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Americanas: o próximo passo de Miguel Gutierrez

O ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, está atualmente reunindo e-mails e mensagens de WhatsApp trocados entre membros de alto escalão da Americanas.

Por Da Redação

13/09/2023 às 04:19:36 - Atualizado há
Foto: Reprodução internet

O ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, está atualmente reunindo e-mails e mensagens de WhatsApp trocados entre membros de alto escalão da Americanas. Estes registros serão anexados em breve em um processo que envolve a varejista e o Bradesco, além de serem apresentados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de acordo com informações obtidas pelo Pipeline. O objetivo principal é fornecer evidências detalhadas sobre os tópicos discutidos por conselheiros e membros dos comitês durante suas reuniões, bem como a abordagem de questões financeiras.

Gutierrez está buscando refutar a alegação de que a diretoria controlava totalmente a empresa, enquanto os conselhos e comitês eram mantidos à margem das questões cotidianas e não estavam cientes da situação financeira problemática. As mensagens acessadas pelo Pipeline não mencionam fraude contábil ou atividades ilícitas, mas abordam tópicos como o uso de caixa para antecipação de pagamentos a fornecedores, a melhoria da imagem da empresa perante os investidores e solicitações de detalhes sobre dívida e caixa.

Entre essas mensagens estão e-mails de Eduardo Saggioro, sócio da LTS Investments e membro do conselho da Americanas, que resume os assuntos discutidos no comitê de estratégia e comunicação. Um desses e-mails, datado de 5 de maio de 2022, inclui tópicos como o Programa de Antecipação de Fornecedores (PAF), que utiliza o caixa da empresa em vez de linhas de crédito bancário.

Em uma mensagem de WhatsApp ao então CEO, datada de 13 de setembro, Saggioro discute assuntos a serem abordados em uma reunião futura, como o progresso do onboarding de Sergio Rial e a dinâmica competitiva de estratégia e planejamento de vendas para o quarto trimestre. Esses exemplos são usados por Gutierrez para demonstrar a proximidade entre Sicupira e a empresa, mesmo em questões cotidianas.

Em outra mensagem, de 31 de outubro, o financeiro Marcelo Nunes, que fechou um acordo de delação com o Ministério Público Federal, menciona uma mensagem atribuída a Paulo Lemann, membro do comitê de auditoria, que solicita detalhes sobre dívida e caixa, com e sem recebíveis, e capital de giro. Essas mensagens indicam a preocupação com a situação financeira da empresa.

Gutierrez está enfatizando as questões financeiras porque, segundo sua defesa, a Americanas enfrentava uma fragilidade financeira, não uma fraude contábil. Isso incluiu o rápido esgotamento de recursos financeiros e a crescente relutância dos bancos em colaborar, questões que teriam sido discutidas inclusive com o novo CEO. A Americanas, por sua vez, alega que o alto escalão discutiu “tropeços nos indicadores do terceiro trimestre” em dezembro, mas manteve a confiança no potencial do negócio. A empresa busca refutar a alegação de Gutierrez de que a contabilidade não estava dentro de sua área de responsabilidade.

A estratégia de Gutierrez para a próxima etapa do processo é semelhante à adotada pela Americanas recentemente, ao anexar documentos que não abordam explicitamente a fraude contábil, mas que se encaixam em um contexto mais amplo. No entanto, fontes próximas à LTS acreditam que os registros de Gutierrez podem demonstrar que o comitê estava sendo diligente em suas responsabilidades.

A Americanas menciona um e-mail em que um membro do comitê questiona a diretoria sobre o interesse da P&G no PAF, explicando que a empresa não estava dando “confirming” aos bancos, o que significava que a diretoria estava informando que não estava realizando o risco sacado, uma vez que não estava permitindo que os bancos descontassem duplicatas.

A temperatura do processo aumentou nos últimos dias, com o Bradesco questionando o envolvimento do conselho na fraude contábil, o que a Americanas vê como uma mudança súbita na postura dos bancos credores, que inicialmente tinham adotado uma abordagem mais amena. A varejista acredita que isso sugere um conluio entre os bancos e o ex-CEO devido a desacordos nas negociações financeiras.

A LTS afirmou que é prática diligente que questões estratégicas da empresa sejam acompanhadas por membros do conselho de administração. A defesa de Miguel Gutierrez reiterou que as alegações da Americanas serão respondidas nos foros apropriados e enfatizou que os documentos apresentados pela empresa estão fora de contexto e não se relacionam com as alegadas fraudes contábeis.

Fonte: Pipeline Valor

Fonte: Biznews
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