Educação Ciência

Pesquisadores utilizam bactérias de cavernas para fechar fissuras em argamassas

Por Da Redação

08/02/2022 às 11:12:36 - Atualizado há

O que a bactéria faz, natural e involuntariamente, é criar cristais para melhorar as condições de seu próprio ambiente. Para isso, ela precisa de uma fonte de cálcio, ambiente alcalino e água. Praticamente, está descrito o material cimentício, que tem alto teor alcalino (12).

É esta propriedade, nestas condições, que tem mostrado como a bactéria é eficiente no fechamento de fissuras. Nicole demonstrou que uma fissura de 0,2 mm de largura foi fechada em 63 dias. Ela conta que fez testes com fissuras de até 0,4 mm, e que em outros países existem estudos de fissuras ainda maiores. Na variação dos três fatores, a pesquisa mostrou que a diminuição da umidade resulta numa autocicatrização menos eficiente. E se a quantidade de cálcio é reforçada, potencializa a ação do microrganismo.

Fissuras fechadas com uso das bactérias (Divulgação: Cimebio).

Para a professora Berenice Martins Toralles (Departamento de Construção Civil/CTU), orientadora de Nicole, existem muitas outras vantagens em utilizar uma bactéria. “Existem produtos químicos, mas a bactéria, como material biológico, é mais recomendável, porque é uma substância não manipulada, é ambiental, sustentável, e não causa dano nenhum à saúde”, comenta. Outra vantagem é que a bactéria deixa o material cimentício menos poroso, ou seja, menos suscetível à infiltração de água.

De acordo com Nicole, a bactéria passou por um processo de secagem (liofilização) para ser transportada da Amazônia para Londrina. Para fins práticos como o manuseio e a comercialização, é interessante que esteja em pó. Mas a pesquisa avança para utilizar o microrganismo numa solução aquosa. “A pessoa pode então borrifar em cima da fissura e esperar a bactéria agir”. Simples assim.

Imagem de MEV dos cristais de CaCO3 precipitados pelas bactérias nas argamassas (setas apontam para os cristais) (Divulgação: Cimebio).

Cimebio

Desde o final de 2019, a pesquisa tem contado com recursos do Programa Sinapse da Fundação Araucária, obtidos em edital, no valor de 40 mil reais. Com eles, testaram outra bactéria de caverna isolada, fizeram experiências laboratoriais, testes de validação, entre outras ações. Também conta com a assessoria da Aintec, onde está como incubada (Cimebio), e conseguiu mais recursos com o Programa Startup Match, também do governo estadual, para alocar pesquisadores, levando para o projeto um engenheiro e uma microbiologista, ambos mestres pela UEL.

A professora Berenice enfatiza a importância destes recursos, dos programas de financiamento e do investimento do governo do Paraná em pesquisa. “É muito bom que o governo valorize e incentive outros pesquisadores a desenvolverem seus projetos”, diz. Ela e Nicole também destacam as parcerias do projeto, que envolveu outros Programas de Pós-Graduação, alunos de graduação (Iniciação Científica), vários laboratórios da UEL e professores da Microbiologia. “Os laboratórios são grandes parceiros”, afirma Berenice. “E sem os professores da Microbiologia estaríamos na estaca zero”, completa Nicole.

Fonte: O Perobal
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