"Fragmentos": teatro lambe-lambe adapta clássico à contemporaneidade

Ver o cenário de “Fragmentos” pela primeira vez é impactante. A obra usa a linguagem do teatro lambe-lambe, uma forma com bonecos dentro de uma caixa. O espectador deve “espiar” por um buraco para ver o que se passa – e com ajuda de fones de ouvido, ouvir também. Por causa do formato, apenas duas pessoas podem assistir ao mesmo tempo. O espetáculo teve sua estreia nesta quinta-feira (07). 

Vendo a caixa por fora é difícil imaginar a produção detalhada que está acontecendo naquele palco tão pequeno. Paredes com pichações e grafites, letreiros de restaurantes, a entrada de uma igreja, tudo isso cabe entre as quatro paredes de papelão. Além disso, a trilha sonora ajuda a criar emoção e a contar a história.

Livre adaptação do clássico “A Pequena Vendedora de Fósforos”, de Hans Christian Andersen, publicado originalmente em 1845, “Fragmentos” coloca o conto em um contexto contemporâneo. Se na versão original a personagem-título sofria com frio e fome, agora a violência policial e a negligência são as novas mazelas.

“A menina busca ajuda, mas ela é invisível para o universo em que está. Então eu faço um jogo dentro da peça trazendo todos os outros personagens invisíveis e só ela visível”, conta Élcio Di Trento, idealizador e diretor. Há anos, Élcio faz parte da Associação Paranaense de Teatro de Bonecos (APRTB), criando outros formatos. Fragmentos foi sua estreia como lambeiro. 

A estudante de Teatro na FAP/Unespar Letícia Merlo, de 22 anos, trabalha no prédio histórico da UFPR e tem acompanhado as diversas peças que acontecem no local durante o Festival. Além de interesse no teatro de bonecos, ela tem conhecimento sobre essa linguagem, já que foi tema do seu Trabalho de Conclusão de Curso.

“Achei muito bonito. A peça não usa a palavra, como narração ou diálogo, mas é dramaturgia também. Fala através da imagem, do som e da luz “, diz Letícia. Para quem perdeu a estreia, o espetáculo ainda acontece nos dias 8 e 9 de abril, às 17h30, na escadaria do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná.

A reportagem faz parte do projeto especial para o site bandnewsfm feita em parceria com estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Positivo. O texto é de Daniel Victor.