SaĂșde

Inca: cigarro eletrônico aumenta dependência da nicotina

Por Agência Brasil

31/05/2021 às 15:29:17 - Atualizado hĂĄ
Agência Brasil

Estudo feito por pesquisadores da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) aponta para os riscos à saĂșde pelo uso de cigarros eletrônicos. O artigo foi aceito para publicação na revista CiĂȘncia & SaĂșde Coletiva, da Associação Brasileira de SaĂșde Coletiva e divulgado hoje (31), quando se comemora o Dia Mundial sem Tabaco.

Os pesquisadores analisaram 22 estudos de diferentes paĂ­ses sobre o tema, totalizando 97.659 participantes. Sobre o uso do cigarro convencional, nos Ășltimos 30 dias foram analisados nove estudos com 33.741 indivĂ­duos. Todas as pesquisas foram publicadas entre 2016 e 2020, informou o Inca, por meio de sua assessoria de imprensa.

A coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, médica epidemiologista Liz Almeida, disse à AgĂȘncia Brasil que em um primeiro momento os cigarros eletrônicos foram criados para ajudar os fumantes a deixar de fumar. "Que eles seriam menos tóxicos que o cigarro comum, teriam menos riscos. Com o tempo, a gente foi vendo que ele não era tão bonzinho assim. Tem riscos porque tem substâncias que também são cancerĂ­genas."

Liz Almeida ressaltou que os cigarros eletrônicos foram pensados como substitutos dos cigarros comuns para aquelas pessoas que não conseguem parar de fumar de jeito nenhum. Essa foi a ideia inicial.

"Só que com o passar do tempo não foi isso que se viu. A indĂșstria passou a investir de forma muito tensa em fazer novos usuĂĄrios. A maior adesão que esse produto teve em todo o mundo foram os jovens que nunca tinham fumado. Nos Estados Unidos isso foi uma epidemia".

DependĂȘncia

O problema é que o cigarro eletrônico contém nicotina, que é uma substância que desenvolve dependĂȘncia. "Uma vez que vocĂȘ passa a ficar dependente da nicotina, vocĂȘ pega qualquer produto do tabaco que estiver ao seu alcance", disse a médica do Inca.

Muitas pessoas que nunca haviam fumado antes começaram a fumar cigarro eletrônico e, de repente, passaram a experimentar e usar o cigarro comum. Segundo Liz, muita gente passou a usar o cigarro eletrônico em ambiente fechado e o cigarro tradicional em ambiente externo. Para a médica, isso ocorreu porque muitos desses aparelhos tĂȘm um formato super discreto, como o de um pendrive e outros tĂȘm formatos de material escolar, o que não era percebido pelos pais.

A ideia inicial de ajudar fumantes a parar de fumar com o uso de produto que oferecesse menor risco foi ficando para segundo plano. Então, o que ganhou volume foi o cigarro eletrônico, mais consumido na faixa etĂĄria menor, de maior poder aquisitivo e do sexo masculino. Depois, as meninas também começaram a utilizar, disse a médica.

A revisão sistemĂĄtica feita pelo Inca, no final do processo, mostrou que o uso de cigarro eletrônico aumenta em trĂȘs vezes e meia mais o risco de experimentação de cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro.

"Nossos resultados mostram que o cigarro eletrônico aumenta a chance de iniciação do uso do cigarro convencional entre aqueles que nunca fumaram, contribuindo para a desaceleração da queda no nĂșmero de fumantes no Brasil". Todos os estudos foram unânimes em mostrar essa associação.

Alerta

"Para nós, isso é um tremendo alerta, pois o desastre que aconteceu nos Estados Unidos: um bando de meninos que nunca botaram cigarro na boca começando a usar porque é descolado, carrega com USB, tem sabor, ou seja, tem tudo para fazer o indivĂ­duo passar a ser dependente da nicotina. O Brasil conseguiu um feito fantĂĄstico que foi derrubar a incidĂȘncia de casos de câncer no paĂ­s, graças ao trabalho hercĂșleo para diminuir o nĂșmero de fumantes no paĂ­s", afirmou a médica.

Para a médica, tratar uma dependĂȘncia severa é difĂ­cil e o custo disso para o paĂ­s também é alto.

"O que esse conjunto de estudos revelou foi que os meninos que começaram a usar cigarros eletrônicos tiveram uma maior experimentação do cigarro comum em trĂȘs vezes e meia e mais de quatro vezes passaram a uso regular. Esse alerta é que o Inca estĂĄ fazendo, no sentido de não aumentar o nĂșmero de fumantes no Brasil", disse a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca.

Segundo a médica, o tabaco provoca câncer de pulmão de 16 tipos, que estão associados a infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e doença coronariana grave. "São muitas doenças para a gente se arriscar. A proposta deles é vender na praça", afirmou a epidemiologista, referindo-se à indĂșstria do tabaco.

Segundo Liz Almeida, existe uma pressão imensa hoje da indĂșstria do tabaco para liberação da comercialização do cigarro eletrônico, principalmente em ambientes fechados. O estudo do Inca mostra o risco da iniciação do fumo comum a partir do cigarro eletrônico.

CoronavĂ­rus

A médica epidemiologista lembrou que, devido à pandemia do novo coronavĂ­rus, em função do estresse do isolamento social, as pessoas passaram a fumar mais em casa e a beber mais, a não fazer atividade fĂ­sica, aumentando em muito os fatores de risco para doenças crônicas. Outro alerta do Inca é no sentido de as pessoas fazerem um esforço concentrado para pararem de fumar, porque estão fumando em casa e expondo a famĂ­lia aos riscos da fumaça.

De acordo com ela, existe tratamento na rede do Sistema Único de SaĂșde (SUS) e muita gente pode deixar de fumar seguindo dicas do Inca. O instituto fez oito mini vĂ­deos baseados na história de pessoas fumantes que estão em tratamento e que podem ser vistos na pĂĄgina do Inca na internet.

Para os não fumantes, o risco também é bem grande. Em criança, hĂĄ morte sĂșbita. Outra coisa são doenças respiratórias em crianças também, por conta do tabagismo dentro de casa. E, nos adultos, hĂĄ maior risco dos não fumantes desenvolverem câncer de pulmão, terem acidente vascular cerebral (AVC) e doença coronariana (infarto).

Campanha

Em celebração ao Dia Mundial sem Tabaco, a campanha do Inca tem como tema este ano "Comprometa-se a parar de fumar".

O câncer de pulmão tem como principais fatores de risco o tabagismo ativo e passivo. No Brasil, estimam-se 17.760 novos casos de câncer pulmonar em homens e 12.440 em mulheres, para este ano. Em comparação aos não fumantes, é estimado um risco 23 vezes maior de desenvolver câncer de pulmão para homens fumantes e 13 vezes mais em mulheres.

O Dia Mundial sem Tabaco foi criado em 1987 pela Organização Mundial da SaĂșde (OMS), com objetivo de abordar as doenças e mortes evitĂĄveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Inca é o Centro Colaborador da OMS para controle do tabaco e o órgão responsĂĄvel pela divulgação e comemoração da data.

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