Política CPMI do 8 de Janeiro

Na CPMI, senador Flávio Bolsonaro confirma que existiu conversa entre hacker e ex-presidente sobre as urnas eletrônicas em 2022

Ministério da Defesa omitiu o nome de Walter Delgatti Neto de relatório sobre as eleições presidenciais enviados ao TSE.

Por Octavio Guedes

18/08/2023 às 11:23:57 - Atualizado há
Foto: Marcos Oliveira/Agencia Senado

Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho de Jair Bolsonaro (PL), confirmou que existiu uma conversa entre o hacker Walter Delgatti Neto e o ex-presidente. Ao falar durante o depoimento do hacker na CPMI dos Atos Golpistas nesta quinta-feira (17), o senador disse que essas conversas não teriam sido para invadir o sistema das urnas eletrônicas e, sim, para ajudar o TSE, mostrando possíveis vulnerabilidades do sistema.

"Óbvio que as conversas todas que existiram, segundo ele está dizendo, tanto com Bolsonaro, com Carla Zambelli e com integrantes das Forças Armadas. [Estas conversas] não foram para fazer invasão de sistema eleitoral nenhum. Ele próprio falou que tem um conhecimento teórico, nunca teria feito isso. Foi, na verdade, uma sondagem pra que ele pudesse, junto com aquele grupo das Forças Armadas, que estava legalmente junto ao TSE pra fazer os testes nas urnas, para que pudesse mostrar para o TSE possíveis vulnerabilidades das urnas", disse Flávio.


"As conversas sempre foram no sentido de instruir o TSE pra mostrar, 'TSE dá pra melhorar a segurança das urnas?'. E foi nesse aspecto que o senhor foi contactado. Então, pra que ficar mentindo aqui? O senhor está levando algum dinheiro de alguém pra fazer o que tá fazendo aqui hoje?".


Delgatti preferiu se manter em silêncio.

Assim, Flávio Bolsonaro faz uma "rachadinha" de responsabilidade entre Jair Bolsonaro e as Forças Armadas. Ele admitiu, portanto, que o caminho indicado pelo ex-presidente foi o encaminhamento deste relatório para o Ministério da Defesa do seu governo.


À CPMI, Delgatti disse que "orientou" a íntegra do conteúdo do relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em novembro de 2022, após as eleições presidenciais. O relatório não apontou qualquer fraude na votação, mas pediu que o TSE fizesse "ajustes" no sistema eleitoral já rejeitados tecnicamente por entidades fiscalizadoras e disse que não era possível atestar a "isenção" das urnas.


A posição do Ministério da Defesa de Jair Bolsonaro, sugerindo dúvidas sobre a isenção das urnas, divergiu de todas as demais entidades fiscalizadoras nacionais e internacionais. Essas entidades foram unânimes em comprovar que a urna eletrônica é segura e que as eleições foram limpas.


Ministério da Defesa não citou Delgatti em 2022

Em 9 de novembro de 2022, o Ministério da Defesa divulgou uma nota em que não cita a ajuda de Delgatti no relatório apontando as possíveis falhas nas urnas eletrônicas.


"É importante ressaltar que o trabalho dos militares se norteou pela estrita observância da legalidade, pela elevada capacidade técnica e pela colaboração com a Justiça Eleitoral. Cabe destacar que o documento foi produzido por uma equipe composta por oficiais de carreira especialistas em gestão e operação de sistemas de tecnologia da informação; em engenharia de computação".


Ficaram algumas perguntas a serem respondidas:

  • Trabalhar clandestinamente com criminoso é se observar na legalidade? O Ministério da Defesa acredita que sim.
  • Se Jair Bolsonaro queria cooperar com o TSE, por que fazer esse trabalho clandestino?
  • Por que o nome do hacker nunca apareceu como colaborador nesta comissão das Forças Armadas?
  • Por que no relatório das Forças Armadas não é citado o nome de Walter Delgatti Neto?
  • Se era algo tão bem intencionado, por que o Ministério da Defesa não foi transparente, dizendo que teve a colaboação do hacker? Por que esconder isso?
  • E por que frisar a "observância na legalidade". Freud explica.


Nota da defesa de Jair Bolsonaro

"Considerando as informações prestadas publicamente pelo depoente Sr. Walter Delgatti Neto perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito na presente data, a defesa do ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro, informa que adotará as medidas judiciais cabíveis em face do depoente, que apresentou informações e alegações falsas, totalmente desprovidas de qualquer tipo de prova, inclusive cometendo, em tese, o crime de calúnia.


A defesa esclarece ainda que, diante de informações prestadas pelo Sr. Walter Delgatti Neto, quando de sua passagem pelo Palácio da Alvorada, acerca de suposta vulnerabilidade no sistema eleitoral, o então Presidente da República, na presença de testemunhas, determinou ao Ministério da Defesa a apuração das alegações, de acordo com os procedimentos legais e em conformidade com os princípios republicanos, seguindo o mesmo padrão de conduta observado em todas as suas ações enquanto chefe de Estado.


Após tal evento, o ex-Presidente nunca mais esteve na presença de tal depoente ou com ele manteve qualquer tipo de contato direto ou indireto."

Fonte: G1
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