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Palco do Guairão reúne pela primeira vez Eliane Giardini e Marcos Caruso no Festival de Curitiba: 'Sonho realizado'

Por Da Redação

02/04/2023 às 05:47:33 - Atualizado há
Intimidade Indecente é uma comédia sobre relacionamentos e terá dupla sessão no domingo (2). Atores nunca tinham feito peça de teatro juntos. Confira entrevista do g1 com a dupla. Espetáculo 'Intimidade Indecente'

Flávia Espírito Santo

O ator Marcos Caruso é Mariano e a atriz Eliane Giardini é Roberta na peça "Intimidade Indecente" - espetáculo do Festival de Curitiba que marca a primeira vez dos dois, juntos, em um palco de teatro.

A comédia faz parte da Mostra Lúcia Camargo e conta a história do casal sessentão desgastado pela rotina e que decide se separar. Mas, como num efeito bumerangue, a vida insiste em devolvê-los um ao outro.

Para o ator Marcos Caruso é um reencontro com a peça. Há 20 anos ele participou de uma outra montagem do mesmo texto.

Para a atriz Eliane Giardini, o trabalho trouxe o reencontro com o próprio teatro. Para ambos é um sonho realizado, há muito tempo eles queriam estar juntos no palco.

Sucesso em Portugal, São Paulo e Rio de Janeiro, o trabalho, dirigido por Guilherme Leme Garcia, parte do texto de Leilah Assumpção e tem emocionado plateias de todas as idades.

O g1 conversou com os atores para saber mais sobre o trabalho e revelar um pouco dessa intimidade. Confira os destaques a seguir.

Eliane, como você define este novo trabalho?

Intimidade Indecente é um grande presente que recebi após a pandemia. Foi um grande reencontro, após tanto tempo de reclusão, um reencontro com o Marcos Caruso, com o público e com o próprio teatro.

Que tipo de intimidade indecente a montagem revela?

Na verdade, não há nada de indecente, é uma intimidade real, os diálogos são reais, não é uma intimidade onde se revela só o que há de bonito ou o que é politicamente correto, onde se escolhe o que dizer ou a melhor forma de se colocar. Não, é uma intimidade de casal mesmo.

Quando a peça começa eles estão se separando, têm aqueles diálogos duros, onde se dizem coisas que não são boas de ouvir. Eles estão num momento difícil, de separação. É nesse sentido que a intimidade indecente se revela.

Dividir o palco com o Marcos Caruso era um desejo?

Marcos Caruso é um grande companheiro. Somos paulistas, já havíamos trabalhado juntos na TV, e é a confirmação de uma grande parceria que eu espero que siga por muito tempo e que a gente faça novos trabalhos, porque temos muita afinidade em cena e fora dela. Tenho muito amor por ele.

Os temas abordados se dirigem a uma faixa etária específica da vida adulta ou os mais jovens também se identificam?

A faixa etária do nosso público é bem eclética, a peça atinge um amplo espectro. O teatro por si só já atrai um público mais velho, mas os jovens também têm comparecido, eles, inclusive, voltam trazendo os avós e os pais porque é uma peça que fala sobre a família e de todas as suas relações.

Quem é a Roberta?

Roberta é uma mulher comum que passou a vida toda exercendo a função de esposa, tentando ser perfeita e na meia idade se vê sozinha. Então se dá conta de que é um momento especial, de abertura de mundo, de novas possibilidades. É algo tão contemporâneo, acontece tanto.

É um espetáculo para entreter, mas também traz muita reflexão. Onde você acha que ele toca a plateia?

É uma comédia, o público ri muito a peça inteira. Mas, no final dá uma invertida e ela começa a falar de finitude, quando o público percebe que viu passar ali a vida toda daqueles personagens desabam no choro, é muito bonito.

O casal envelhece em cena. Qual é a sua visão sobre o envelhecimento? Que medos você tem?

Não tenho vontade de me aposentar, quero seguir trabalhando. O envelhecimento traz perdas, restrições, mas se a cabeça seguir boa é uma maravilha, traz sabedoria, experiência, tranquilidade, conseguimos quantificar melhor a gravidade das coisas, qualificar melhor onde investir a própria energia.

Eu estou gostando dessa fase. Acho muito importante, rica. Tenho medo de doença, de ficar impossibilitada de fazer as coisas. Queria continuar trabalhando até onde fosse possível. Gostaria de ficar bem velhinha, bem velhinha, então dormir e ir embora, seria o ideal.

Qual a expectativa para o Festival de Curitiba?

Estou muito feliz de participar do Festival com uma comédia porque é um gênero que não tem muito status. Participar de um festival tão importante como o de Curitiba com uma comédia é uma quebra de paradigma. A minha expectativa é enorme, tenho certeza de que o público vai amar e eu também.

Marcos, "Intimidade Indecente" é um espetáculo essencial?

Sim, sobretudo nos dias de hoje onde a tecnologia assumiu uma função muito forte de distanciamento entre os seres humanos, a peça fala de amor, de amizade, de relação, de uma intimidade indecente no sentido de quanto mais íntimo você é de uma pessoa, mais sincero, mais honesto você pode ser com ela.

Amor, fraternidade, lealdade e sinceridade são os temas que abordamos. E, nos dias de hoje, onde vemos o distanciamento entre as pessoas aumentar, esta peça se torna essencial.

Quem é o Mariano?

É um homem comum, tem suas fraquezas, suas crises, um homem que decide se separar aos 60 anos de idade, mesmo amando sua mulher profundamente. Ele tenta voltar por duas vezes com ela e vai até os 90 anos mantendo entre eles uma relação de amizade e de amor. É um homem simples, que qualquer espectador vai se identificar imediatamente.

Você já esteve em outra montagem do mesmo espetáculo há 20 anos. O que mudou do seu entendimento sobre o texto de lá para cá?

Nada como refazer um trabalho, porque o entendimento sobre o texto e sobre mim mesmo mudou, assim como aconteceria com qualquer pessoa. Hoje eu envelheço em cena sem truque de maquiagem, sem troca de figurino, sem sair de cena, com muito mais certeza de que o meu envelhecimento está no DNA da minha família.

Não é um envelhecimento apenas de fora para dentro, não é uma caricatura, não é um envelhecimento apenas na voz e no corpo, eu vi meu pai vivo e ativo até os 98 anos de idade. Eu sei o que é um homem ter 98 anos hoje, há 20 anos atrás eu não sabia, eu não tinha o entendimento que eu tenho hoje.

Como você lida com o envelhecimento? Tem algum tipo de medo?

Eu lido de forma natural, como a vida é, como ela se apresenta. Me exercito diariamente, ando 12/14 km por dia de bicicleta, faço outros exercícios pelo menos três vezes por semana, sempre nadei. Então, o envelhecimento principalmente do meu corpo, das rugas que vão aparecendo, das manchas na pele, dos cabelos brancos que surgem ou os que vão caindo eu vejo tudo com muita naturalidade. São marcas minhas, me pertencem, tudo é meu, não mudaria nada com uma plástica estética.

Eu tenho muitos medos, não da morte, temo as doenças, acidentes, perder meus filhos, meus netos, mas trato isso com terapia, faço há muito tempo e tem me ajudado bastante. Mas não tenho nenhum medo que me paralisa ou me impede de fazer alguma coisa.

Como se deu este encontro com a Eliane Giardini no palco? Como está sendo esta experiência?

Este encontro há muito tempo vem sendo programado, mas só agora conquistado. Somos atores da mesma geração, temos a mesma idade, somos de São Paulo, fazemos teatro desde os 20 e poucos anos e temos uma amizade que já dura 50 anos. Devido a agenda de ambos, estar juntos no palco não foi possível antes, fizemos uma novela juntos (Avenida Brasil), onde éramos um casal também e percebemos ali que tínhamos que ter essa experiência no teatro.

A experiência tem sido fantástica porque a Eliane é uma atriz que me estimula diariamente e que me dá novos caminhos e oportunidades, assim como eu para com ela. É muito gostoso porque temos uma química forte, o mesmo tipo de humor, pensamos politicamente da mesma forma. Não partidariamente, mas como seres políticos. Eu não poderia estar mais feliz completando 70 anos de idade e 50 de carreira com ela ao meu lado.

O que o público pode esperar?

Muito riso, reflexão e emoção. A Leilah Assumpção consegue com este texto cumprir as funções do teatro totalmente, fazendo rir, chorar e pensar. Os bem jovens vão reconhecer seus avós, os mais velhos irão reconhecer seus filhos e netos; e as pessoas de meia idade vão reconhecer seus filhos e pais. É uma peça para rir muito, mas surpreendentemente o público cai em lágrimas no final. E volta para casa refletindo muito com este espetáculo.

Qual a expectativa para o Festival de Curitiba?

A expectativa é grande, eu quero chegar logo e apresentar a peça, sei que as sessões estão praticamente lotadas. Quero ir para o maior festival de teatro do meu país. Tenho certeza de que teremos um público inteligente e ávido por teatro, que aplaude só quando gosta, por isso tenho profundo respeito pelo público do festival de Curitiba.

Serviço:

O que: Intimidade Indecente (Mostra Lucia Camargo)

Quando: Dia 02 de abril, às 16h e 18h

Onde: Guairão (Rua XV de Novembro, 971 – Centro)

Valores: R$ 40 e R$80(mais taxas administrativas).

Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.

Espetáculo sujeito à lotação.

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Fonte: G1
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