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ANSA/Na Argentina, Milei capitaliza o voto de protesto

BUENOS AIRES, 21 OUT (ANSA) – Por Patrizia Antonini – Ele considera as mudanças climáticas “uma farsa de esquerda”, promete fechar o Banco Central e basear a economia argentina exclusivamente no dólar americano.

Por Da Redação

21/10/2023 às 16:14:29 - Atualizado há
Foto: Reprodução internet

BUENOS AIRES, 21 OUT (ANSA) – Por Patrizia Antonini – Ele considera as mudanças climáticas “uma farsa de esquerda”, promete fechar o Banco Central e basear a economia argentina exclusivamente no dólar americano. Javier Milei, o excêntrico inimigo da casta, o antissistema do topete rebelde que se reconhece no partido de extrema direita espanhol Vox, cavalga o protesto dos trabalhadores que não conseguem chegar ao fim do mês e almeja vencer no primeiro turno das eleições presidenciais, que amanhã convocarão mais de 35 milhões de cidadãos às urnas.

Um resultado que não é de forma alguma certo. As pesquisas apontam um cenário incerto, no qual o progressista peronista Sergio Massa, da coalizão União pela Pátria (UP), e a conservadora Patricia Bullrich, da aliança Juntos pela Mudança (JxC), perseguem o anarcocapitalista da coligação A Liberdade Avança (LLA) com margens percentuais estreitas. Com isso, os cerca de 10% a 12% de eleitores indecisos podem ser determinantes.

E mesmo que os observadores não excluam a hipótese de um cisne negro – como aconteceu nas primárias gerais, quando Milei saltou surpreendentemente para o topo da preferência, com 29,8% -, para conquistar a Casa Rosada é preciso obter 45% dos votos, ou 40% com uma vantagem de 10 pontos para o segundo colocado.

Caso contrário, a disputa será adiada por um mês, com segundo turno no dia 19 de novembro.

Ainda assim, o novo “Trump sul-americano” mostrou capacidade de interpretar a raiva acumulada ao longo de anos de declínio socioeconômico no país, com um descontentamento que em agosto chegou a resultar no saque a supermercados nas províncias mais pobres.

Embora o ultraliberal pregue que quer fechar as torneiras dos subsídios estatais, com a privatização de hospitais, escolas e transportes – indo contra os próprios interesses de muitos dos seus apoiadores -, o fenômeno da sua ascensão deve ser visto dentro do quadro de um país marcado por uma profunda crise econômica, inflação de 140% e pela grande vontade de redenção.

Mas também deve ser lido no âmbito de uma guerra contra a política corrupta, acusada de ter arrastado a Argentina para a beira do abismo: a “casta de ladrões” que Milei – “rei de um mundo perdido” – declara querer destruir em pedaços, como representado plasticamente durante comícios segurando uma serra elétrica. A mesma promessa eleitoral que, em 2018, levou Jair Bolsonaro à vitória no Brasil.

Aliás, não é por acaso que o deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente brasileiro, acompanhará a apuração no Hotel Sheraton Libertador, em Buenos Aires, ao lado de Milei, bem como representantes do Vox. A bem-sucedida estratégia digital da campanha do ultraliberal se deve a Fernando Cerimedo, fundador do site La Derecha Diario e já envolvido nas campanhas do chileno José Antonio Kast e de Bolsonaro, em um fio que liga as Américas de norte a sul, passando por Steve Bannon, ex-assessor de Trump. (ANSA).

Fonte: Isto É
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