Terreno que fica em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, está sendo preparado para a construção de um conjunto habitacional com mais de mil casas populares.
O Instituto Água e Terra (IAT) autorizou que uma empresa, que pertence a Construtora Pride, corte 600 árvores em um terreno em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Deste total, 172 são araucárias - árvore símbolo do Paraná.
A ação, que foi autorizada em agosto de 2020 pelo IAT, causou revolta em moradores e ambientalistas.
"Ah, é uma tristeza muito grande. É só estando aqui para ver, ouvir o barulho dessa araucária caindo é muito triste", disse dona Wilcélia, que mora na região desde que nasceu.
A araucária é uma árvore protegida por lei, e a Organização das Nações Unidas (ONU) já a incluiu como espécie ameaçada de extinção. Porém, mesmo com esses motivos, dezenas de araucárias estão sendo derrubadas, com autorização.
O terreno está sendo preparado para a construção de um conjunto habitacional com mais de mil casas populares.
Em julho de 2021, após denúncias, o próprio IAT suspendeu a autorização por tempo indeterminado, até que fosse feita uma análise da situação.
Em novembro, a construtora entrou com pedido na Justiça, alegando demora nessa análise. Dois dias depois, a Justiça concedeu uma liminar, uma decisão temporária, autorizando o retorno das atividades da empresa.
No dia 12 de janeiro deste ano, a empresa retomou o corte das árvores.
Nicholas Kaminski, biólogo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) criticou a decisão.
"Estamos atualmente vivendo uma crise hídrica regional, uma crise ambiental global por conta das mudanças climáticas e ainda assim nós vemos o órgão ambiental local concedendo licenças pouco criteriosas para corte de espécies ameaçadas, para supressão de áreas naturais e isso é impactante", afirmou.
Na tarde de sexta-feira (15), a Polícia Civil Ambiental e a agentes do Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR) estiveram no terreno.
O outro lado
O Instituto Água e Terra afirmou que fiscalizou as atividades da empresa no terreno e não encontrou nenhuma infração. Informou também que a área derrubada é de floresta plantada, por isso é permitida por lei. O instituto disse ainda que não descarta novas fiscalizações na área.
A Construtora Pride afirmou que segue rigorosamente as leis e que possui as devidas autorizações dos órgãos competentes.
O MP-PR informou que, na próxima semana, promotores devem se reunir com a construtora responsável pelo empreendimento e que até lá a empresa se comprometeu a não cortar mais nenhuma árvore.