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Alto comandante dos EUA diz que Beijing militarizou ilhas no Mar da China Meridional

Por A Referência

22/03/2022 às 17:16:26 - Atualizado há

O governo chinês militarizou totalmente três das diversas ilhas artificiais construídas na área do Mar da China Meridional, região alvo de disputa internacional entre cinco países. Os territórios estão guarnecidos por sistemas de mísseis antinavio e antiaéreos, equipamentos de laser e interferência e caças, movimento visto como "uma ameaça às nações que operam nas proximidades", relatou um militar de alta patente dos EUA no domingo (20). As informações são da agência Associated Press (AP).

A informação partiu do comandante do Indo-Pacífico dos EUA, almirante John C. Aquilino. Segundo ele, a beligerância naquela região é um contrassenso em relação às garantias dadas pelo presidente chinês Xi Jinping de que seu país não construiria instalações militares em águas contestadas.

"Acho que nos últimos 20 anos testemunhamos o maior acúmulo militar desde a Segunda Guerra Mundial pela República Popular da China", disse o almirante. "Eles avançaram todas as suas capacidades, e esse acúmulo de armamento está desestabilizando a região".

"Fiery Cross Reef" é uma das sete ilhas artificiais da China nas Ilhas Spratly e representa uma presença militar contínua em a região (Foto: WikiCommons)

Os novos equipamentos estão em ilhas artificiais no arquipélago de Spratly, ao largo das Filipinas. As bases contam com depósitos de munição, hangares, sistemas de radar de alta frequência e refúgios antimísseis, entre outros equipamentos.

Em uma aeronave de reconhecimento da Marinha dos EUA, Aquilino voou próximo a postos avançados controlados por chineses no arquipélago de Spratly, no Mar da China Meridional, uma das regiões mais disputadas do mundo – reivindicada, além de Beijing, por Filipinas, Vietnã, Malásia, Brunei e Taiwan. Durante a patrulha, o avião foi avisado diversas vezes por forças chinesas de que havia entrado ilegalmente no que elas alegaram ser território chinês. Foram dadas ordens para que o avião se afastasse.

"A China tem soberania sobre as ilhas Spratly, bem como sobre as áreas marítimas circundantes. Fique longe imediatamente para evitar erros de julgamento", disse uma das mensagens de rádio, em tom ríspido de ameaça.

De acordo com o almirante, qualquer avião militar e civil que sobrevoe a hidrovia disputada se torna um alvo fácil do sistema de mísseis das ilhas chinesas.

"Então, essa é a ameaça que existe, por isso é tão preocupante a militarização dessas ilhas", disse. "Eles ameaçam todas as nações que operam nas proximidades e todo o mar e espaço aéreo internacional".

"Prevenção à guerra"

Grande parte do foco no Mar da China Meridional na última década centrou-se nas disputas territoriais nacionalistas entre a China e os quatro reclamantes do Sudeste Asiático, bem como em uma disputa geopolítica entre a China e os Estados Unidos sobre a liberdade de navegação nas águas contestadas.

Os chineses ampliaram suas reivindicações territoriais sobre praticamente todo o Mar da China Meridional, construindo bases insulares em atóis de coral há quase dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como "missões de liberdade de operação". Embora os EUA não tenham reivindicações, há décadas têm navios e aeronaves da Marinha na patrulha e na promoção da navegação livre nas vias marítimas ??internacionais e no espaço aéreo.

Segundo Aquilino, a razão da presença de Washington na região é "prevenir a guerra por meio da dissuasão e promover a paz e a estabilidade, inclusive envolvendo aliados e parceiros americanos em projetos com esse objetivo".

Autoridades chinesas não fizeram comentários sobre o incidente. Beijing argumenta que seu perfil militar é puramente defensivo, estabelecido para proteger o que alega ser seu direito soberano.

Por que isso importa?

Os chineses ostentam o segundo maior orçamento de defesa do mundo, ficando atrás somente dos EUA. O país asiático tem se empenhado em uma modernização vertiginosa de suas forças com sistemas de armas, incluindo o caça J-20 – o jato de combate stealth mais avançado da China -, mísseis hipersônicos e dois porta-aviões, sendo que um terceiro está em construção.

Em artigo publicado no jornal South China Morning Post em janeiro deste ano, Mark J. Valencia, analista de política marítima, comentarista político e consultor internacionalmente reconhecido com foco na Ásia, fez uma previsão alarmante.

"A China e os EUA estão flertando com um desastre no Mar da China Meridional. Eles estão se apalpando como pugilistas no primeiro assalto. Até agora, eles evitaram uma colisão frontal, mas esta pode ser apenas a calmaria antes da severa tempestade militar".

Fonte: A Referência
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