Polícia homicídio

Troca de mensagens mostra que entidade procurou mãe de autista encontrado morto no Paraná para consultas e acompanhamento; veja

Conforme inquérito, associação insistia para que menino fosse consultado; padrasto e mãe da vítima foram indiciados por homicídio de Rômulo, encontrado morto em casa. Defesa diz que eles são inocentes.

Por g1 PR e RPC Ponta Grossa

04/03/2022 às 18:37:14 - Atualizado há

O inquérito da Polícia Civil da morte de um jovem autista encontrado morto com sinais de maus-tratos em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, mostra mensagens em que a instituição que o Rômulo Luiz Fernandes Borges frequentava tentava contato com a mãe para saber como o jovem estava.

O g1 e a RPC tiveram acesso ao conteúdo. A mãe e o padastro do menino Rômulo Borges, que está preso, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado, tortura e cárcere privado.

A defesa deles disse que os dois são inocentes e isso será provado ao longo do inquérito. Afirmou, também, que não houve tortura, maus-tratos nem homicídio.

Troca de mensagens

As conversas por aplicativo de mensagem se intensificaram durante a pandemia. A Associação de Proteção aos Autistas (Aproaut) oferecia entrega de cestas básicas, consultas gratuitas e auxílio para o transporte do menino.

Em uma das mensagens, a instituição cobra uma consulta para verificar como Rômulo está, e a mãe nega que os profissionais visitem a casa onde mora. Em outra, cobra também uma ligação para consulta do jovem.

O inquérito também mostra que a instituição entrou em contato com o Conselho Tutelar em 29 de março de 2019 depois de notar sinais de maus-tratos, como hematomas, marcas de cinta e mudança de comportamento de Rômulo.

O ofício cita marcas de violência e reclama da falta de acompanhamento familiar do jovem.

Em setembro do mesmo ano, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) enviou um despacho sobre o caso pedindo acompanhamento ao jovem. O caso foi alguns meses depois, em 18 de fevereiro de 2020.

Exatamente um ano depois, em 18 de fevereiro deste ano, Rômulo foi encontrado morto.

A defesa da mãe e do padrasto disse que os dois são inocentes e isso será provado ao longo do inquérito. Afirmou, também, que não houve tortura, maus-tratos nem homicídio.

Depoimentos

O padrasto de Rômulo afirmou em depoimento que "às vezes era necessário colocar um pano" na boca do menino "por causa dos gritos dele". Ele foi preso no dia do crime e indiciado por homicídio triplamente qualificado, tortura e cárcere privado, assim como a mãe da vítima.

Ainda no depoimento, o homem afirmou que tem um relacionamento com a mãe do jovem há quatro anos e que os dois "tentaram de tudo" para o jovem.

"Eu e a mãe dele a gente corria direto com ele, para cima e para baixo. E os órgãos públicos que podiam ajudar a gente não ajudavam. A gente não tinha mais o que fazer com ele, sabe? Ele estava tendo muita convulsão, muito ataque, caía, tinha ataque, caía, judiação da mãe dele, judiação de mim e das crianças", disse ainda.


Segundo o delegado, as investigações apontam que foram agressões do padrasto causaram a morte de Rômulo.

Além disso, o inquérito da Polícia Civil afirma que o menino era mantido amarrado e amordaçado dentro de um banheiro desativado com mofo e sem iluminação da residência e que sofria maus-tratos desde 2018.

Já a mãe do jovem também chegou a ser presa, mas foi liberada por ter outros dois filhos pequenos, de um e três anos. Ao delegado, ela afirmou que os machucados de Rômulo eram por conta de tombos que o menino levava.

"Então, o machucado é por conta desses tombos. A gente tenta conter ele para não se machucar, não é agressão, né?", afirmou.

Ela também definiu o menino como "louco".

"Se você olhasse para ele, você não falava que era autista. Ele era louco. Eu falava 'vamos ter que internar', porque ele não parava quieto, ele saía correndo, ele grita, ele não, ele não para", disse a mãe.


Ligação para o Samu e mudança no local do crime


Segundo o delegado Luiz Gustavo Timossi, as provas coletadas indicam que o padrasto agrediu com violência Rômulo, resultando na morte do jovem, e que o local do crime foi alterado antes da chegada do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu).

As investigações ainda apontaram que no momento da ligação para os socorristas, o menino já estava morto.

Imagens obtidas por câmeras de segurança, segundo a PC, revelam parte da movimentação dos suspeitos momentos antes do corpo do jovem ser encontrado.

De acordo com o delegado, o padrasto afirmou no dia do crime que a vítima tinha tido uma crise de convulsão e que ele iniciou uma massagem cardíaca no jovem, ligando para a mãe sem interromper o procedimento.

As imagens, conforme a polícia, desmentem a afirmação pois mostram que no horário em que o padrasto afirmou estar fazendo massagem ele estava, na verdade, no telefone do lado de fora casa.

A Polícia Civil também identificou contradições no depoimento da mãe e do padrasto no dia do crime.

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