PolĂ­tica Corrupção

Procuradoria abre inquérito civil para investigar denúncia de propina em vacinas na gestão Bolsonaro

Por Banda B

23/07/2021 às 15:40:13 - Atualizado hĂĄ

A Procuradoria da RepĂșblica no Distrito Federal abriu inquérito civil sobre o suposto pedido de propina por parte de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de LogĂ­stica do Ministério da SaĂșde.

O inquérito tem como objetivo "apurar possĂ­veis atos de improbidade administrativa praticados pelo então diretor de LogĂ­stica do Ministério da SaĂșde, Roberto Ferreira Dias, e outros agentes pĂșblicos e privados", segundo portaria publicada nesta sexta-feira (23).

A defesa do ex-diretor disse à Folha de S.Paulo que o procedimento serĂĄ uma oportunidade para seu cliente e demais pessoas mencionadas na situação esclarecerem os fatos.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, disse que Dias cobrou a propina em um jantar em um restaurante de BrasĂ­lia no dia 25 de fevereiro.

Roberto Dias – Foto: Pedro França / AgĂȘncia Senado


Dominghetti afirmou que recebeu de Dias pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da SaĂșde. Dias foi demitido do ministério horas após a publicação da entrevista de Dominghetti.

Após a publicação da reportagem, o lĂ­der da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), o lĂ­der da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), e demais lĂ­deres de partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro enviaram uma representação ao Ministério PĂșblico Federal.

O caso foi enviado inicialmente à procuradora Melina Montoya Flores, que instaurou o procedimento, mas estĂĄ a cargo do 28Âș OfĂ­cio da Procuradoria, cujo titular é ClĂĄudio Drewes. A apuração tramita sob sigilo.

Foi aberta uma apuração inicial, conhecida como notĂ­cia de fato, que consiste no levantamento de informações iniciais sobre o ocorrido.

"As questões versadas nos autos ainda demandam diligĂȘncias para a formação do convencimento deste órgão acerca das medidas a serem eventualmente adotadas", afirmou a Procuradoria.

Na CPI da Covid no Senado, Dominghetti repetiu a acusação e disse que esteve no ministério trĂȘs vezes para tratar da proposta da venda. A Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,50 por cada (depois disso passou a US$ 15,50).

Ele ressaltou aos senadores que se surpreendeu ao saber que o então secretĂĄrio-executivo Elcio Franco, braço direito do ex-ministro Eduardo Pazuello, não sabia de uma oferta grande como aquela, envolvendo 400 milhões de doses.

Também na CPI, Dias confirmou à CPI o jantar no dia 25 de fevereiro com Dominghetti, mas negou ter cobrado propina de US$ 1 por dose para negociar vacinas ao governo federal.

O diretor exonerado logo após a denĂșncia de propina disse aos senadores que não tratava da compra dos imunizantes, apesar de reconhecer que conversou por mensagens de celular e por email com representantes da Davati Medical Supply.

O ex-diretor afirmou à CPI que se encontrou por acaso com o policial no restaurante Vasto, em um shopping na região central de BrasĂ­lia (DF). "Não era um jantar com fornecedor, era um jantar com um amigo", disse.

Dias ainda jogou sobre a Secretaria-Executiva da SaĂșde, ĂĄrea dominada por militares durante a gestão de Eduardo Pazuello, responsabilidades por definir preços, volumes e as empresas contratadas nas negociações por vacinas.

Em mensagem por ĂĄudio veiculada durante a sessão da CPI, obtida do celular de Dominghetti, que foi apreendido, o PM afirmou a um interlocutor que teria uma reunião com Dias no dia 25 de fevereiro, o dia do jantar no restaurante de BrasĂ­lia.

Em meio a contradições e lacunas no depoimento, Dias foi levado preso pela PolĂ­cia do Senado após ordem do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). Ele foi liberado no mesmo dia, após o pagamento de fiança no valor de R$ 1,1 mil.

Fonte: Banda B
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