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Emirados Árabes nomeiam chefe de petrolífera para presidir COP28 e alarmam ativistas

Por A Referência

13/01/2023 às 20:13:19 - Atualizado há

Os Emirados Árabes anunciaram na quinta-feira (12) que o sultão Al Jaber, chefe da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC, da sigla em inglês), irá liderar a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP28) deste ano. Na visão de ativistas, a escolha coloca em xeque a conferência global da ONU (Organização das Nações Unidas), marcada para o dia 30 de novembro. As informações são da rede CNN.

Segundo comunicado divulgado no Twitter pelo gabinete de Al Jaber, ele ajudará a moldar a agenda da conferência e as negociações intergovernamentais, buscando construir um consenso entre os mais de 190 países participantes comprometidos com o Acordo de Paris, que é o de limitar o aquecimento global a +1,5 grau Celsius.

Ao ser anunciado, Al Jaber recebeu elogios por suas credenciais sobre o assunto, incluindo destacada atuação enquanto enviado do país para mudanças climáticas e também por seu papel como fundador da empresa de energia renovável Masdar, que abriu o caminho para a energia limpa no país árabe.

"Os Emirados Árabes Unidos estão abordando a COP28 com um forte senso de responsabilidade e o mais alto nível de ambição possível", acrescentou o comunicado.

O sultão Al Jaber durante conferência de energia renovável (Foto: WikiCommons)


Jaber, que também atua como ministro da Indústria e Tecnologia dos Emirados Árabes Unidos, declarou à agência WAM que acredita sinceramente que "a ação climática hoje é uma imensa oportunidade econômica para investimento em crescimento sustentável".

Embora ele tenha recebido mensagens de parabéns de vários líderes globais, incluindo o enviado climático dos Estados Unidos, John Kerry, o presidente da COP26, Alok Sharma, e o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, que se diz "confiante", ativistas ambientais reagiram com críticas à sua nomeação.

Um dos pontos mais fortes com a desconfiança que recai sobre Jaber, levantando questões sobre a credibilidade da presidência, é o papel que os combustíveis fósseis têm na condução da mudança climática.

"Al Jaber não pode presidir um processo encarregado de enfrentar a crise climática com tal conflito de interesses, liderando uma indústria que é responsável pela própria crise", disse em comunicado Tasneem Essop, diretor executivo da Climate Action Network International (CAN), uma rede global de organizações não-governamentais comprometidas com o combate às causas e efeitos nocivos das mudanças climáticas.

Essop questiona se Jaber deixará a posição que ocupa na companhia nacional. "Se ele não deixar o cargo de CEO da ADNOC, isso equivalerá a uma captura em grande escala das negociações climáticas da ONU por uma empresa petrolífera nacional petroestatal e seus lobistas de combustíveis fósseis associados".

Já Teresa Anderson, líder global em justiça climática da ONG ActionAid, disse à agência de notícias AFP que a nomeação vai além de "colocar a raposa no comando do galinheiro".

Por outro lado, há ativistas que veem a nomeação de Al Jaber como algo natural, já que ele tem estado na vanguarda da defesa da energia renovável na região.

As Nações Unidas sustentam que a escolha do presidente era um assunto para os Emirados Árabes Unidos. Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse: "É importante observar que, seja a escolha de qual país sedia a COP, ou qual pessoa preside a COP, é um assunto dos Estados-membros, em que o secretário-geral ou o secretariado da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) não têm absolutamente nenhum envolvimento".

Os Emirados Árabes Unidos, que são grandes exportadores de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), serão o segundo país árabe a sediar a cúpula do clima, depois do Egito no ano passado.

Fonte: A Referência
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