A coligação de oposição do QuĂȘnia anunciou na terça-feira (25) que irĂĄ levar ao Tribunal Penal Internacional (TPI) acusações por "atrocidades policiais" que resultaram em 30 mortes durante protestos recentes contra o aumento do custo de vida e a cobrança de novos impostos. As informações são da agĂȘncia Associated Press.
Em coletiva de imprensa, o lĂder da oposição, Raila Odinga, afirmou que o paĂs enfrenta estĂĄgios formativos de genocĂdio e perseguição polĂtica. Diante da situação, a frente formada pelos opositores estĂĄ coletando evidĂȘncias para serem submetidas ao TPI, buscando a abertura de um processo sobre o uso excessivo de força pelas mãos das autoridades policiais do paĂs africano em meio a essa atmosfera de caos social.
Odinga declarou que estão sendo reunidos elementos para comprovar que pessoas pertencentes à comunidade étnica Luo, da qual faz parte, são especialmente visadas pelas autoridades. Durante os protestos, manifestantes dessa etnia foram internados no hospital com ferimentos causados por balas.
O veterano polĂtico, que lidera a coligação Azimio la Umoja ("Resolução para a unidade"), acusou a polĂcia de demonstrar parcialidade e perseguir uma agenda étnica em certas regiões do paĂs, enquanto aparentemente reprime as manifestações. Ele enfatizou que o posicionamento seletivo de policiais em ĂĄreas como Nairóbi reflete a intenção do Estado de perpetuar a limpeza étnica.
O ministro do Interior, Kithure Kindiki, rejeitou veementemente as alegações da oposição, descrevendo-as como "maliciosas, falsas e destinadas a distorcer a opinião pĂșblica". Afirmou ainda que as forças policiais permaneceram "neutras, imparciais e profissionais", acrescentando que um policial foi morto e mais de 300 outros ficaram feridos durante os protestos.
Nas Ășltimas trĂȘs semanas, o QuĂȘnia testemunhou protestos generalizados, com a população pedindo que o presidente William Ruto aborde o aumento do custo de vida e os novos impostos, que resultaram em um aumento no preço do combustĂvel, devido ao aumento do imposto sobre produtos petrolĂferos de 8% para 16%.
Odinga afirmou que os protestos continuarão, mas não especificou a data para o inĂcio da próxima onda de manifestações.
Inicialmente, a oposição convocou protestos para esta quarta-feira (26), mas posteriormente solicitou que seus apoiadores realizassem uma vigĂlia pacĂfica em homenagem às 50 pessoas que, segundo eles, morreram em protestos nas Ășltimas semanas.
Grupos de direitos humanos condenaram o uso de força excessiva pela polĂcia para dispersar os manifestantes, relatando que pelo menos 30 pessoas foram baleadas e mortas em protestos recentes.
O QuĂȘnia tem um histórico de protestos violentos, que resultaram em perda de vidas e danos à propriedade. Entre 2007 e 2008, a violĂȘncia pós-eleitoral levou à formação de um governo de coalizão após a mediação de vĂĄrios lĂderes entre os partidos opostos.