Geral Uso de drogas

Motorista que percorreu mais de 140 km e bateu em 18 veículos no Paraná pede perdão e diz que uso de drogas é 'doença crônica no mundo do caminhoneiro'

Nilson Pedro dos Santos foi autuado por homicídio tentado, dirigir sob efeito de substância entorpecente, direção perigosa e omissão de socorro. PRF afirma que esforço não foi suficiente e que veículo de carga é difícil de ser parado.

Por g1 PR e RPC

17/01/2023 às 15:31:12 - Atualizado há
Motorista que causou série de acidentes em rodovia e em Curitiba está preso na capital paranaense. - Foto: RPC Curitiba

O caminhoneiro Nilson Pedro dos Santos, 35 anos, pediu, nesta segunda-feira (16), perdão às famílias envolvidas no acidente que provocou, após percorrer 140 km e causar seis batidas na estrada que liga Ponta Grossa a Curitiba e bater sequencialmente em 18 veículos - seis na BR-277 e 12 na capital do estado.

Ele ainda mencionou o uso de drogas durante o trabalho.

"Diz que tinha dois rapazes em cima do caminhão lá, e ali pela carga horária, já tinha usado algumas substâncias (...). O que eu posso dizer é assim. Nada que eu vou falar que vai, vai, vai trazer, vai fazer com que as famílias acreditem em mim né, nada que eu possa dizer que vai fazer isso, mas eu peço perdão para todas as famílias que estejam envolvido ali e eles não sabe que isso é uma doença crônica que existe no mundo do caminhoneiro. Eu posso está sendo o primeiro, eu posso está sendo o último. Isso aí vai sempre vai existir", disse.

A sequência de acidentes ocorreu no sábado (14); três pessoas ficaram feridas. O caminhoneiro assumiu para a polícia que fez uso de rebite (droga sintética) e que estava há três dias sem dormir.

Nilson foi autuado por homicídio tentado, dirigir sob efeito de substância entorpecente, direção perigosa e omissão de socorro, conforme a delegada da Polícia Civil Vanessa Alice.

Os crimes não dão direito à fiança por conta da somatória das penas.

Nilson está preso e passará por audiência de custódia nesta segunda-feira. A Polícia Civil ainda ouvirá mais testemunhas e espera por laudos técnicos para continuar a investigação.

PRF diz que tentou localizar o caminhão

Fabiano Moreno, porta-voz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), afirmou nesta segunda-feira que as equipes tentaram localizar o caminhão na rodovia, antes de chegar a Curitiba, mas não conseguiram.

"No trecho, nós tínhamos duas viaturas no momento. Todo o esforço foi empenhado. Foi suficiente? Não. Os fatos mostram que não foi suficiente. Então, todos os procedimentos, como estes, serão reavaliados".

Moreno disse ainda que a situação é rara.


"Nós tivemos aí um caminhoneiro, totalmente, alcoolizado. Tinha bebido duas cerveja, estava com sensação de perseguição. Ele disse à Polícia Civil que tinha usado drogas, não sabia se rebite ou cocaína e um veículo de carga, que é muito difícil de ser parado", complementou o agente.

O advogado de defesa de Nilson, Niki Petterson, afirmou que o homem usou drogas para conseguir terminar viagem pois estava acordado há muitas horas. Frisou, ainda, que ele não teve intenção de machucar ninguém.

O motorista responde a outros quatro processos judiciais, sendo um de desacato à autoridade e três estão em sigilo.

Lei do descanso

De acordo com artigo 67 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a jornada diária de trabalho do motorista profissional é de oito horas, com prorrogação feita mediante acordo.

O condutor é obrigado, dentro do período de 24 horas, realizar 11 horas de descanso, que podem ser fracionadas.

Além disso, segundo a lei, após seis horas de condução ininterruptas, o motorista precisa descansar por 30 minutos.

Três feridos

Três pessoas ficaram feridas, de acordo com a polícia, na série de batidas provocadas pelo caminhão desgovernado.

Uma delas precisou ser levada para um hospital por conta de ferimentos na perna e foi liberada ainda no sábado.

Em depoimento para a polícia, Nilson foi questionado pela delegada o motivo de não ter parado após as batidas. Ele respondeu que sentiu, mas não viu os carros por causa da altura da cabine.

O que dizem as empresas

A empresa proprietária da carga de cervejas que caiu na rodovia é a Rododrive, da região norte. Em nota, eles manifestaram "profundo respeito quanto ao indesejável acontecimento" e destacaram que Nilson, assim como o caminhão, são terceirizados.

A empresa também disse que instaurou sindicância "para apuração dos fatos, visando a elucidar todo o ocorrido".

A RPC apurou que Nilson é funcionário da empresa RRLog, com sede em Mandaguaçu.

Em nota, a empresa disse que repudia a conduta do motorista e que ele chegou na noite de sexta-feira (13), às 19h30 em Ponta Grossa, para realizar a descarga na manhã de sábado (14).

A empresa também disse que "toda conduta de mudança de rota não foi orientado ou autorizado. Ele estava orientado a descansar e descarregar pela manhã".

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