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Após reclamações de vizinhos, empresários criam 'shows silenciosos' em Curitiba: 'Experiência diferente para o público e para o artista'

Por Da Redação

28/04/2023 às 05:40:38 - Atualizado há
Bandas ficam em 'aquário' e público acompanha com fones de ouvido do lado de fora. Em 2022, perturbação de sossego foi ocorrência mais registrada no Paraná pela PM via 190. Após reclamações de vizinhos, empresários criam 'shows silenciosos' em Curitiba

Uma apresentação musical silenciosa pode parecer algo contraditório, mas foi a aposta de dois empresários que inovaram em Curitiba após o espaço cultural deles ser alvo de reclamações de perturbação do sossego.

Na adaptação idealizada pelos sócios Val Mariani e Rodrigo Chavez, os artistas ficam em um estúdio com isolamento acústico, criado em uma espécie de aquário, voltado para o quintal onde fica a plateia.

Do lado de fora, o público usa fones para ouvir os shows feitos dentro do estúdio. Veja o vídeo acima.

"A gente encontrou uma forma de conseguir colocar uma banda que tem bateria, guitarra e barulheira, sem a barulheira, e assim trazer uma experiência diferente para o público e para o próprio artista", conta Chavez.

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Empresários inovam ao realizar 'shows silenciosos' em espaço cultural de Curitiba

@solmostarda

O Arnica Cultural fica no Bigorrilho, em uma área residencial da capital. Segundo Chavez, o espaço foi idealizado em 2016 para movimentar a cena artística da cidade, abrigar ensaios e eventos.

"A gente botava 600 pessoas aqui no quintal, com um sistema de som profissional, bateria. Aí era inevitável, incomodava os vizinhos. A polícia veio aqui diversas vezes por reclamação de perturbação de sossego", relembra.

Na época, o espaço funcionava sem alvará. Logo, começaram os problemas com a fiscalização e o Arnica Cultural foi embargado.

A perturbação de sossego foi a ocorrência mais registrada no Paraná em 2022 pela Polícia Militar via telefone e aplicativo 190. Segundo a corporação, foram 160.939 casos. O número é três vezes maior que o segundo tipo de denúncia mais comum no ano passado, violência doméstica, que somou 52.546 registros.

Chavez conta que, diante do embargo, entenderam que teriam que reinventar o espaço para retomar as atividades.

"Primeiro de tudo, conseguir algumas liberações. Depois, encontrar uma forma que não fosse perturbar os vizinhos, porque, independente de todas as licenças, se a gente tá incomodando a vizinhança, a polícia tem autonomia para chegar aqui e fechar o espaço", afirma Chavez.

Rodrigo Chavez e Val Mariani idealizaram espaço inovador no Arnica Cultural

Arquivo Pessoal

A reformulação foi um desafio. Os sócios contam que a casa foi reformada para proporcionar mais possibilidades.

No interior foram montados estúdios e há uma produtora de áudio que atende bandas da cidade. Na parte externa, o espaço que recebe os shows silenciosos e um bar.

A ideia dos shows silenciosos surgiu após pesquisas de boates europeias que fazem festas, com DJs, nas quais o público usa um fone de ouvido.

Empresários inovam ao realizar 'shows silenciosos' em espaço cultural de Curitiba

Duda Dalzoto

Em dezembro de 2021, Val Mariani e Rodrigo Chavez fizeram um evento teste para verificar a viabilidade da ideia. De acordo com eles, a experiência foi um sucesso e os shows silenciosos passaram a acontecer.

Os idealizadores relatam que, no início, há uma resistência do público, mas a situação muda após o evento.

"Depois que a pessoa vê a experiência, sente e vive, sai falando bem", brinca Val Mariani.

Empresários inovam ao realizar 'shows silenciosos' em espaço cultural de Curitiba

Duda Dalzoto

Empatia na vizinhança

De acordo com o empresário, a adaptação realizada no Arnica Cultural melhorou o relacionamento do espaço com os vizinhos.

"Hoje a gente tem esse respeito com os vizinhos. Temos esse entendimento que às vezes o cara trabalha a semana inteira, tem que estudar, tá com a mãe doente em casa, tem filho, e a gente com 600 pessoas fazendo festa e barulheira. Hoje a gente está mais maduro. A gente vive em uma comunidade, tem que respeitar as regras e ter empatia pelo outro", afirma Chavez.

Com a infraestrutura adaptada aos shows silenciosos, hoje os eventos são mais enxutos. Chavez admite que sente falta das atividades maiores e com mais bagunça, mas afirma que o diálogo mais próximo com a vizinhança compensa.

"Teve uma época que a gente fazia brunchs e comidas no fim de semana e mandava para eles de presente... Já fui visitar algumas vezes um vizinho, que é um senhorzinho e gosta muito de música. A vizinha de muro também, às vezes ela assiste os shows pela varandinha dela. Os de mais perto a gente é próximo e os mais distantes a gente não incomoda mais", conta.

Os empresários dizem que se sentem realizados pela adaptação ter revivido o Arnica e, mais do que isso, mantendo a função original de promover cena cultural em Curitiba.

"Faz ter sentido tudo o que a gente faz aqui, porque é uma forma de tentar fazer a diferença, tanto na vida do artista, quanto do público, porque a gente proporciona esse encontro", comemora Chavez.

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Lei do Silêncio: você conhece?

Em Curitiba, a lei municipal 10.625, conhecida como Lei do Silêncio, estabelece limites e proíbe a perturbação do sossego e do bem estar público por sons, ruídos e vibrações incômodas.

A legislação cita, por exemplo, barulhos de obras e de veículos, shows, apresentações musicais e equipamentos sonoros em praças e parques.

Muitas pessoas pensam que a perturbação do sossego é apenas para incômodos a partir das 22h. Porém, a PM alerta que, no Paraná, não existe um horário específico para a ocorrência.

Barulho não é brincadeira

Cuidados com a audição

Freepik

A médica Vanessa Mazanek Santos é especialista em transtornos da audição e doenças de ouvido do Hospital Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO). Ela alerta que, além as consequências diretas à exposição exagerada a ruídos, a população deve se preocupar também com as consequências indiretas.

"A exposição exagerada é uma das principais causas diretas da perda auditiva e do zumbido, mas também pode trazer danos secundários à saúde como ansiedade, irritabilidade, dificuldade de concentração e memória, distúrbios do sono e ser um fator agravante para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como a pressão elevada", afirma.

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Fonte: G1
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