Um dos principais legados do bloco ao longo de mais duas décadas é ter criado uma maior integração dos usuários da rede de saúde mental com a comunidade ao redor. Isso é representado no início do cortejo, quando a bateria, chamada de “A Insandecida”, conduz os foliões para fora dos portões do Instituto Nise da Silveira e toma as ruas ao redor. A advogada e moradora do bairro, Elisabete Silveira, participa do bloco há pelos menos 15 anos e tem certeza de que ele ajudou a ressignificar a imagem daqueles que eram chamados pejorativamente de “loucos”.
“O bloco mostra que as pessoas com problemas de saúde mental podem se divertir e podem trazer diversão para o bairro. E ajuda a diminuir o preconceito de que elas são agressivas. No bloco, você vê que é festa para todo mundo”, disse Elisabete.
Para André Luiz Cabral, diagnosticado com transtorno bipolar, essa empatia e consciência dos moradores é um dos grandes legados do movimento social em que o bloco está inserido: “A luta mostrou que o louco não é só louco. Ele sofre e você tem que tratar o sofrimento. Porque a agressividade é o resultado do sofrimento”.
André é compositor e há 10 anos participa das disputas pela escolha do samba principal do desfile, tendo vencido em três oportunidades. Para ele, o título do enredo deste ano não podia ser mais representativo: “Loucura Suburbana é o melhor remédio”.
“O bloco faz comigo o que ele faz com todo mundo. Ele nos ajuda com a socialização, nos traz para dentro do Carnaval. Para mim, a festa sempre começa nesse desfile do Loucura Suburbana. Depois, eu vou para os outros blocos, e aí, já sabe, né? Eu me perco”, completa, rindo alto.