Economia Internacional

Saiba qual a conexão entre Vladimir Putin e o Rei da Noite, de Game of Thrones

Por Da Redação

09/09/2022 às 06:02:23 - Atualizado há

O inverno está chegando. A frase remete ao seriado Game of Thrones. Para recordar, ou explicar para quem não viu (sem spoilers): o universo conhecido divide-se em sete reinos, que convivem em uma trégua instável. Os invernos podem durar anos. Durante os mais longos, criaturas malignas surgem do gelo e recrutam os mortos para destruir os vivos. Por isso, a chegada do inverno é sempre um momento de preocupação. Os mortos são comandados pelo Rei da Noite. Sua imagem é parecida com a caricatura do presidente russo Vladimir Putin que ilustra esta reportagem.

Não é um acaso. Assim como o vilão do seriado televisivo, Putin tem o inverno para tentar destruir seus inimigos. A diferença é que, em vez de recrutar mortos, o Rei da Rússia simplesmente fecha as torneiras do gás que gera a eletricidade necessária para as economias de Alemanha, França e demais países europeus. Na sexta-feira (2), a estatal russa Gazprom – leia-se Putin – anunciou que estava suspendendo “por tempo indeterminado” o fornecimento de gás à Europa por meio do gasoduto Nord Stream 1.

Setembro começou e, no Hemisfério Norte, isso indica o fim do verão. As temperaturas devem começar a baixar em breve. E assim como o verão teve temperaturas e secas extremas na Europa, é bastante provável que o inverno seja igualmente extremo, com ondas de frio e recordes de baixa nos termômetros. Nesse cenário, uma escassez de energia para aquecimento é um cenário devastador para a economia. Putin sabe muito bem disso. Daí a suspensão do fornecimento ter ocorrido logo após o anúncio dos planos para o petróleo.

“Temos de economizar e compartilhar energia, mas temos estoques elevados e não temos medo das decisões de Putin” Paolo Gentiloni comissário de economia da União Europeia.

Segundo a estatal, a culpa do crime é da vítima. As sanções econômicas impostas por Estados Unidos, Canadá e Europa à Rússia teriam impedido o fornecimento de peças para reformar a reforma do equipamento. A decisão da Gazprom veio horas depois que os países do Grupo das Sete (G7) concordaram com um plano para impor um teto de preço ao petróleo russo na tentativa de reduzir as receitas petrolíferas de Moscou.

IMPACTO As lideranças europeias já alertaram que a decisão russa vai provocar novas retaliações. No sábado (3), o comissário de economia da União Europeia (UE), Paolo Gentiloni, disse que os países do bloco estão “prontos para reagir” à suspensão. Ele acusou o presidente russo de usar o fornecimento de energia como uma arma de guerra. “Temos de economizar e compartilhar energia, mas temos estoques elevados e não temos medo das decisões de Putin”, disse Gentiloni no sábado, um dia após o corte do fornecimento. “Se os russos não respeitarem os contratos estamos prontos para reagir”, disse ele, sem detalhar quais ações isso poderia acarretar.

As consequências serão drásticas. Os países da União Europeia já concordaram em reduzir voluntariamente o consumo de gás em 15% durante o outono e o inverno. No entanto, isso é um paliativo. Nos últimos dez anos, o projeto econômico europeu levou em conta o gás russo. Barato, abundante e mais sustentável para a geração de eletricidade do que as antigas usinas a carvão, a alternativa permitiu até que os políticos do poderoso Partido Verde alemão aprovassem um plano de desligamento das usinas nucleares locais. Agora, todo esse processo estará comprometido. “Os países da Europa terão de investir muito em tecnologias de eficiência energética e comprar gás de outros países pagando mais caro e se comprometendo com contratos de longo prazo”, disse o ex-diretor da Gazprom Sergey Vakulenko, atualmente consultor do think tank Carnegie Endowment for International Peace.

Os especialistas avaliavam que, por não envolver ação armada, as retaliações ocidentais ao ataque russo à Ucrânia não teriam consequências. Tradicionalmente, incursões militares contra Moscou deram errado devido à competência do “general inverno”. As condições climáticas são tão severas que derrotam os invasores, mais do que as tropas russas – Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler aprenderam essa lição. O que não estava no plano é que, desta vez, Putin usa o inverno como arma ofensiva, e não defensiva. Segundo Vakulenko, as consequências para a Rússia serão de longa duração. É pouco provável que a Europa volte a depender da energia russa, mesmo em um cenário sem Putin. “A confiança será difícil de restabelecer”, afirmou. E vale só um pequeno spoiler de Game of Thrones: não há maneira de entrar em um acordo com o Rei da Noite.

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