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Acidentes de trânsito mataram 69 motociclistas em Curitiba, em 2020; 'Meu neto lembra do pai todos os dias'

Por Jornalista Luciana Pombo

20/05/2021 às 17:10:14 - Atualizado há
Em Curitiba, em 2020 foram 181 mortes em 178 acidentes. Número de mortes de motociclistas correspondente a 38,1%, segundo dados da prefeitura. Matheus morreu em acidente na CIC e deixou filho e esposa.

Arquivo Pessoal

O trânsito de Curitiba é perigoso para quem anda de moto. Essa é a informação que traz o relatório da prefeitura que mostra que das 181 mortes no trânsito em 2020, 69 eram motociclistas. O número correspondente a 38,1% dos óbitos nos acidentes.

Entre as mortes no trânsito de Curitiba também apareceram 65 pedestres, 29 ocupantes de automóvel e 15 ciclistas. Ao todo, foram 178 acidentes, três deles com duas mortes cada.

Os dados constam no relatório com a análise do Programa Vida no Trânsito (PVT) e foram divulgados para conscientização deste Maio Amarelo.

Na análise dos óbitos por faixa etária e sexo é possível apontar o homem jovem, de 20 a 29 anos, como a principal vítima fatal. Dos 45 óbitos ocorridos nesta faixa etária em 2020, 42 foram homens.

Para quem teve algum familiar vítima de um destes acidentes, o que fica é a dor da lembrança. Valdriana Ribeiro Kloster, 43 anos, perdeu o genro Matheus Gerchevsky em um acidente em dezembro de 2020, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

“Faz cinco meses que aconteceu, mas a gente sente saudade de tudo. Ele estava com a gente todos os dias”.

Após o acidente, a esposa de Matheus voltou a morar com a mãe. Valdriana conta que o filho do casal, que tem três anos, fala do pai o tempo todo.

“Ele lembra do pai todos os dias. Tudo que ele aprende, ele diz que foi o pai que ensinou ele. Ele diz que o pai está cuidando dele e a gente se pergunta como, mas no fundo é a conexão que a criança tem e que nunca será perdida”.

O rapaz, que tinha 22 anos, foi arrastado por 150 metros e morreu na hora. O motorista do carro foi preso em flagrante após realizar o teste do bafômetro, que apontou resultado de 0,46 mg/L.

“Foi estipulado que o rapaz que atropelou pagasse pensão de R$ 790 por mês, mas ele recorreu. Nós ainda temos esperança de que uma hora a Justiça será feita”.

Acidente entre motocicleta e carro matou o motoboy, em Curitiba.

Tony Mattoso/RPC/Arquivo

Alexsandro Bastos, 38 anos, era vizinho e amigo de Matheus. Para ele, perder o amigo de infância ainda dói.

“Quando ele disse que iria começar na profissão, eu falei que era perigoso, alertei. Mas ele precisava trabalhar. Acabou que aconteceu tudo isso, deixou um filho e a esposa”.

O vizinho alertou Matheus porque também já foi motoboy, por 16 anos. Ele contou pegou amor à profissão, mas depois de sofrer vários acidentes, desistiu por conta do risco.

“Em 14 anos, sofri quatro acidentes, o mais grave foi quando quebrei dois ossos da mão e a clavícula. Aí desisti. Muita gente coloca a vida em risco por gostar da profissão e também por precisar, mas olhar as estatísticas de acidente é assustador”.

Alexsandro continua ouvindo relatos todos os dias e, por isso, alerta quem se interessa pela profissão.

“Pode até trabalhar como motoboy, mas tome cuidado, porque a vida é um sopro e numa fatalidade podemos não estar mais aqui. Quem sente mais é quem precisava da gente. No caso do meu amigo, é o filho que vai crescer sem um pai, enquanto o culpado está solto”.

Motociclista é quem mais morre no trânsito de Curitiba, segundo dados da prefeitura.

Luiz Costa/SMCS/Divulgação

Perfil dos acidentes

Em comparação com 2019, quando 169 pessoas perderam a vida no trânsito, o ano passado teve aumento de 7% nas mortes.

Entre os acidentes mais ocorridos em 2020 estão o atropelamento, com 35,4% das ocorrências, e as colisões (entre vários tipos de veículos) com 39,2% como tipo de acidente que ocasionou óbitos.

Em relação aos dias da semana em que mais ocorreram os acidentes fatais, levando em consideração o número de óbitos, sábados e terças-feiras são os mais recorrentes.

Quanto ao horário do dia, o relatório aponta que a noite, principalmente na faixa horária das 18h e das 20h, é o período mais perigoso.

Prefeitura diz que tem reduzido limite de velocidade em várias vias.

Reprodução/RPC

Mobilidade segura

Segundo a Prefeitura de Curitiba, a mobilidade segura e sustentável se tornou prioridade do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Dentro disso, o município tem feito uma série de projetos e ações para reduzir ao máximo o número de acidentes.

“Fazem parte deste processo os projetos de evolução do transporte público, com o Inter 2 e BRTs Norte-Sul, Leste-Oeste e a promoção da intermodalidade como um dos vetores de desenvolvimento, com novas centralidades, calçadas acessíveis – inclusive com vistas à mobilidade de gênero e a ampliação da malha cicloviária”, explica Luiz Fernando Jamur, presidente do Ippuc.

De acordo com Jamur, tornar o trânsito mais seguro só é possível com um conjunto de intervenções, que envolve todos os órgãos da cidade.

A superintendente de trânsito, Rosangela Battistella, disse que nem mesmo menos gente nas ruas ajudou na diminuição dos números.

“Infelizmente registramos aumento no total de acidentes fatais e a imprudência pode ter sido um fator decisivo para este resultado".

Por conta disso, a Setran tomou atitudes para evitar mais acidentes na cidade.

"É mais um motivo pelo qual estamos reduzindo o limite de velocidade permitido em diversas ruas da cidade”, explicou Rosangela Battistella.

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