Um raio de sol brilhava sobre ela, irradiava, insistia em tocar aquele objeto largado no chão, desprezado, atirado ao próprio infortúnio.
Um raio de sol brilhava sobre ela, irradiava, insistia em tocar aquele objeto largado no chão, desprezado, atirado ao próprio infortúnio. A beleza da tarde lhe impingia uma poética nostálgica e intrigante, alguém lhe descartou, abandonou. Coisa triste ser deixada num canto, emborcada, tornada lixo, entulho.
Seria mesmo um resto? Haveria concerto? Creio que sim. A calçada suja, lixo tomando conta de tudo e a sombrinha emborcada, desengonçada sobre o capim alto em volta do passeio.
Sorrisos sob a sombrinha armada foram esquecidos, beijos afetivos e sonoros em sua moldura já foram, outrora, mais do que retribuídos. Aquele tom vivo já foi como o coração de alguém, vibrante.
Pobre coração de quem largou a sombrinha emborcada, condenada. Na mente, dói ver a cena que revela a faceta desalmada de quem larga.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
Leia também: Acidente grave mata dois jovens na Estrada do Guaragi em PG
The post Emborcada, por Renata Regis Florisbelo first appeared on Boca no Trombone.