Pelo menos seis em cada dez brasileiros estão com sobrepeso ou são obesos. A sobreposição dos dados revela, no entanto, que não hĂĄ diferença estatisticamente relevante entre o tipo de alimentação consumida nas casas de pessoas obesas e nas de pessoas magras. Por outro lado, a frequĂȘncia na prĂĄtica de atividade fĂsica é significativamente superior nas casas onde as pessoas são mais magras.
IMC
O indivĂduo é considerado obeso quando o seu Ăndice de Massa Corporal (peso/altura X altura) é igual ou maior que 30 quilos por metro quadrado. Um IMC acima de 25 jĂĄ é indicativo de sobrepeso.
O objetivo do trabalho é apoiar a criação de polĂticas pĂșblicas em saĂșde, aprofundando o conhecimento acerca do tema e fazendo um mapeamento sobre as medidas mais efetivas no combate ao excesso de peso (leia mais informações nesta pĂĄgina). A taxa de obesidade hoje no PaĂs é de 20,1%, e a de sobrepeso, de 56%.
O nĂșmero de homens com sobrepeso é maior que o de mulheres. No entanto, elas são prevalentes nas taxas de obesidade. Segundo os dados da PNS, a prevalĂȘncia de obesidade entre mulheres é de 22%, contra 18% entre os homens. Por outro lado, a taxa de sobrepeso dos homens é de 39%, contra 34% das mulheres.
O cruzamento de dados das diferentes pesquisas do IBGE revelou que a alimentação semanal nas populações com peso normal e nas populações com sobrepeso ou obesidade não apresenta diferenças estatisticamente relevantes.
Por exemplo, a frequĂȘncia semanal com que as pessoas consomem peixe, feijão ou suco natural de frutas é bastante semelhante quando os grupos comparados são definidos por seu IMC. O mesmo acontece com a ingestão de alimentos ultraprocessados.
"Quando olhamos para os hĂĄbitos de consumo da famĂlia brasileira, eles são muito similares, independentemente do peso dos indivĂduos; o consumo de feijão, verduras e frutas é bem parecido", explicou o economista MĂĄrcio Holland, principal autor do estudo. "O consumo de ultraprocessados também é similar, fica entre 9% e 10%."
Pouco exercĂcio
O mesmo não ocorre quando o IMC da população é sobreposto ao nĂvel de sedentarismo. Segundo os nĂșmeros, 36% dos obesos se exercitam com frequĂȘncia, contra 40% entre os que apresentam peso normal.
De forma geral, o brasileiro se exercita pouco. Em média, apenas um dia por semana. Outros nĂșmeros do IBGE também são preocupantes. É o caso do tempo médio que o brasileiro passa em frente a uma tela diariamente: cerca de trĂȘs horas.
"Isso é muito preocupante", afirma Holland. "Sobretudo porque estamos no inĂcio do processo de envelhecimento da população. Hoje, 13% da população tem mais de 65 anos; em 2060, esse porcentual serĂĄ de 26%. E a tendĂȘncia é que o IMC aumente ao longo da vida."
O endocrinologista Clayton Macedo, coordenador do Departamento de Atividade FĂsica da Associação Brasileira de Estudos da Obesidade e SĂndrome Metabólica (Abeso), pondera que esse tipo de cruzamento de dados pode apresentar alguns vieses e que a alimentação pode ter uma influĂȘncia maior do que a observada. Mas ele afirma que jĂĄ estĂĄ comprovado, por meio de outros estudos, que a prĂĄtica de exercĂcio fĂsico regular é o principal fator na manutenção de um peso mais baixo ao longo da vida.
"O exercĂcio impede o que chamamos de adaptação metabólica, que é o aumento do apetite, a redução da sensação de saciedade e a queda da taxa metabólica conforme envelhecemos", disse o endocrinologista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.