Entidades de classe, no Paraná, manifestaram repúdio ao vídeo que relaciona a cratera que se formou na terça-feira (01), na construção da Linha 6-Laranja do Metrô, em São Paulo, com a atuação das mulheres no projeto e execução da obra. A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, aqui no Paraná, diz que "é inaceitável que ainda exista tanta discriminação e violência contra as profissionais mulheres".
O Comitê Mulheres do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná manifestou apoio à nota divulgada pelo Conselho Federal da entidade. A nota do Confea "cobra a punição aos responsáveis" pelo vídeo e diz que "em pleno século 21, as situações de violência e discriminação contra as mulheres continuam desafiando, também, a razoabilidade em nosso país". A manifestação do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia pede "o combate à violência e a valorização da mulher na sociedade, diante de práticas misóginas que vão contra a valorização profissional, considerando que as formações são exatamente as mesmas entre os gêneros".
A montagem publicada depois da ocorrência, que interditou a marginal Tietê, usa trechos de um filme institucional da companhia espanhola responsável pelas obras, que exalta a participação de mulheres no empreendimento, entre elas engenheiras. Na versão apresentada agora, a fala das funcionárias é intercalada por imagens do acidente, com depoimentos fora de contexto e sugerindo que a tragédia foi consequência da participação de mulheres. Além disso, o vídeo também recupera depoimentos de colaboradoras de áreas sem ligação com a engenharia da obra, desde comunicação e recursos humanos, até o setor administrativo.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, do PSL de São Paulo, foi um dos que compartilharam a montagem. O filho do Presidente da República definiu a preferência pela contratação de mão-de-obra feminina como "ideologia sem comprovação científica" e defendeu a "escolha" do "melhor profissional, independente da sua cor, sexo, etnia e etc".