Novo Ensino Médio pode ajudar a preparar estudantes que querem ser influenciadores digitais

Antigamente, as redes sociais eram apenas ferramentas de entretenimento, mas hoje elas são fonte de renda – muitas vezes milionária – para muitas pessoas. Os influenciadores digitais arrastam multidões de fãs que fariam inveja em bandas de rock do século XX. Donos de centenas de milhões de seguidores, eles assinam contratos milionários com marcas das mais diversas, de roupas a comida, passando por companhias aéreas e sites de apostas esportivas.

De acordo com a coordenadora editorial do Sistema Positivo de Ensino, Milena dos Passos Lima, muitos estudantes estão entrando no ensino médio já com a missão de se tornarem influenciadores digitais.

Segundo a especialista, a discussão sobre se tornar um influenciador digital está presente nas redes sociais, mas a escola pode ser um ambiente para o debate.

Como ensinar esse engajamento digital nas escolas?

Milena ressalta que o aluno que quiser ser um influenciador pode falar de língua portuguesa, da linguagem das redes sociais, ética nas mídias digitais, políticas de cancelamento, filosofia, sociologia, matemática, entre outros.

Para a coordenadora editorial do Sistema Positivo, o Novo Ensino Médio trouxe uma busca por novas profissões e estilos de vida, entre eles, o de influenciador digital. “Se hoje esse adolescente encara a escola como um local onde as aprendizagens são ultrapassadas, desinteressantes, cansativas, esse é o tipo de tema que pode chamar à atenção do aluno com disposição para aprender”, afirma.

Mudanças que impactam uma geração

Milena destaca que antigamente era impensável estimular adolescentes a ganhar dinheiro com fotos e vídeos na internet. No entanto, é uma realidade que não pode mais ser ignorada. Entre as mudanças trazidas pelo Novo Ensino Médio, está a possibilidade de discutir e trabalhar temas como a influência digital dentro da escola, sob o amplo guarda-chuva dos itinerários formativos.

Esse tipo de assunto deve estar dentro da escola como uma forma de atualizar os conteúdos trabalhados em sala de aula. Além disso, os itinerários precisam no Novo Ensino Médio precisam estar organizados em quatro eixos: processos criativos, mediação e intervenção sociocultural, investigação científica e empreendedorismo.

No caso dos influenciadores digitais, o assunto conversa perfeitamente com o eixo dos processos criativos. “Ter um itinerário que traga esse tema, não quer dizer que o aluno será influenciador, mas, com essas temáticas atualizadas e aprofundamentos interessantes, estimulamos os jovens a pensar em novas carreiras”, diz.

Por fim, Milena reforça que é importante entender o que se deseja do estudante, o que é relevante para ele e o contexto em que ele está inserido na hora de escolher uma profissão. A partir daí, é possível construir uma trajetória escolar. O segundo passo é ouvir o estudante: acostumar-se a dar voz a ele e a ouvir o que ele tem a dizer.

“Muitas escolas ainda não entenderam que, para fazer isso para o aluno, elas precisam olhar para a própria trajetória enquanto escola e pensar em estratégias que valorizem esse contexto”, detalha Milena.