Segundo a vítima, ofensas aconteceram no domingo (2), no Estádio Municipal Antiocho Pereira, em União da Vitória, durante partida entre Andraus e Associação Atlética Iguaçu. Rodrigo Bostelmann nega o crime.
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a denúncia de um jogador de futebol que alega ter sido alvo de ofensas racistas proferidas pelo dirigente de um time rival, durante uma partida da segunda divisão do campeonato Paranaense em União da Vitória, no sul do estado.
João Gabriel Ferreira Gomes, meio de campo do time Andraus, de Campo Largo, registrou um Boletim de Ocorrência contra Rodrigo Bostelmann, diretor da Associação Atlética Iguaçu. Nesta terça-feira (4), segundo a polícia, o suspeito foi interrogado.
"Ele falou: 'vai para o banco, preto. Vai para o banco, macaco'", relata o jogador.
De acordo com ele, as ofensas aconteceram no domingo (2), à beira do gramado do Estádio Municipal Antiocho Pereira.
Por meio de nota, Bostelmann afirmou que jamais praticou atos desta natureza e que não compactua com preconceitos. Além disso, o diretor do Iguaçu classificou a acusação como "leviana e motivada por aspectos que fogem das linhas de campo".
Partida foi paralisada
No domingo, disputavam o jogo os times Iguaçu e Andraus. Aos 20 minutos do segundo tempo, o árbitro paralisou a partida e foi em direção à delegada da partida pedir providências. Assista no vídeo acima.
Nesse momento, João Gabriel, que tinha sido substituído, disse ao juiz que ao sair do campo foi ofendido com expressões racistas por um homem que usava uniforme do Iguaçu e também um colete de imprensa.
A Polícia Militar procurou pelo homem no campo e nas arquibancadas do estádio, mas afirmou que não encontrou ninguém com a descrição feita pelo jogador.
O meia relata que depois, por meio de fotos publicadas em redes sociais, identificou o suspeito como Rodrigo Bostelmann.
Racismo e injúria racial
De janeiro a outubro de 2022, a maior parte dos boletins de ocorrência de crimes raciais registrados no Paraná foi de casos de injúria racial.
Segundo a Secretaria de Estado Segurança Pública (Sesp), nos dez meses, foram 1.170 ocorrências de injúria racial e 148 de racismo. No período, os dois crimes ainda não tinham sido equiparados.
Em 11 de janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou lei que aumenta a pena para casos de injúria. Com a mudança, a injúria racial também passou a ser inafiançável e imprescritível, assim como o racismo.