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Legado de repressão de Li Keqiang ficará marcado na memória dos uigures

Enquanto boa parte da população chinesa lamenta a morte de Li Keqiang, entre os uigures e tibetanos, não há espaço para calorosos sentimentos de despedida em relação ao ex-primeiro-ministro, que ficou mais conhecido entre esses povos por seu papel na repressão de Beijing do que pelas reformas econômicas.

Por Da Redação

02/11/2023 às 13:01:50 - Atualizado há

Enquanto boa parte da população chinesa lamenta a morte de Li Keqiang, entre os uigures e tibetanos, não há espaço para calorosos sentimentos de despedida em relação ao ex-primeiro-ministro, que ficou mais conhecido entre esses povos por seu papel na repressão de Beijing do que pelas reformas econômicas. As informações são da rede Radio Free Asia.

Li, que integrou o Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC) de 2012 a 2022, faleceu devido a um ataque cardíaco na última quinta-feira (26), aos 68 anos.

O ex-premiê desempenhou um papel crucial na política de repressão do governo chinês em relação aos uigures, uma minoria étnica predominantemente muçulmana, bem como a outras minorias turcas em Xinjiang. Isso resultou em detenções em massa, com cerca de 1,8 milhão de pessoas sendo internadas em campos de detenção em 2017 e 2018, de acordo com especialistas da região.

Li Keqiang durante visita à Rússia em 2017 (Foto: WikiCommons)

Essa escalada de violações dos direitos humanos abrangeu desde a tortura de detidos até a imposição de abortos forçados e esterilização forçada em mulheres muçulmanas. Outro aspecto preocupante foi a exploração do trabalho forçado, que levou os Estados Unidos e várias nações a classificarem essas ações como genocídio.

Apesar dessas acusações persistentes, as autoridades chinesas mantiveram sua negação, argumentando que os campos tinham um propósito de “treinamento profissional“. A controvérsia em torno desses eventos em Xinjiang permanece um ponto de tensão nas relações internacionais e um foco de atenção global.

Jojje Olsson, um jornalista sueco renomado por seu trabalho no Kinamedia, o principal site do país dedicado à cobertura da China, fez uma incisiva declaração no X, antigo Twitter, que chamou a atenção de seus seguidores.

Na postagem, ele alertou que romantizar a figura de Li Keqiang como um “homem do povo” devido à sua abordagem mais liberal em relação ao controle estatal na economia e à aparente ausência de um lado cruel, comparado ao presidente chinês Xi Jinping, era “um erro”. A justificativa é a de que a implementação de políticas suas levaram à prisão de centenas de milhares de uigures devido à sua etnia.

No “Xinjiang Papers“, uma coleção de documentos internos do PCC vazados em 2019, que detalham a política de repressão do governo chinês contra os uigures e outras minorias étnicas na região de Xinjiang, a extensão das detenções em massa, vigilância intrusiva e a repressão sistemática dos direitos humanos nessa região pode ser medida.

Dentro dos documentos, foram encontradas declarações feitas por diversos líderes comunistas, incluindo Li Keqiang. Esses pronunciamentos desencadearam a formulação de políticas repressivas, como a detenção em massa de uigures e outros em campos de “reeducação”, a imposição de esterilizações a mulheres uigures detidas e a utilização de uigures em trabalhos forçados em fábricas.

Os tibetanos também afirmam que Li não fez esforços significativos para proteger seus direitos humanos durante seu tempo no poder. Em uma visita à região conhecida como “Telhado do Mundo” em 2018, ele reiterou a visão de que o Tibete é parte inalienável da China.

Bawa Kelsang Gyaltsen, representante do Gabinete do Tibete em Taiwan, destacou que as políticas rígidas aplicadas pelos líderes comunistas chineses contra os tibetanos e outras minorias mantiveram-se “consistentes”. Segundo ele, a situação dos direitos humanos dos tibetanos no Tibete “permaneceu preocupante”, mesmo durante o governo de Li Keqiang.

Gyaltsen também observou que embora as políticas chinesas no Tibete tenham se tornado notavelmente restritivas e opressivas sob a liderança de Xi Jinping, nenhum funcionário chinês se destacou como uma voz crítica suficientemente forte contra essas violações e a repressão em curso.

Fonte: A Referência
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