PolĂ­tica situação de rua

Estudo mostra como sistemas alimentares agravam e enraízam iniquidades

Por Agência Brasil

20/09/2023 às 08:23:44 - Atualizado hĂĄ
Foto: Reprodução internet

Desigualdades de raça, gĂȘnero e classe social contribuem para diversas violações do direito à alimentação e à nutrição adequadas, afetando de forma mais intensa negros, mulheres e crianças, além de pessoas com mais baixa renda. A conclusão é do estudo Prato do Dia: Desigualdades. Raça, GĂȘnero e Classe nos Sistemas Alimentares, divulgado pela Organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas (Fian).

O trabalho foi conduzido entre 2022 e 2023 por cinco pesquisadores e analisa dados pré-pandemia (perĂ­odo entre 2017 e 2018) coletados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica (IBGE), além de textos pĂșblicos de organizações de diferentes setores da sociedade – comercial, movimentos sociais, entidades profissionais e academia.

Em entrevista à AgĂȘncia Brasil, a coordenadora do estudo, Veruska Prado, destacou que as desigualdades no acesso, no consumo e na produção de alimentos atualmente são tratadas de forma generalizada e, em alguns momentos, até mesmo naturalizadas. "O tema das desigualdades de raça, gĂȘnero e classe estĂĄ presente no discurso de diferentes segmentos da sociedade brasileira. A grande questão é que isso é algo que estĂĄ tão presente na formação do Brasil e no cotidiano dos brasileiros e brasileiras."

"Todos nós, quando saĂ­mos de casa, acabamos vendo pessoas em situação de rua, sabemos de pessoas que estão passando fome e outras violações aos direitos humanos a que a gente cotidianamente assiste. Isso estĂĄ um pouco naturalizado, como se fosse uma situação impossĂ­vel de ser modificada. Então, o tema é tratado", disse Veruska.

A pesquisadora alerta para a necessidade de uma abordagem mais especĂ­fica nas falas sobre desigualdades relacionadas ao acesso à alimentação. "Todas as organizações da sociedade civil, sejam aquelas vinculadas ao setor privado, ao setor pĂșblico, aos movimentos sociais e à academia trazem esse tema. No entanto, essa forma de trazer estĂĄ generalizada e não é especĂ­fica. A questão da alimentação, por interferĂȘncia de raça, gĂȘnero e classe social, mesmo dentro desse grupo, precisa ter olhares diferenciados."

"HĂĄ, dentro desse grupo de pessoas em situação de maior vulnerabilidade para segurança alimentar, pessoas ou grupos de indivĂ­duos que tĂȘm riscos maiores de isso acontecer em suas vidas. Por que isso acontece? A explicação que a gente estĂĄ trazendo é que são questões estruturais no Brasil relacionadas à raça, gĂȘnero, desigualdades existentes no acesso ao mercado de trabalho e na garantia de meios para a sobrevivĂȘncia e vida digna."

Veruska lembrou que o perĂ­odo analisado no estudo inclui a fase anterior à pandemia de covid-19 e disse que, mesmo naquela época, jĂĄ havia indicativos de que lares chefiados por mulheres, por exemplo, vivenciavam fome e outras formas de insegurança alimentar, como o medo de não ter acesso ao alimento até o final. Outra realidade identificada pelos pesquisadores nesse perĂ­odo inclui adaptações alimentares nas famĂ­lias, como quando a mulher passar a comer menos pra que as crianças possam manter sua alimentação.

"No mundo de hoje e no Brasil que a gente tem, pós-pandemia, com o tanto de gente que ainda estĂĄ em situação de fome, não dĂĄ mais para a gente tratar as desigualdades do ponto de vista de algo generalizado na população. Dentro das pessoas que estão passando fome e em situação de insegurança alimentar, com violação do seu direito humano à alimentação e nutrição adequadas, é fundamental que a gente seja mais assertivo e especĂ­fico nas nossas ações", concluiu.

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