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Livro revela desconfiança e atritos entre papas Bento XVI e Francisco

Por CNN Brasil

14/01/2023 às 03:15:15 - Atualizado há
CNN Brasil

Depois de sua renúncia, em 2013, a primeira de um pontífice desde a Idade Média, Bento XVI prometeu viver "afastado do mundo", mas interveio algumas vezes em questões polêmicas, como quando se pronunciou a favor da manutenção do celibato dos padres, em 2020, indo contra Francisco.

Gänswein, secretário particular de Bento XVI desde 2003, antes mesmo de sua eleição como papa, era prefeito da Casa Pontifícia da Santa Sé na época da polêmica.

Ele afirma que, depois desse episódio, Francisco o privou das funções executivas do seu cargo, embora tenha mantido o título, e o fez um pedido: "A partir de hoje, fique em casa. Acompanhe Bento, que precisa de você, e aja como um escudo".

Quando Gänswein contou a Bento XVI o que havia acontecido, ele respondeu: "aparentemente, o papa Francisco não confia mais em mim e fez de você meu vigia".

Por terem uma relação próxima e de confiança, o papa emérito fazia confissões ao então secretário, segundo ele.

O Vaticano não reagiu oficialmente às críticas ao papa argentino – amplamente divulgadas na imprensa internacional -, mas, na última segunda-feira (9) o ex-secretário foi convocado para uma audiência a portas fechadas com Francisco.

O conteúdo da conversa não foi divulgado, mas, segundo fontes, o pontífice estaria desapontado e pediu discrição a Gänswein.

Na véspera do lançamento do livro, Francisco advertiu no Angelus (uma oração recitada pelo pontífice em recordação ao Mistério perene da Encarnação três vezes ao dia da janela do Palácio Apostólico), que "a fofoca é uma arma letal que mata. Mata o amor, a sociedade e a fraternidade", mensagem interpretada como uma suposta reação à publicação de Gänswein.

Divergências e atritos

Gänswein conta que, em diversas ocasiões, Bento XVI e Francisco divergiram por causa de suas correntes ideológicas. Ele utiliza o termo italiano "tifoserie", como torcedores de futebol, para se referir aos conservadores e progressistas.

Segundo o ex-secretário, o papa argentino "partiu o coração" de seu antecessor ao reverter sua decisão sobre o uso do latim nas missas, por exemplo.

Fica nítido no livro, também, que o autor tem questões pessoais com o atual papa. Ele diz que sempre teve uma relação "fria" com Francisco, que "teria inveja" da sua relação de confidencialidade com Bento XVI.

Entre muitas outras coisas, Gänswein censura Francisco por ter feito com que ele perdesse o seu prestígio como prefeito da Casa Pontifícia, um dos cargos mais importantes da Cúria, desde que o encarregou de cuidar de Bento XVI em seu retiro no mosteiro vaticano de Mater Ecclesiae.

Atualmente, ele ainda ocupa o cargo, mas segue afastado de suas funções.

Após a morte de Bento XVI, no último dia de 2022, aos 95 anos, há dúvidas sobre o futuro do ex-secretário. Principalmente após a publicação, é muito improvável que ele volte a exercer plenamente o cargo de prefeito da Casa Pontifícia, indicam fontes do Vaticano.

Algumas pessoas dizem que o pontífice argentino poderia nomear Gänswein como embaixador, com o objetivo de afastá-lo da Santa Sé e de suas intrigas.

Outras possíveis opções são deixar o Vaticano para lecionar em uma universidade católica no exterior ou retornar à Alemanha. O ex-secretário já deixou o mosteiro de Mater Ecclesiae nesta quinta-feira (12).

Segundo a mídia católica alemã, no dia do enterro de Bento XVI, Gänswein recebeu uma carta assinada pelo próprio papa Francisco informando-o de que deveria deixar o mosteiro até 1º de fevereiro.

*com informações de agências internacionais

Fonte: CNN Brasil
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