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Piso histórico soterrado vira mistério no Palácio do Catete, no Rio

Por Agência Brasil

19/03/2023 às 13:17:14 - Atualizado há
Barão e Baronesa de Nova Friburgo ao lado de maquete do Palácio do Catete, em retrato em óleo sobre tela de Emil Bausch (1867) - Arquivo


"Ele construiu a maior parte da fortuna dele com o tráfico de pessoas escravizadas", definiu a arqueóloga Beth Modesti. "Era uma atividade que gerava uma fortuna enorme para todos eles".

Um estudo publicado na Revista Maracanan, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pelo historiador Rodrigo Marins Marretto, contabiliza que, em apenas quatro anos, de 1827 a 1830, o Barão de Nova Friburgo foi responsável pela vinda forçada de mais de 3,3 mil pessoas escravizadas da África para o Brasil, em oito viagens.

Os principais portos em que o barão comprou pessoas escravizadas foram Quilimane, Cabinda, Luanda e Inhambane, e os desembarques eram sempre realizados no Rio de Janeiro.

Ao todo, 306 pessoas morreram no percurso pelo Oceano Atlântico, e as demais foram vendidas ou compuseram o enorme contingente de escravizados, o que o transformou em um dos maiores cafeicultores do interior do Rio, garantindo um título de nobreza a um homem que poucos anos antes trabalhava no comércio.

"Era o tráfico de escravos que permitia um primeiro ciclo de enriquecimento que, através dos capitais acumulados, transbordava para as áreas agrícolas da Província fluminense e contribuía para a montagem de um sistema agrário complexo e variado", explicou artigo publicado pelo historiador.

Sob sua propriedade, o barão chegou a acumular 2.180 pessoas escravizadas e 15 fazendas. Sua riqueza e influência fizeram com que buscasse um lugar de destaque para morar na capital, mais perto da sede do Império Brasileiro, cuja sustentação política era inseparável da elite escravista.

Foi, então, que iniciou a construção do Palácio do Catete, no qual o barão e a baronesa residiram por pouco tempo. A imponente construção neoclássica de três andares ficou pronta em 1867, e o barão morreu em 1869. Sua esposa, a baronesa, em 1870. O palácio permaneceu na família até 1889, quando foi vendido por um dos filhos do casal, o conde de São Clemente.

Nos sete anos seguintes, ele mudou de mãos até chegar ao Banco da República do Brasil, em 1895, e ser requisitado para ser sede da Presidência da República no ano seguinte.

O Palácio do Catete foi a sede do Poder Executivo até 1960, quando a capital federal foi transferida para Brasília. Hoje, ele está aberto à visitação, como Museu da República, e seu jardim de 12 mil metros quadrados é uma área de lazer que funciona como uma praça para os moradores do Catete, bairro caracterizado por ruas estreitas e prédios antigos.

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