Economia China

Pressão de fornecedora da Apple pesou para China afrouxar política

Por A Referência

10/12/2022 às 01:48:23 - Atualizado há

O diretor-fundador da Foxconn, fornecedora da Apple, Terry Gou, enviou uma carta a Beijing em novembro alertando que sua rígida política sanitária contra a Covid-19 ameaçaria a posição da segunda maior economia do mundo na cadeia de suprimentos global, informou o Wall Street Journal.

O pedido teria desempenhado um papel importante no sentido de convencer o governo chinês a flexibilizar suas medidas de "Zero Covid" e reabrir rapidamente a economia, disse a reportagem, que citou pessoas familiarizadas com o assunto.

O apelo veio após funcionários de uma fábrica de iPhones em Zhengzhou irem às ruas protestar contra o não pagamento de seus salários no final do mês passado. Houve confronto com a polícia, que agrediu os trabalhadores.

Medidas de combate à Covid-19 em Xangai, na China (Foto: Xiangkun ZHU/Unsplash)

A fábrica vinha enfrentando restrições severas contra a pandemia, que alimentaram o descontentamento entre os trabalhadores com as condições do local, o que provocou uma queda de 11,4% na receita de novembro em relação ao ano anterior. À época, cidadãos de oito distritos da cidade, onde vivem 6,6 milhões de pessoas, foram instruídos a não deixar suas residências por cinco dias.

Após o incidente, a Foxconn, proprietária da fábrica, cuja sede fica em Taiwan, pediu desculpas pelo que chamou de "um erro de entrada no sistema de computador" e garantiu que o pagamento seria o mesmo acordado com os manifestantes.

As autoridades de saúde chinesas e os conselheiros do governo aproveitaram a carta de Gou para reforçar que Beijing precisava acelerar seus esforços para aliviar seus rígidos métodos de estancar o avanço da doença.

Em comunicado, Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada da China nos EUA, declarou que "não estava ciente dos detalhes" quando procurado para comentar a carta relatada.

"O governo chinês coloca as pessoas e suas vidas em primeiro lugar", disse ele. "Temos aprimorado as medidas de resposta à Covid à luz das circunstâncias em mudança. Ao fazer esses ajustes em resposta às novas circunstâncias e tarefas relacionadas à resposta ao coronavírus, a China mostrou que sua abordagem é baseada em fatos e responde às mudanças. Continuaremos a adotar uma abordagem baseada na ciência e direcionada e coordenaremos efetivamente a resposta epidêmica e o desenvolvimento socioeconômico".

Casos e mortes são relativamente baixos na China em comparação com os EUA, a Índia ou a França, mas o governo permanece firme em seus métodos sanitários.

Por que isso importa?

Beijing tem adotado uma severa política de combate ao coronavírus, com relatos de milhões de cidadãos trancados em casa durante períodos longos e empresas impedidas de funcionar, impactando duramente nas vidas das pessoas e na economia do país.

Há relatos de chineses que morreram durante os períodos de confinamento por falta de atendimento médico para doenças diversas da Covid-19 e até de fome, devido à impossibilidade de sair de casa para obter alimento.

Em maio, Tedros Ghebreyesus, chefe da OMS (Organização Mundial de Saúde), contestou a política "Zero Covid" de Beijing, o que levou o governo a censurá-lo. Declarações dadas por ele foram excluídas de ao menos dois canais, o serviço de microblogs Weibo e o aplicativo de mensagens WeChat.

A autoridade de saúde disse não aprovar a radical política chinesa de trancar a população em casa, uma iniciativa que começou em Xangai, durou seis semanas e se repetiu em outras cidades do país em meio à rápida disseminação da variante Ômicron.

"Quando falamos sobre a estratégia "Zero Covid", não achamos que seja sustentável, considerando o comportamento do vírus agora e o que prevemos no futuro", disse o chefe da OMS. "Discutimos esta questão com especialistas chineses e indicamos que a abordagem não será sustentável. Acho que uma mudança será muito importante".

Em abril, a ONG Human Rights Watch (HRW) alertou para os danos que o confinamento vem causando a seus cidadãos, particularmente em Xangai. "As autoridades de Xangai impuseram medidas draconianas de bloqueio desde março de 2022, que impediram significativamente o acesso das pessoas a cuidados de saúde, alimentos e outras necessidades vitais", disse a entidade na ocasião.

No caso específico de Xangai, pessoas teriam morrido porque não foram autorizadas a sair de casa sequer para tratamento médico de doenças crônicas que enfrentam. E de crianças separadas de seus pais porque um ou mais integrantes da família testaram positivo para Covid-19. Muitos cidadãos teriam ficado sem comida em casa, devido à longa duração do bloqueio, que os pegou desprevenidos.

Fonte: A Referência
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