Política

Ex-auxiliar diz à PF que apresentou mapeamento de eleitores a Anderson Torres

Por Da Redação

21/04/2023 às 16:29:29 - Atualizado há
Delegada Marília Alencar prestou depoimento no dia 13 de abril. Em depoimento à Polícia Federal, a ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, afirmou que apresentou diretamente ao ex-ministro Anderson Torres um mapeamento de inteligência sobre o resultado do primeiro turno das eleições do ano passado. O encontro, disse a delegada, foi presenciado por outros colegas.

A colunista Malu Gaspar, do jornal "O Globo", já havia revelado que Marília confirmou à PF ter feito um mapeamento dos locais onde o então candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, havia obtido mais votos no primeiro turno. No depoimento, que está sob sigilo, Marília afirmou que o levantamento teria sido um pedido de seu chefe na época, Anderson Torres.

A ex-diretora foi ouvida pela PF no dia 13 de abril. A TV Globo teve acesso a trechos do depoimento.

No trecho obtido pela TV Globo, a ex-diretora disse que o objetivo da ação era avaliar se havia indícios de compra de voto no pleito.

"Que a declarante solicitou, com base no BI [boletim de inteligência] anteriormente mencionado, ao servidor Clebson Ferreira de Paula Vieira, que confeccionasse um BI com o resultado das eleições, mencionando os resultados nos quais cada um dos dois candidatos a presidente da República tiveram mais do que 75% de votos no primeiro turno, confrontando com os partidos políticos dos respectivos prefeitos de cada município do Brasil inteiro, o que poderia caracterizar indicativo de compra de voto a depender do informe recebido. Que ressalta que é apenas um indicativo".

Marília disse ainda "que solicitou que a planilha fosse extraída, impressa e entregue à declarante; Que apresentou a planilha ao ministro Anderson Torres em reunião na qual também estavam presentes outros servidores, tendo explicado o intuito das análises".

Auxiliar do ex-ministro da Justiça, Marília Alencar disse ainda que considerou um "absurdo" e ficou "surpresa" com as informações de que a Polícia Rodoviária Federal estava parando eleitores no dia do segundo turno das eleições.

A PF analisa o celular de Marília Alencar em busca de novos indícios. Anderson Torres será ouvido na segunda-feira (24) sobre as ações da PRF. Nesta quinta-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, manteve a prisão de Torres sob argumento de novos inídicios contra ele em suposta tentativa de atrapalhar a votação no segundo turno. Outros três delegados também devem prestar depoimento à PF.

Blitz

Ainda no depoimento, a delegada contou que no dia 30 de outubro estava no Centro Integrado de Comando e Controle do Ministério da Justiça, que reúne diversos órgão de segurança e inteligência.

"Ao chegar no local, tomou conhecimento da confusão envolvendo a atuação da PRF no dia; Que a ação da PRF chamou a atenção da declarante pela forma como estava sendo noticiado, sendo que chegaram a comentar no ambiente se aquilo de fato estaria ocorrendo ou mesmo se seria uma atuação intencional da PRF, de tão absurdo que era", afirmou.

A ex-auxiliar negou qualquer interferência dela nas ações da PRF contra eleitores. "Que as noticias indicavam que a PRF supostamente estaria parando eleitores, através de blitz, impedindo os eleitores de votarem; Que ressalta que não houve qualquer atuação da DINT [Diretoria de Inteligência] para que isso ocorresse, tanto que causou surpresa à declarante. Que afirma que sequer tinha contato com o setor operacional da PRF".

Sadi: Anderson Torres foi à BA antes do 2º turno pedir que PF colaborasse com PRF para interferir no fluxo de eleitores

Marília Alencar afirmou ainda que não sabe se houve interferência de Anderson Torres na atuação. O depoimento de Marília serviu de base para o relatório encaminhado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, à Controladoria-Geral da União (CGU) sobre a atuação da PRF no segundo turno. A PRF era comandada pelo bolsonarista Silvinei Vasques.

O relatório mostra que a PRF fiscalizou mais de 2 mil ônibus no Nordeste, onde Lula venceu no primeiro turno e era favorito para ganhar no segundo. O número de fiscalizações foi bem mais baixo nas outras regiões.

Do primeiro para o segundo turno, o número de fiscalizações em ônibus nos nove estados do Nordeste aumentou 358%. O fim da operação da PRF que prejudicou a ida dos eleitores às urnas no domingo do segundo turno foi determinado por Alexandre de Moraes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

O relatório apontou, ainda, que a PRF também pediu para dobrar o orçamento para as eleições, com mais R$ 3 milhões só para fiscalizar o segundo turno - um valor que inicialmente seria gasto para toda a eleição. Uma mudança de planejamento que quebrou um padrão histórico. Normalmente, a maior parte dos recursos da PRF é aplicada no primeiro dia das eleições, que envolve a escolha para presidente, governadores, senadores e deputados.
Fonte: G1
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