Aos 24 anos, a artista trans maringaense Leffs acaba de lançar seu novo single "Iluminar" – veja o clipe no fim da matéria. A nova música, segundo ela, tem como pilar a discussão sobre a vigilância constante que os corpos dissidentes sofrem no dia a dia.
Uma pessoa trans é aquela que não se identifica com o gênero que lhe foi designado quando nasceu. Mas Leffs ensina que um ponto importante é que socialmente estamos mais acostumados com a ideia de que pessoas trans vão necessariamente migrar para o polo oposto do gênero, o que é entendido como binariedade (homem ou mulher). “Contudo, o gênero é um produto de uma construção social de poder, e a diversidade humana não pode ser contida em apenas duas opções. Por isso, gênero deve ser entendido como um espectro e pessoas trans devem ter a liberdade de construir suas identidades de forma livre, sem necessariamente atender a expectativas sobre a performance de um gênero específico”, explica.
Ela destaca que o fazer artístico, a produção, a composição, por si só, em teoria, não difere em relação aos processos de artistas cisgêneros (indivíduos que se identificam com o sexo biológico com o qual nasceu). Porém, ela alerta que é ingênuo pensar que arte e artista não se misturam. “Minhas músicas são produtos das minhas experiências, vivências e os acessos que tenho também são afetados pelo sistema de poder em que estamos inseridos enquanto sociedade”.
Cantora, compositora e produtora musical, Leffs atua na área da música e performance desde de 2018, quando iniciou seu canal no YouTube fazendo covers. Já seu trabalho autoral teve início em 2020, com o lançamento do EP "Quarentena Eletrohits", com quatro músicas experimentais sobre sua experiência no período mais fechado do isolamento social devido a pandemia de covid-19. “As composições são minhas, o EP e o single Normal eu produzi tudo sozinha mesmo (composição, arranjo, mixagem, masterização), o single Mente a composição é minha e do Samuel Amaro, ele também fez o arranjo e a produção musical como um todo. No novo lançamento, Iluminar, a letra é minha, a produção musical e arranjo é da Chá di Lirian e a mixagem e masterização foram feitas pelo Nicholas Emmanuel, da Produtora Casa Amarela”, conta.
A rotina da profissão é de composição e produção de músicas em estúdio semanalmente, bem como preparação vocal. A artista destaca que está sempre atenta às novas tendências nas redes sociais e produzindo conteúdos para engajar com o público, além de elaborar projetos e eventos culturais para editais ou de forma independente.
Agora, além de novos lançamentos ainda neste ano, o foco da artista é trazer o público do digital para o presencial em shows em Maringá e região.