Colégios de elite vivem surto de protestos e agressões a favor de Bolsonaro em Curitiba

As principais redes de colégios de classe média alta vêm sofrendo nos últimos dias com uma série de protestos em nome de Bolsonaro. Há relatos de vandalismo e tensão em função do processo eleitoral que elegeu Lula no último domingo (30). Alunos bolsonaristas vêm impondo sua visão não só a colegas como aos próprios colégios, exigindo que diretores tentem medidas para evitar problemas mais graves. Os protestos por Bolsonaro também bloquearam estradas em vários pontos do país.

Protestos por Bolsonaro

O caso mais recente aconteceu nesta segunda-feira (31) no Santa Maria, um dos integrantes da rede Marista de Colégios. Dois vídeos contam um pouco o que aconteceu. No primeiro, centenas de alunos num coro organizado xingam Lula.

O segundo vídeo mostra um pequeno grupo de estudantes com uma bandeira onde se lê o nome de Lula – certamente uma comemoração da eleição do petista, ocorrida no fim da noite do domingo (30). A bandeira é recebida por uma multidão de alunos com vaias e gritos de "Vergonha".

Há relatos de que alunos também hostilizaram professores supostamente "esquerdistas", virando as carteiras de costas para eles; mães relatam que houve bullying com alunos de famílias que votam em Lula; e um grupo de WhatsApp dos alunos, a que o Plural teve acesso por meio de prints, fala até mesmo em assassinato, perguntando entre outras coisas "Quem será o herói que vai matar Lula?"

Marista Santa Maria

"O Colégio Marista Santa Maria informa que está acompanhando a mobilização que ocorreu no recreio na manhã de hoje e que está atento às movimentações relacionadas. Guiados pelos valores Maristas, pedimos a compreensão da comunidade escolar para o momento atual, que nos convida à prática do respeito, espírito de família e acolhimento das diferenças", disse o Marista em nota. O colégio diz ainda repudiar qualquer tipo de violência, seja ela física, psicológica, verbal ou simbólica.

Recentemente, outro colégio da rede, o Marista Paranaense, registrou uma outra provocação de estudantes bolsonaristas. Alunas do colégio postaram nas redes sociais um vídeo em que diziam que as mulheres mais bonitas eram eleitoras de Bolsonaro, e que as esquerdistas eram "peludas como cadelas". Depois da repercussão, o vídeo foi retirado das redes.

Positivo

Na semana passada, o Positivo enfrentou problema semelhante. Depois de pedir que os alunos evitassem roupas e adereços com conotações políticas, o colégio viu um motim orquestrado por bolsonaristas. Os alunos não apenas desrespeitaram a ordem da direção, indo de verde e amarelo, como tomaram conta da sede da Ângelo Sampaio, cantando a favor de Bolsonaro e hostilizando colegas petistas.

O colégio reforçou o pedido para que os alunos evitassem externar suas posições desse modo e fez solicitação igual aos professores, pedindo que todos comparecessem de camiseta laranja nesta segunda-feira – uma cor neutra no atual cenário eleitoral.

Bom Jesus

No Bom Jesus, uma situação de confronto aconteceu quando um aluno apareceu no colégio com uma bandeira do PT. A bandeira foi confiscada por colegas que gravaram um vídeo no banheiro vandalizando o símbolo do partido – cena que terminava com um dos alunos urinando na bandeira. O caso ganhou repercussão em jornais nacionais.

Nesta segunda-feira (31), no Bom Jesus Centro, alunos apareceram na escola com bandeiras do Brasil e fotografias de Bolsonaro. E, no intervalo das aulas, chegaram a cantar a música da campanha do Bolsonaro e também o hino nacional brasileiro.