, a nora e os dois netos.

Sua primeira missão é ir até o que resta do prédio onde morava em Rafah para “buscar farinha na casa de vizinhos e fazer pão”.

“É a primeira coisa em que penso ao acordar: como vou alimentar as crianças hoje?”, interroga-se a mulher.

Seu filho Suleiman, de 24 anos, assim que acorda corre para uma padaria para pegar um número na fila. Faz o mesmo em um ponto de distribuição de água.

“Tento encher um ou dois galões de água antes de voltar para a padaria quando abre”, conta à AFP.

“É um desafio”, suspira porque esta tarefa costuma demorar “duas horas se você tiver sorte, mas frequentemente leva quatro ou cinco”, quando não acaba tendo que voltar de mãos vazias.

– Pão, água e às vezes banho –

O bloco de edifícios onde a família morava foi varrido por um bombardeio israelense em 7 de outubro.

Aquele dia foi o primeiro de uma guerra desatada por um ataque do movimento islamista palestino Hamas contra Israel, que deixou mais de 1.400 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses.

Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses, lançados em represália, deixaram mais de 10.800 mortos, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

“Não nos resta nada”, lamenta Robaya.

Sua cunhada, Nesrin, de 39 anos, mostra, orgulhosa, uma pequena bolsa de farinha que conseguiu pegar.

Sem demora, as duas mulheres a misturam a um pouco de água. Enquanto uma sova, a outra busca pedaços de papelão e de madeira em meio aos escombros para fazer uma fogueira para assar o pão.

Ao seu lado está Bilal, de 9 anos, que quer dar uma mãozinha. “Vejam! Eu também ajudo! Ninguém vai poder dizer que não fiz nada hoje!”, exclama, enquanto estende a roupa sobre placas de cimento.

Para lavá-las, usa-se a menor quantidade de água possível. É um bem escasso e é preciso preservá-la para poder tomar banho de vez em quando.

“As crianças e eu costumamos tomar banho a cada quatro ou cinco dias, mas às vezes não há água e temos que esperar mais”, explica Amal. Enquanto fala, seu marido, Imed, tenta distrair as crianças tocando ney, a flauta tradicional árabe.

– Cantar para suportar –

Imed lembra com saudades da comida das sextas-feiras antes da guerra. “Frango e arroz, duas coisas que não vemos há muito tempo”, conta.

Ao cair da tarde, a família conseguiu reunir 27 litros d’água, 500 gramas de massa e um pacote de molho.

“Começamos dando de comer às crianças”, explica Imed entre os escombros. Depois da refeição, os pais se contentam com uma xícara de chá.

Antes do pôr-do-sol, a família volta para a escola da ONU, transformada em abrigo para pessoas deslocadas pela guerra.

“Não temos roupas de inverno para as crianças e cada noite é um pouco mais fria que a anterior”, preocupa-se Robaya.

“As crianças mal dormem e quando conseguem, acordam no meio da noite gritando”, acrescenta sua cunhada. “Assim, eu passo a noite esperando que o sol nasça para voltar para minha casa”.

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Fonte: Isto É
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