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Coluna Fragmentos: Dom Antonio Mazzarotto e a diocese de Ponta Grossa

A década de 1920 se constituiu como um momento de grande efervescência social, política e cultural no Brasil.

Por Da Redação

27/07/2023 às 01:45:35 - Atualizado há

A década de 1920 se constituiu como um momento de grande efervescência social, política e cultural no Brasil. Foi nesse período que as mulheres intensificaram suas lutas pela igualdade social, os trabalhadores ampliaram a militância em busca de melhores salários e condições de trabalho, os intelectuais modernistas passaram a propor uma nova concepção para as artes e os grupos políticos conservadores dividiram-se por conta da luta pelo poder nacional.

Tantas manifestações e mudanças chamaram a atenção da Igreja Católica brasileira. A instituição havia perdido espaço com a implantação da República em razão de ter deixado de ocupar a condição de religião oficial do Estado brasileiro. Preocupado com essa situação e com a ebulição daqueles tempos o clero católico decidiu apostar na defesa de uma postura conservadora, compreendida como fundamental para estancar ideias que passavam pela emancipação feminina, pela expansão do ideário marxista ateu e pela adoção de comportamentos vistos como sinônimos de distanciamento da fé católica.

A reação católica teve como um de seus marcos iniciais a criação do Centro Dom Vital (1922), um núcleo formado por leigos e idealizado pelo advogado alagoano Jackson de Figueiredo. O objetivo do Centro era reunir um seleto grupo de intelectuais católicos conservadores, os quais teriam a missão de difundir princípios católicos por todo país.

O cardeal do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, então a figura mais influente do clero brasileiro, teve ação determinante na criação do Centro Dom Vital e principalmente na postura oficial da Igreja Católica no país, pautada no combate ao comunismo ateu, as mudanças comportamentais e ao avanço de outras religiões.

Uma das atitudes adotadas pela Igreja no intuito de fortalecer a sua posição foi a criação de dioceses e a nomeação de bispos que coadunassem com tais princípios. Ponta Grossa, então a principal cidade do interior paranaense e com grande influência econômica e política no cenário estadual, teve sua diocese criada em maio de 1926 e seu primeiro bispo nomeado quatro anos depois.

A escolha recaiu sobre Antonio Mazzarotto, um curitibano de descendência italiana nascido logo após a proclamação da República. Conhecido, desde os tempos em que era seminarista, por sua capacidade intelectual e por seu poder de oratória, o religioso foi ordenado sacerdote em 1914, atuando a partir de então como professor no Seminário Episcopal e como vigário coadjutor na catedral de Curitiba. Em maio de 1930 foi escolhido como primeiro bispo da recém criada diocese de Ponta Grossa.

Dom Antonio Mazzarotto exerceu o bispado por 35 anos. Ao longo desse período escreveu 36 cartas pastorais, viajou incessantemente por toda extensão da diocese, combateu duramente o comunismo ateu (então compreendido como o grande inimigo a ser vencido pelo catolicismo) e desenvolveu um trabalho de constante participação na vida religiosa e política ponta-grossense.

Em 1965, então com 75 anos, o bispo apresentou seu pedido de renúncia à Santa Sé, sendo substituído por Dom Geraldo Pellanda, outro religioso caracterizado por sua postura acentuadamente conservadora. Dom Antonio Mazzarotto faleceu em 1980 e foi sepultado na Igreja Sagrado Coração de Jesus, popularmente chamada de "igreja dos polacos."

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Dom Antonio

A figura pessoal de Dom Antonio Mazzarotto, seus princípios e atuação têm sido estudados há pelo menos uma década pela historiadora Rosângela Wosiack Zulian (Departamento de História – UEPG). Entre as fontes utilizadas pela pesquisadora estão as cartas pastorais escritas pelo bispo. Nelas estão contidas as linhas centrais que pautaram a ação do religioso durante os anos em que dirigiu a diocese de Ponta Grossa.

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A diocese

Criada em 1926, a diocese de Ponta Grossa compreendia, originalmente, a uma área de 56 mil quilômetros quadrados e era abrangia 12 municípios: Ponta Grossa, Castro, Cruz Machado, Guarapuava, Imbituva, Ipiranga, Ivaí, Palmas, Prudentópolis, Rio Claro, Tibagi e União da Vitória.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 29 de agosto de 2010.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

Fonte: A Rede
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