Ibama multa Anderson Torres em R$ 34 mil depois de vistoria em criatório de pássaros do ex-ministro

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou em R$ 34 mil o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, por infrações ambientais. O órgão realizou uma visita na casa de Torres nesta sexta-feira (24), na qual era mantido um criatório de pássaros.

Segundo o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, foram apreendidas 60 aves na residência do ex-ministro, uma delas com a pata mutilada. O ex-ministro responderá por utilizar animais em desacordo com a autorização obtida, pela inserção de dados falsos no sistema e por mutilação.

Atividade ambiental irregular

Agostinho explicou que Torres tinha autorização de criador de passeriformes — uma ordem que compreende diversas espécies de ave, conhecidas popularmente como passarinhos. No entanto, havia no local outras espécies que não se enquadram nessa categoria.

"Algumas informações também não batiam com as de registro, e as aves tinham problemas nas identificações das anilhas", afirmou Agostinho.

Transferência de propriedade

Foi identificado também durante a vistoria que Torres transferiu recentemente a propriedade do criadouro para o nome da mãe dele e que ambos teriam ultrapassado o limite de transferência estabelecido para criadores amadoristas. Ambos informavam o mesmo endereço nos respectivos registros de criação, também compartilhado por um criadouro comercial. Essa prática é proibida pela legislação.

A equipe de fiscalização embargou a atividade e determinou por meio de notificação que sejam apresentadas informações sobre animais registrados no sistema que não foram encontrados no local.

Sem denúncia

Segundo o advogado do ex-ministro, Rodrigo Roca, a criação é legal e tem todas as autorizações. Roca afirmou ao R7 que a operação desta sexta não se deu por nenhuma denúncia, mas sim que se tratava de uma visita de rotina que o Ibama faz a quem tem criatórios.

O advogado afirmou ainda que os autos lavrados no local são de situações burocráticas.

Torres foi exonerado do cargo após os atos extremistas de 8 de janeiro, quando vândalos invadiram e depredaram os prédios do Congresso e do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.

Preso

O ex-secretário está preso preventivamente desde 14 de janeiro, por suspeita de omissão no caso dos atos que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

A defesa tenta a revogação da decisão, mas o pedido ainda está em análise. A expectativa para a transferência de Torres para a Papudinha, carceragem especial para agentes policiais, não se confirmou, e ele continua detido no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará (DF), por tempo indeterminado.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aguarda a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) para decidir o pedido de soltura de Torres. Por sua vez, o procurador Carlos Frederico Santos pediu acesso aos resultados da perícia da Polícia Federal (PF) para emitir um parecer.