PolĂ­cia prisões

ONU julga prisões de brasileiros feitas por álbum de fotos da polícia

Por Agência Brasil

18/08/2023 às 08:24:40 - Atualizado hĂĄ

O ComitĂȘ de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, julga nesta sexta-feira (18) prisões injustas feitas por reconhecimento através de ĂĄlbuns de fotografias das delegacias policiais. Dois casos que serão apreciados são do mĂșsico Luiz Justino, 24 anos, e do guardador de carros Laudei de Oliveira, de 41 anos, que ficou preso por um ano equivocadamente. Os dois foram detidos e identificados na delegacia por fotografia. Não havia outras provas.

No dia 18 de março de 2022, o advogado Raphael Costa, hoje coordenador legislativo do Ministério da Justiça, nomeado pelo ministro da Justiça, FlĂĄvio Dino, apresentou denĂșncia ao escritório do Alto Comissariado da ONU. O caso foi aceito no dia 10 de agosto do ano passado e teve inĂ­cio o processo de anĂĄlise de requerimentos.

Costa confirmou à AgĂȘncia Brasil o julgamento e disse que "prender uma pessoa inocente é uma das maiores violações que o Estado pode cometer contra um cidadão. Temos de garantir o respeito à dignidade e à liberdade", afirmou.

A denĂșncia cita determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que proĂ­be a prisão de alguém apenas por ter sido identificado por uma vĂ­tima na delegacia através de foto, sem que se tenha outras provas do crime.

Uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de janeiro de 2022 orienta que o reconhecimento de pessoa - presencialmente ou por fotografia - feito na fase do inquérito policial, apenas pode ser usado para identificar o réu quando observadas outras formalidades previstas no Código de Processo Penal e quando confirmado por outras provas na fase judicial.

Prisões injustas

Levantamento da Defensoria PĂșblica do Rio de Janeiro - junto com o Colégio Nacional de Defensores PĂșblicos Gerais - apontou que foram realizadas ao menos 90 prisões injustas baseadas no método, de 2012 a 2020, 73 delas no Rio de Janeiro. O estudo também mostrou que 81% dos registros que contavam com informações sobre a raça dos acusados indicavam que eles eram negros.

À época, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e AssistĂȘncia JudiciĂĄria da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro, Álvaro Quintão, comemorou a vitória obtida no âmbito da justiça estadual e afirmou que a recomendação do Tribunal de Justiça dĂĄ imediatamente à advocacia uma arma para provocar os magistrados a anular decisões que resultaram em prisões, principalmente preventivas, com base apenas em reconhecimento por fotografia.

"Espero que os magistrados cumpram a determinação da corte. Ela torna mais difĂ­cil prender sem que se observe o devido processo legal, buscando outros tipos de instrução do processo além do reconhecimento fotogrĂĄfico", finalizou.

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